01.02.2011 -
Estou participando de uma discussão, em um fórum chamado Rede Sepal, sobre Igreja primitiva. Os protestantes utilizam frases feitas para tentar convencer católicos a arriscar uma corajosa tentativa de morte, incentivando-os a pularem do seguro barco de São Pedro e se aventurarem no vasto oceano das falsas doutrinas. “Porque a Igreja é coisa de homens, o Magistério é doutrina de pessoas, não vem de Deus…” A cilada está armada. E quem aceita um tipo de argumento desses, está bem perto de se revoltar contra a Igreja fundada pelo próprio Cristo, unindo-se a Lutero, Calvino e outros tantos hereges pós-Reforma.
O que eles não conseguem refutar, porém, é o fato da Igreja Católica Apostólica Romana ser uma continuidade daquela primeira comunidade cristã primitiva. Alguns pensam que o “catolicismo romano” é um cristianismo corrompido e caberia ao protestantismo restaurar a verdadeira fé de Cristo. A verdade é outra. Jesus afirmou que contra aquela Igreja por ele fundada as portas do inferno não prevaleceriam jamais (cf. Mt 16, 18). Afirmar que a comunidade cristã “se corrompeu” ou “entregou-se à idolatria” não faz, biblicamente falando, sentido nenhum. Jesus disse que permaneceria com os apóstolos até o fim dos tempos (cf. Mt 28, 20). Esta promessa sugere uma fidelidade ininterrupta aos ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo, realidade que os protestantes insistem teimosamente em negar.
Como prova para defender a continuidade da pregação apostólica na Igreja Católica, apresentamos aos protestantes as preciosas cartas de Santo Inácio de Antioquia, mártir do século II. Diante da verdade, o oponente tem duas alternativas a seguir:
a) Aceitá-la e reconhecer que está errado;
b) Ignorá-la e persistir no erro no qual está imerso.
Os protestantes do debate do qual estou participando estão trilhando, pelo menos por enquanto, o segundo caminho. A aceitação da Verdade é um processo que exige humildade e é o Espírito Santo o responsável por convencer os homens. No entanto, o ser humano, dotado de vontade, pode rejeitar aquilo que lhe foi apresentado. Em suma, o poder de Deus só pode atuar no homem quando seu livre-arbítrio se orienta para ele.
Nesta postagem, desejo responder, utilizando as palavras de Santo Inácio, duas indagações especiais apresentadas no curso deste tópico.
“Igreja, meu caro, não é uma organização hierarquicamente formada, que se reúne em concílios, faz despachos, inventa liturgias, cria dogmas, faz remendos e elabora novos rituais extra-bíblicos.”
A Igreja é, sim, composta de hierarquia. “Na hora em que vos submeteis ao bispo como a Jesus Cristo, me dais a impressão de não viverdes segundo os homens, mas segundo Jesus Cristo, que morreu por nós para fugirdes à morte pela confiança na morte d’Ele. É mesmo necessário, como aliás é de vosso feitio, nada empreender sem o bispo, mas submeter-vos também ao presbitério como a apóstolos de Jesus Cristo nossa Esperança, no qual nos encontraremos se assim nos portarmos” [Epístola de Inácio aos tralianos, n. 2]. “Nem o presbítero, nem o diácono, nem o leigo deve fazer algo sem o bispo” [Epístola de Inácio aos magnésios, n. 7].
É inclusive por este motivo que diz-se que a Igreja é una. “Sejais submissos ao bispo e uns aos outros, como Cristo é com o Pai, para que haja unidade entre vós, de acordo com a vontade de Deus” [Epístola aos magnésios, n. 13]. E por que será que Santo Inácio enfatiza tanto a necessidade de obedecermos os bispos da Igreja? Ora, justamente porque eles são os sucessores dos Apóstolos. E foi o próprio Senhor quem declarou ao colégio apostólico que, “quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita” (Lc 10, 16). Quem rejeita a autoridade dos bispos católicos, autoridade firmada pelo próprio Cristo, chega a negar a base da fé nas Escrituras, porquanto foram os bispos cristãos que organizaram os livros que fariam parte do Cânon das Escrituras.
Então, que querem dizer os protestantes quando alegam “rejeitar obras de homens”? Eles simplesmente negam a assistência do Espírito Santo aos bispos católicos – referimo-nos aos bispos como “católicos”, pois é o próprio Inácio de Antioquia que denomina a Igreja primitiva de “católica” [cf. Epístola aos esmirnenses, n. 8] -, ignorando que rejeitá-la pode comprometer a própria veracidade das Escrituras sagradas. Isto significa que “sem Igreja não há Bíblia”. E é por isso que a sola scriptura não faz sentido.
“Meu filho, me cite em qual verso está escrito na Bíblia a palavra Eucaristia. Se o sr. está tentando dizer a Ceia do Senhor, todas as igrejas ceiam.”
Aqui é preciso prestar muita atenção à distinção entre o que os protestantes chamam de “Ceia” e o sacramento da Eucaristia. São duas coisas completamente diferentes.
De acordo com um artigo publicado no site protestante Estudos Bíblicos, na Ceia protestante, “o pão representa seu corpo” e “o cálice representa seu sangue”. Eles insistem em enfatizar o simbolismo: “Não encontramos transubstanciação nas Escrituras. Ao contrário, Jesus torna claro que os elementos meramente representam seu corpo e sangue”. Esta é a fé dos protestantes. É isso o que eles celebram.
Mas, as Escrituras – que os protestantes alegam defender tanto – dizem uma coisa muito diferente acerca do que aconteceu aquele dia na Última Ceia. É preciso entender, neste contexto, não só a noite da Quinta-Feira Santa, mas também o discurso de nosso Senhor Jesus Cristo sobre o Pão da vida, contido no capítulo 6 do Evangelho de São João. Em dado momento da discussão, o Cristo afirma:
“O meu corpo é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida.”
- Evangelho segundo o apóstolo João, 6, 55
Entendamos aqui a mentira contada por Jim Robson, autor do artigo acima referido. Ele diz que “Jesus torna claro que os elementos meramente representam seu corpo e sangue”. Mas nosso Senhor deixa claro justamente o contrário. A Eucaristia é verdadeiramente Seu corpo e Seu sangue. Não são meras representações, mero simbolismo, como querem muitos hereges.
Ora, ora, e o termo “Eucaristia”? Quem o usa é justamente Inácio, bispo católico do século II. “Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia, porquanto uma é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com Seu sangue; um o altar, assim como também um é o Bispo, junto com seu presbitério e diáconos, aliás meus colegas de serviço” [Epístola aos filadélfos, n. 4]. “A Eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nossos pecados e que o Pai, em Sua bondade, ressuscitou” [Epístola aos esmirnenses, n. 7].
Os primeiros cristãos também acreditavam na presença real de Jesus na Eucaristia. E utilizavam este termo para designar o sacramento instituído por Ele nas vésperas de Sua Paixão e Morte. São os protestantes que, trilhando o caminho dos falsos profetas, que sempre tentaram destruir a Igreja ao longo dos tempos, acabam por negar aquilo que está claro na Palavra de Deus.
Voltem para o templo do Altíssimo aqueles que de Sua Igreja se afastaram. Compreendam que, como já dizia Santo Atanásio de Alexandria, fora desta fé não pode haver salvação.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/