Artigo de Alberto Fioravanti : Os Padres Galäs e o Ministério


19.01.2011 - Jornal "O DIÁRIO" - Campos dos Goytacazes - RJ

Vendo propagandas de shows e depois de ler o que disse o insigne Doutor da Igreja, São Jerônimo: “Procurando na História quais os homens que têm difundido na Igreja o veneno das heresias, não encontrei outros senão os padres” me veio à mente o que escrevo nesta crônica.
As palavras de São Jerônimo são fortes e não sei o que ele diria hoje, mas fico escandalizado ao ver o numero de sacerdotes que se apresentam em programas de televisão, travestidos de leigos, usando maquiagem e roupa de luxuosas grife, ao lado de mulheres seminuas, onde parecem pactuar com apresentadores que dão a entender serem defensores do aborto, da eutanásia, da promiscuidade, inimigos das virtudes, amigos dos vícios e obstinados adversários da Fé. Isso me fez lembrar com tristeza o escândalo causado pelo ex-padre Alberto Cutié, que era pároco em Miami Beach, e que empolgava a muitos com seus programas na rádio e na televisão americana, ao ser fotografado deitado numa praia, abraçado a uma garota e com sua mão dentro da parte inferior de seu biquíni. Porque aconteceu isso? Seria por se sentir endeusado ou pelo permissivismo de seus superiores?

As palavras de São Jerônimo me deixam mais preocupado ainda e fico pensando porque seria que os superiores desses padres assistem tudo calados ou seria que nas tertúlias em busca de popularidade, eles até os apóiam? Não penso que esse seja o dever de um sacerdote, e para mim assumem papeis ridículos. Tudo que tenho visto me faz pensar que esses “padres-galãs” amam os aplausos e a efêmera permanência na mídia, e que pelo sucesso trocam até a fé pela fama e se tornam falsos profetas. E nesse viés, a Igreja reclama da falta de vocações!
Agindo assim, será que as ações desses padres não são iguais às dos NICOLAÍTAS? Etimologicamente NICOLAÍTA vem do grego e se compõe de duas palavras: “Nikao”: “Conquistar” e “Laos”: “Povo Comum”. Então, NICOLAÍTAS significa: “Aquele que conquista ou domina o povo comum ou leigo” – “Conquistadores de leigos”.
Na minha forma de ver as coisas, um Padre não deveria agir assim, e sem transigir com o erro, ele deveria atentar para que a evangelização esteja em conformidade com a orientação do Magistério da Igreja. Até que momento os “padres cantores” são padres e quando começam a ser artistas? Será que o povo tem livre acesso a esses sacerdotes, artistas-galãs? E, se alguém os procura, será que recebem orientações ou apenas posam com eles para fotos e recebem autógrafos nos CDs, DVDs, livros e pôsteres? Será que para evangelizar, um Padre deve ir para um palco, cantar e cobrar cachê?

Ao observar a agenda de compromissos com shows de um desses padres- galãs me pergunto se o cotidiano deles é o mesmo dos demais padres “comuns” das Dioceses? E o que seria que eles pensam da veneração aos Ícones Sagrados, da Missa e das Tradições da Igreja? Será que a Igreja precisa de “padres galãs”, com suas mensagens pobres de ortodoxia e abundantes em imprudência, com as fãs pulando na platéia e tentando agarrá-los em seus shows?
Daí me faço a pergunta: será que o Patrono dos Párocos, São João Maria Batista Vianney – o inspirado Santo Cura d’Ars, tinha contrato com alguma gravadora, e qual seria o preço para alguém estar em sua presença e escutar às suas pregações? Não cobrava nada! E não era para assistir a um show que milhares de pessoas o visitavam todos os anos. Quando queriam encontrá-lo dirigiam-se à Igreja, participavam de suas Missas, escutavam suas homilias e tinham acesso direto a ele no confessionário, sem ter que pagar um centavo, e não numa platéia ou num palco de “missas show”.
Será que os tempos de hoje são outros? Penso que não, e felizmente ainda existem muitos padres comprometidos e coerentes com a Sagrada Escritura, com a Doutrina e o Magistério da Igreja, e que sem serem cantores ou galãs, dão shows de eloqüência e atuam em consonância com os evangelhos.

Por Alberto Fioravanti: Dr. em Planejamento Econômico e Social, e Acadêmico da Academia Campista de Letras

Enviado por Marisa Bueloni, mora em Piracicaba, é formada em Pedagogia e Orientação Educacional – [email protected]

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