Artigo de Everth Queiroz Oliveira: A linguagem da Cruz é uma força divina


Adicionado ao  www.rainhamaria.com.br  em 18.09.2010 -

Essa semana a Igreja celebrou a festa da Exaltação da Santa Cruz e o dia de Nossa Senhora das Dores, nos dias 14 e 15 de setembro, respectivamente. São datas muito importantes e seria um tremendo erro de minha parte deixá-las passar assim, sem que se faça nenhum comentário oportuno acerca de ambas.

Na verdade, as duas festas estão de tal modo interligadas que não ousaríamos separá-las. Então, partamos ao mistério da nossa Redenção, mistério que, sendo manifestação magnífica do amor de Deus para conosco, nos dá de volta a vida, a graça que em Adão perdemos.

Seria necessário dizer primeiramente que o mundo tem horror à Cruz. Aliás, qualquer pessoa que vivesse no Império Romano nos tempos do Cristo teria horror àquele instrumento de tortura e de morte. Pela cruz passavam os rebeldes, os transgressores, os maus. Jesus Cristo vem inverter toda essa lógica. É pela cruz, esse instrumento considerado sinal de maldição, que Deus salva o seu povo. Passa por essa morte humilhante o Cordeiro sem mancha alguma, o próprio filho de Deus. Assim, foi condenado aquele que culpa nenhuma possuía; foi crucificado aquele que mancha nenhuma carregava. Por nossos pecados e por nossas transgressões, foi crucificado e reconciliou Deus e o mundo. A cruz, que até então causava terror, agora é motivo de salvação.

Escandalize-se o mundo. “A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina” (1 Cor 1, 18). A Cruz é uma força divina. Muitos protestantes têm recusado, nos tempos presentes, o símbolo da cruz, alegando que seria até mesmo pecado possuir tanto afeto por tal instrumento. Ora, ora, como desprezar o lenho pelo qual fomos salvos? “Não cessarei de venerar a matéria através da qual chegou a minha salvação”, diz São João Damasceno. “Não é por acaso matéria o madeiro da cruz três vezes santa?” Sim, a Cruz deve ser objeto de nossa adoração. Nela é derramado o Sangue Preciosíssimo do Redentor, Sangue que é derramado pela nossa salvação. Nela todos os sofrimentos dos homens se encontram, enquanto estes esperam, confiando na vitória da Ressurreição, a implacável Justiça do Altíssimo. Nela se encontra o alívio das almas dos fiéis que padecem no Purgatório, nela se encontra a gratidão de todos os que hoje conhecem a Verdade e dão testemunho d’Ela.

E o que a Virgem Maria tem a nos oferecer na celebração da festa da exaltação da santa Cruz? Os santos da Igreja não temem em dizer que a Santíssima Mãe de Deus foi a primeira pessoa a exaltar o lenho da Cruz. Após assistir o Santo Sacrifício da Cruz, vendo seu diletíssimo Filho padecer injustamente, esta santa mulher voltou ao instrumento que tanto lhe causara dor e o bendisse, por ser sinal de salvação para todos os homens manchados pela culpa original.

Uma espada transpassará a tua alma, disse Simeão a Maria (cf. Lc 2, 35). No Calvário a profecia se cumpria. Narra S. João que “um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água” (Jo 19, 34). Ali, uma lança abria o lado de Jesus; ali, uma espada transpassava a alma de Nossa Senhora. Muitas outras dores padeceu ainda essa boa Mãe. Por isso recebe o título de Nossa Senhora das Dores. Na fuga da Sagrada Família para o Egito, na perda e encontro do menino Jesus no Templo, na noite da agonia de Nosso Senhor… Por isso entregamos a essa piedosa mulher os nossos sofrimentos, as nossas angústias, ela, que é aclamada pela Ladainha como Consoladora dos Aflitos.

O que o Calvário tem a nos ensinar hoje? A Cruz sempre nos oferece uma lição, um conselho, um caminho. O seu significado perene é justamente a salvação. Nos últimos tempos, no entanto, podemos pensar, p. ex., na falta de devoção e piedade com que o povo assiste ao Santo Sacrifício da Missa. Como devemos assistir à Santa Missa? Assim como S. João e Maria Santíssima, aos pés da Cruz. Os dois, diante de Jesus Crucificado, não levantavam os braços como se estivessem em um show; não batiam palmas como se estivessem em um programa de auditório. Os dois contemplavam, compenetrados e em silêncio, a morte do Filho de Deus.

Durante a celebração eucarística, estejamos, a exemplo de Maria, comprometidos com a contemplação de Cristo Crucificado. A Cruz é uma força divina, diz São Paulo. Nós, que sofremos hoje neste vale de lágrimas, confiemo-nos à proteção da Virgem das Dores, para que sejamos aliviados pelo instrumento que ela tão amorosamente exaltou.

Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/


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