Como Deus falou-me ao coração: testemunho dos bispos do Reino Unido


07.09.2010 - LONDRES – Diversos bispos do Reino Unido refletiram sobre como Deus lhes falou ao coração, em uma série de vídeos realizados por ocasião da visita do Papa, que acontece de 16 a 19 de setembro, com o tema “O coração fala ao coração”.

Alguns prelados explicam circunstâncias difíceis de sua vida, em que encontraram um grande consolo através da oração, destaca L'Osservatore Romano na edição de terça-feira passada.

Em um dos vídeos, o bispo auxiliar da arquidiocese de Westminster, Dom John Arnold, confessa que Deus lhe deu um forte sentido de aceitação e de paz no dia da morte de sua mãe.

“Precisamente no momento de seu falecimento, percebi a presença amorosa de Deus – recorda –. Esta experiência me marcou profundamente e me fez compreender que nossa vida está sempre nas mãos do Criador.”

Outro bispo, o de Wrexham, Dom Edwin Regan, explica que em sua juventude começou a experimentar sérias dúvidas sobre a existência de Deus.

“Um dia – explica –, durante o passeio diário de bicicleta antes do amanhecer para a entrega de porta em porta do jornal, detive-me no meio da rua para contemplar o céu ainda estrelado.”

“Vi os globos de luz intermitente e brilhante e pensei de uma maneira espontânea que alguém tinha de os ter criado.”

A partir dessa reflexão juvenil, Dom Regan, chegado à idade madura, decidiu dedicar sua vida a servir e a pregar “o coração de todas as coisas”.

“Nas entrevistas gravadas, alguns bispos explicam acontecimentos de sua vida que desafiaram sua fé em Deus e nos ensinamentos de Cristo ou os levaram a aprofundá-los”, explica o jornal vaticano.

O arcebispo de Liverpool, Dom Patrick Kelly, fala de sua à peregrinação, durante a qual, por uma série de circunstâncias, encontrou-se completamente sozinho no local da crucifixão de Jesus, no Monte Calvário.

“Sozinho naquele lugar, e em nenhum outro lugar do mundo, percebi, precisamente no dia de Sexta-Feira Santa, como Deus, por meio de seu Filho Jesus, reconciliou o mundo consigo mesmo”, assegura.

O mesmo arcebispo destaca que a visita do Papa ao Reino Unido será uma oportunidade para aprofundar a reflexão sobre o significado da fé cristã que tem sua origem em “um encontro com um evento, com uma pessoa: Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo”.

Por sua parte, o arcebispo de Arundel e Brighton, Dom Kieran Thomas Conry, narra suas sensações durante a celebração de uma Missa em Roma, no coração de uma catacumba paleocristã que tinha acolhido os corpos de muitos fiéis de Jesus no primeiro período da pregação evangélica.

O prelado recorda que durante aquela celebração subterrânea, seu rosto e o de numerosos presentes encheram-se de lágrimas.

“Estendeu-se um profundo sentido de dor entre os presentes na capela da catacumba, um grande sentimento de pêsames por todos os cristãos falecidos antes de nós, frequentemente vítimas inocentes dos que odiavam sua fé em Jesus Cristo”, recorda.

O bispo destaca que esta experiência na antiga Roma cristã marcou profundamente sua missão sacerdotal e o convenceu da importância de transmitir a autêntica fé em Deus e em seu Filho Jesus Cristo de geração em geração.

“Estou totalmente convencido de que a mensagem de fé transmitida aos fiéis nos tempos mais remotos é ainda a mesma que a Igreja prega em nossos dias –afirma –. Esta é uma mensagem que se deve conservar intacta sempre.”

Idioma do coração

Estes vídeos estão em sintonia com o tema da viagem apostólica de Bento XVI ao Reino Unido, já que, segundo o arcebispo de Westminster, Dom Vincent Nichols, “a língua do coração é também a língua das imagens, dos momentos, mais que dos argumentos”.

Segundo o presidente da Conferência Episcopal da Inglaterra e Gales, “esta visita estará cheia de momentos marcantes, de momentos simbólicos que falarão diretamente ao coração”.

“O Santo Padre tem a capacidade de falar de maneira muito pessoal e atrativa – declarou na terça-feira passada aos microfones de Rádio Vaticano –. O Papa tem a capacidade de falar a partir de seu coração com imagens e frases muito nobres”.

O arcebispo de Westiminster assegura que “a presença do Papa aqui na Inglaterra será um momento muito importante para a vida da fé”.

“Isso é porque Bento XVI é um protagonista elegante, cheio de respeito por todos – acrescenta –. Creio que o público inglês, escocês e galês receberá o Santo Padre com um afeto que crescerá certamente durante a visita.”

A respeito da beatificação do cardeal John Henry Newman, Dom Nichols destaca que “para nós é um momento histórico porque é a primeira vez em 500 anos que aqui será beatificada uma pessoa não mártir”.

“Newman é uma figura importante da cultura inglesa e sua ‘viagem’ da Igreja anglicana para a Igreja romana representou algo admirável para seu tempo”, disse.

“Newman tinha a capacidade de explicar esta viagem de fé – acrescentou –. É verdadeiramente uma figura da literatura, uma figura para se ensinar”.

Por outro lado, em um período em que as relações entra as Igrejas católica e anglicana “estão em um momento delicado”, nas palavras do arcebispo de Westminster, o ex-primaz anglicano Lord George Carey destacou em uma mensagem a função positiva da Igreja católica na sociedade britânica e desejou que “o Papa Bento seja bem-vindo à Grã-Bretanha”.

Fonte: www.zenit.org


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