Artigo de Ian Farias: Renunciar para ganhar


05.09.2010 - “Renunciar”! Por vezes esta palavra soa como algo forte e difícil, mesmo se se tratando em âmbito evangélico. No entanto, realmente tal medida não é algo simplório, mas exige uma grande dedicação, digamos de forma demasiada. É necessário que nos doemos totalmente a Cristo e que nada reservemos a nós.  E isto a primeira leitura narra de forma clara e ao mesmo tempo em sentido implícito para que compreendamos o sentido de uma renúncia. “Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Ou quem pode imaginar o desígnio do Senhor?” (Sb 9, 13). Deveras nenhum homem pode sondar a Deus. E quem poderá? São Paulo no-lo responderá que somente o Espírito “sonda tudo, mesmo as profundezas de Deus” (I Cor 2, 10). Somente o Espírito pode conhecer os insondáveis desígnios do Senhor. E quanto a nós? Perguntar-vos-ei. O mesmo livro da Sabedoria responde: “Acaso alguém teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses Sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo espírito?” (Sb 9, 17). É preciso termos em nós o Espírito. E este só poderá estar conosco se assim o quisermos, manifestando sua presença, sobretudo, pelas nossas atitudes. E, se aceitarmos, demonstraremos estar de acordo com o Evangelho, que não é um conjunto de ideologias, mas um modo de pelo qual alcançaremos a salvação.

Na segunda leitura o apóstolo Paulo já estava com certa idade quando a escreveu, e estava na prisão. Na verdade não é uma carta para instruir uma comunidade, como habitualmente vemos, senão um bilhete dirigido a Filemon, sobre o seu escravo Onésimo, ao qual Paulo havia criado grande estima.

No Evangelho Lucas nos diz que Jesus era seguido por uma grande multidão. Mas, eis que estava indo para Jerusalém, e aqui gostaria de acrescentar que o fato de Jesus estar indo para lá significa que também caminhava ao encontro da cruz e da glória. Em Jerusalém ele abraçou a cruz e por nós fez a maior doação e o maior de todos os sacrifícios. Em determinado momento Jesus para, volta-se para eles, e afirma: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 26-27).

Estas palavras de Jesus chamam-nos a atenção para a nossa caminhada cristã, que deve sempre mais estar radicada nos ensinamentos. Mas, se por um lado somos chamados a renúncia, por outro somos chamados a ganharmos algo muito maio. Quem renúncia tudo para seguir a Jesus nada perde, mas ganha muito mais do que lhe fora concedido. Jesus não obriga ninguém a segui-lo; mas aos que quiserem Ele impõe uma condição: “tome sua cruz e me siga”.

Fico a imaginar quantas pessoas não deixaram Jesus naquele momento, ficando apenas um número reduzido e os apóstolos (que mais tarde, no suplício da cruz, o abandonariam, ficando apenas João). A condição de seguimento é, de certa forma, dolorida, no entanto é salvífica. Não pode seguir Jesus quem apenas almeja pelas bem-aventuranças, pelas glórias, no entanto não quer passar pela experiência do sofrimento. Como disse outras vezes: o único caminho para se chegar a glória é plo sofrimento.

Mas notemos que Jesus diz: “quem não carrega a sua cruz e vem atrás de mim”. Ora, por que atrás e não do lado? Porque o discípulo está atrás do Mestre. Ele deve submeter-se aos ensinamentos daquele que lhe guia. Não está ao lado para ensinar com, e nem na frente, pois não sabe mais, mas está atrás para aprender com. E só depois que aprende poderá também ele ensinar. Mas nada ensinará senão aquilo que aprendeu do Mestre.

Nossa sociedade está esquecendo-se de Deus. Vive-se hoje como se Deus não existisse. E neste Evangelho Jesus vem nos lembrar: “Deus é insubstituível. Só Ele é fonte de toda a vida e felicidade humana”. Nem mesmo a família, os filhos, a esposa, o esposo, devem estar em primeiro lugar, senão Deus, e somente Ele. A família deve ser valorizada em sua posição [exercendo um papel fundamental na Igreja e na sociedade] ela é um presente concedido a nós, mas o doador deste presente é Deus. Por isso o sacerdote a tudo renuncia para amar livremente a Deus, e mostrar-nos que Ele é tão necessário quanto os prazeres, e as futilidades deste mundo. Pois o que está neste mundo tem um fim, mas Deus é eterno.

Peçamos que a Virgem Maria nos ajude a tornarmo-nos fiéis discípulos do Seu Filho.

Ut in omnibus glorificetur Deus!

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/


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