Adicionado ao www.rainhamaria.com.br em 17.09.2010
É com roupas personalizadas que os britânicos laicistas vão às ruas para protestar contra a visita do Santo Padre ao Reino Unido. No modelo ao lado, a camiseta contem a inscrição Pope Nope, que, de uma maneira bem clara e direta, mostra o objetivo da campanha dos ingleses e escoceses: dizer não ao Papa.
No site oficial da campanha – Protest the Pope – é possível ler: “O Papa se opõe à igualdade universal e aos direitos humanos”. Bem contraditório com aquilo que a Igreja tem de fato anunciado nos últimos decênios. Foi essa Igreja que tantos atacam a mesma Igreja que lutou contra as impiedades do socialismo no século passado e hoje luta pela preservação da dignidade humana e da ordem da instituição familiar em meio ao mundo. No entanto, os adversários da Igreja formularam inclusive crimes pelos quais o Papa Bento XVI deveria ser acusado de promover. Esse crime seria, entre outras coisas, a oposição à distribuição de camisinhas, à prática do aborto em qualquer situação e ao estabelecimento de “direitos iguais” aos homossexuais. O conceito de direitos humanos que o mundo possui é realmente muito estranho. Mais estranho, porém, é observar que, em uma cultura fortemente marcada pelo relativismo moral, noções como casamento gay, defesa dos “direitos reprodutivos femininos” e perversão sexual tenham se fixado de maneira tão consistente na mentalidade do homem moderno.
Deixando um pouco de lado os protestos e as críticas contra Bento XVI, foquemo-nos nas suas palavras em seu primeiro dia em visita ao Reino Unido.
“Eu diria que uma Igreja que procura, acima de tudo, ser atrativa estaria a percorrer um caminho errado. Porque a Igreja não se busca a si própria, não trabalha para aumentar os próprios números, ou o próprio poder. A Igreja está ao serviço do Outro, serve, não para si própria, para ser um corpo forte, mas para tornar acessível o anúncio de Jesus Cristo, as grandes verdades, as grandes forças do amor, da reconciliação que se tornaram visíveis nesta figura e que dimanam da presença de Jesus Cristo.”
“Neste sentido, a Igreja não procura a própria atratividade, mas deve transparecer Jesus Cristo. E, na medida em que não existe para si própria, como corpo forte e poderoso no mundo, mas faz-se simplesmente voz de um Outro, torna-se realmente transparência pela qual passa a grande figura de Cristo e as grandes verdades que Ele trouxe à humanidade: a força do amor.”
“A Igreja não devia pensar em si mesma, mas levar a ver o Outro, e ela própria ver e falar de Deus.”
- Declarações feitas no avião entre Roma e Edimburgo
16 de setembro de 2010
O Papa é mais uma vez bem claro. A Igreja não faz proselitismo. Ela não deseja fieis a qualquer custo. Ela “não procura a própria atratividade, mas deve transparecer Jesus Cristo”. É esse o motivo pelo qual ela é tão odiada e perseguida. Porque não busca satisfazer os desejos efêmeros do homem, mas quer levar a verdadeira felicidade a ele, felicidade essa que só pode ser plenamente alcançada no respeito às leis imutáveis do Altíssimo. “A Igreja está ao serviço do Outro”. Subordinada a esse Outro, que é Jesus Cristo, então ela pode servir ao homem de modo autêntico, oferecendo-lhe a cura para suas misérias espirituais e o Caminho para ter a vida em abundância.
“Mesmo em nossa época, podemos recordar como a Grã-Bretanha e seus líderes permaneceram contra uma tirania Nazista que desejava erradicar Deus da sociedade e negar nossa humanidade comum a muitos, especialmente judeus, considerados indignos de viver. Também relembro a atitude do regime para com pastores e religiosos cristãos que falavam a verdade no amor, opondo-se aos nazistas e pagando esta oposição com suas vidas. Enquanto refletimos sobre as graves lições do extremismo ateu do século vinte, nunca nos esqueçamos de como a exclusão de Deus, da religião e da virtude na vida pública leva, no fim das contas, a uma visão truncada do homem e da sociedade e, portanto, a uma ‘visão redutiva da pessoa e de seu destino’ (Caritas in Veritate, 29).”
(…)
“Hoje, o Reino Unido se esforça em ser uma sociedade moderna e multicultural. Nesta empresa desafiadora, possa ele sempre manter seu respeito por aqueles valores tradicionais e expressões culturais que as formas mais agressivas do secularismo não mais valorizam ou mesmo toleram. Que não permita obscurecer os fundamentos Cristãos que sustentam suas liberdades; e possa aquele patrimônio, que sempre serviu bem a nação, constantemente instruir o exemplo que seu governo e povo estabelecem perante dois bilhões de membros da Commonwealth [ndt: Comunidade Britânica de Nações] e a grande família de nações de língua inglesa por todo o mundo.”
- Audiência com a Rainha Elizabeth II na Escócia
16 de setembro de 2010
As coisas no Reino Unido andam bem confusas. Como já foi comentado, os inimigos do Papa, para atacá-lo, afirmam que está indo contra os direitos humanos e desprezando a “igualdade universal”. Acontece que a história nos mostra exatamente o contrário. E a situação atual na qual vive a humanidade também deixa clara a inconsistência das acusações dos anticlericais. O século XX foi marcado por brutais injustiças. As conseqüências do comunismo para os homens foram funestas: pilhas e mais pilhas de cadáveres. Para compreender o porquê de tanta crueldade e desumanidade, precisamos olhar para as raízes do pensamento socialista, que estão fundamentadas no ateísmo, na “exclusão de Deus, da religião e da virtude na vida pública”. A Igreja por diversas vezes protestou contra o socialismo no mundo inteiro e também contra o nazismo na Alemanha, deixando clara a sua posição a favor da dignidade da vida humana. Hoje, faz o mesmo, lutando contra leis que desprezam o direito inalienável à vida, como a lei que descriminaliza o aborto, e combatendo as leis que visam destruir a família cristã, como a que reconhece a união homossexual ou aquela que facilita os meios de se conseguir o divórcio. Essa luta não é reconhecida pelo mundo porque o homem moderno se deixou contaminar pelo secularismo anticristão, que vem deixando de lado as bases morais do Cristianismo, bases essas que são o alicerce da Civilização Ocidental.
“A evangelização da cultura é de particular importância em nosso tempo, quando a ditadura do relativismo ameaça obscurecer a verdade imutável sobre a natureza do homem, sobre seu destino e seu fim último. Hoje em dia, alguns buscam excluir da esfera pública as crenças religiosas, relegá-las ao privado, objetando que são uma ameaça para a igualdade e a liberdade. No entanto, a religião é, na realidade, garantia de autêntica liberdade e respeito, que nos leva a ver cada pessoa como um irmão ou irmã. Por esse motivo, convido em particular a vós, fiéis leigos, em virtude de vossa vocação e missão batismal, a serem não somente exemplos de fé em público, mas também a lançar as bases no âmbito público dos argumentos promovidos pela sabedoria e a visão da fé. A sociedade atual necessita de vozes claras que proponham nosso direito de viver, não em uma selva de liberdades autodestrutivas e arbitrárias, mas em uma sociedade que trabalhe pelo verdadeiro bem-estar de seus cidadãos e ofereça-lhes orientação e proteção em sua fraqueza e fragilidade. Não tenhais medo de oferecer esse serviço a vossos irmãos e irmãs, e ao futuro de vossa amada nação.”
- Homilia em Glasgow
16 de setembro de 2010
Que Deus abençoe e fortifique o Santo Padre, para que continue defendendo com coragem a fé católica e condenando abertamente as obras das trevas, obras que, sendo frutos gerados “[n]uma selva de liberdade autodestrutivas e arbitrárias”, destroem o homem e degradam a dignidade da vida.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/