Artigo de Alex Borges: A vocação de Santa Faustina e as vocações


05.10.2010 - Hoje, dia 5 de outubro, a Igreja celebra a memória litúrgica de Santa Faustina Kowalska, freira polonesa que recebeu as mensagens de Jesus misericordioso e se tornou a “Apóstola da Divina Misericórdia”.

Portanto, por ocasião da memória de Santa Faustina cito o seu próprio relato vocacional que está no seu Diário. Mas antes gostaria de fazer algumas breves considerações sobre as vocações, especialmente religiosas e sacerdotais.
A vocação à vida religiosa e ao sacerdócio são vocações sublimes, que ninguém é capaz de seguir e viver com suas próprias forças ou aptidões. É necessário que a pessoa seja chamada de fato por Deus e que de Deus receba e aceite as graças necessárias para viver o estado de vida religiosa ou sacerdotal.
Veremos no relato de Santa Faustina quantas dificuldades ela teve de enfrentar e vencer para abraçar a vocação que Deus lhe fazia, vocação à vida religiosa.

Hoje em dia as dificuldades aumentam ainda mais. As pessoas chamadas à vida religiosa ou sacerdotal são abafadas como a semente que caiu entre os espinhos pela ilusão dos prazeres, da riqueza, do poder; além de encontrarem muitas vezes religiosos sem identidade religiosa, ou seja, que não vivem coerentemente com os votos de pobreza, castidade e obediência, o que é um balde de água fria nos vocacionados.
Por isso, precisamos muito rezar pelas vocações e incentivar os religiosos e padres a viverem bem a sua vocação.

Que Santa Faustina possa interceder por todos nós!

Alex Borges  -   www.rainhamaria.com.br

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Entrada no Convento

Santa Faustina Kowalska

O definitivo chamado de Deus, a graça da vocação para a vida religiosa, eu senti desde os sete anos de vida. Com essa idade, ouvi pela primeira vez a voz de Deus na alma, ou seja, o convite para uma vida mais perfeita, mas nem sempre fui obediente à voz da Graça. Não encontrei ninguém que me pudesse explicar essas coisas.
Aos dezoito anos, fiz um insistente pedido aos meus pais para que me deixassem entrar no convento; a recusa foi decisiva. Depois dessa recusa, voltei-me às vaidades da vida, passei a viver uma vida de vaidades, não prestando nenhuma atenção à voz da Graça, embora minha alma não encontrasse satisfação em nada disso. O contínuo chamado da Graça era para mim um grande sofrimento que eu procurava abafar com diversões. Evitava interiormente a Deus, voltando-me com toda a alma para as criaturas. Contudo a graça do Senhor venceu em minha alma.

Numa ocasião, eu estava com uma de minhas irmãs num baile. Quando todos se divertiam a valer, a minha alma senti [tormentos] interiores. No momento em que comecei a dançar, de repente, vi Jesus a meu lado; Jesus sofredor, despojado de suas vestes, todo coberto de chagas e que me disse estas palavras: Até quando hei de ter paciência contigo e até quando tu Me desiludirás? Neste momento, parou a música encantadora, não vi mais as pessoas que comigo estavam, somente Jesus e eu ali permanecíamos. Sentei-me ao lado de minha irmã, disfarçando com uma dor de cabeça aquilo que se passava comigo. Em seguida, deixei discretamente os que me acompanhavam e fui à catedral de Santo Estanislau Kotska. Já começava a entardecer, havia poucas pessoas na catedral. Sem prestar atenção a nada do que ocorria à minha volta, caí de bruços diante do Santíssimo Sacramento e pedi ao Senhor que me desse a conhecer o que devia fazer a seguir.
Então ouvi estas palavras: Vai imediatamente a Varsóvia, e lá entrarás num convento. Terminada a oração, levantei-me, fui para casa e arrumei as coisas indispensáveis. Como pude, relatei à minha irmã o que acontecera na minha alma; pedi que se despedisse por mim dos meus pais e assim, só com a roupa que tinha no corpo, sem mais nada vim para Varsóvia.
Quando desci do trem e vi que cada um seguia o seu destino, fiquei com medo e sem saber o que fazer. Para onde dirigir-me, não tendo ali ninguém conhecido? Implorei à Nossa Senhora: “Maria! Conduzi-me, guiai-me.” Imediatamente ouvi dentro de mim uma voz que me dizia que saísse da cidade e fosse a determinada aldeia, onde poderia passar à noite com segurança. Foi o que fiz e encontrei tudo como Nossa Senhora me havia dito.
No dia seguinte, bem cedinho, vim à cidade e entrei na primeira igreja que encontrei e comecei a rezar para saber o que mais era da vontade de Deus. As Santas Missas se sucediam. Durante uma delas, ouvi estas palavras: Vai falar com esse padre e ele te dirá o que deves fazer em seguida. Terminada a Santa Missa, fui à sacristia e contei tudo o que se tinha passado na minha alma e pedi conselho para saber em que convento ingressar.

No primeiro momento, o Padre ficou muito surpreendido, mas depois recomendou-me que tivesse muita confiança, pois Deus me guiaria. “Por enquanto”, [disse ele] “vou enviar-te a uma piedosa senhora com a qual ficarás enquanto não ingressares no convento”. Quando fui ter com essa senhora, ela me recebeu com muita afabilidade. Durante esse tempo, eu procurava um convento, mas a cada porta que batia era recusada. A dor apertou-me o coração e roguei então a Jesus: “Ajudai-me, não me deixeis sozinha”. Até que finalmente, bati à porta do nosso Convento.
Quando [veio] ter comigo a Madre Superiora, a atual Madre Geral Michaela, depois de uma breve conversa, disse-me que fosse ver o “Senhor da casa” e perguntasse se Ele me aceitaria. Compreendi logo que devia perguntar a Nosso Senhor. Fui à capela com grande alegria e perguntei a Jesus: “Senhor desta casa, Vós me aceitais? – Foi uma das Irmãs que me mandou perguntar assim”.
E logo ouvi uma voz que me dizia: Eu te aceito, tu estás no Meu Coração. Quando voltei da capela a Madre Superiora logo me perguntou: “E então, o Senhor te aceito?” – Respondi que sim. – “Se o Senhor te aceitou, eu também te aceitarei.”
Esta foi a minha admissão. Contudo, por diversos motivos, tive que ficar ainda por mais de uma não com aquela senhora piedosa, mas já não voltei para casa.”

Santa Faustina Kowalska, Diário, n. 7-15.
 


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