Artigo de Everth Queiroz Oliveira: Comentários em um testemunho de apostasia


14.08.2010 - A volta do diácono Francisco Araújo à igreja batista regular é realmente um fato lamentável, que todos nós, católicos, deploramos, por amor à verdade da Palavra de Deus e à devoção à Santíssima Mãe de Deus, Maria Santíssima. Fiz recentemente um post mencionando o seu testemunho de apostasia, mas penso ser oportuno falar mais sobre o assunto, já que o seu relato de conversão à fé católica pela fé na presença real de Jesus na Eucaristia causou, na época em que foi emitido, uma grande comoção no povo católico brasileiro.

Diácono Francisco Araújo

Francisco, que deixou de exercer as funções do diaconato em 2000, narra seu processo de conversão ao catolicismo como “um grande pecado”. E afirma que está dando novo testemunho na igreja batista “por graça de Deus”. O pastor batista, ao apresentar Francisco, afirmou que, durante o tempo em que permaneceu na Igreja Católica, havia se desviado do Evangelho da Graça.

Esse discurso protestante “Bíblia sim, Igreja não”, ao qual o sr. Francisco se filiou, não faz sentido nenhum. Será que não explicaram a ele que a infalível Sagrada Escritura é resultado da ação do Espírito Santo na Igreja Católica Apostólica Romana? Francisco diz crer na Bíblia; mas crê neste livro justamente porque uma Igreja, há mais de mil e quinhentos anos atrás, reuniu os seus bispos e definiu os livros que eram inspirados pelo Espírito Santo. Crer na Bíblia exige primeiramente a fé na Igreja. Sem Igreja, não há Bíblia. Sem bispos, não há Sagrada Escritura.

Também em outro momento do testemunho, Francisco “adverte” os católicos: “O homem erra, mas a Palavra de Deus é eterna, e é verdadeira.” Para dizer que a Sagrada Escritura não erra, é preciso que primeiro ele confesse que os bispos da Igreja Católica, reunidos em comunhão com o Papa, não podem errar. Os protestantes vivem com a fé na Bíblia ameaçada, mas, preferem permanecer na incoerência.

“Eu cheguei a ser convidado para dizer, dentro da Igreja Católica, que eu tinha revelações… via a Virgem Maria”, contou Francisco. E aqui entra a história de Nossa Senhora “do marrom glacê”. Sua filha ganhou uma lata de doce marrom glacê e isso deveria ser atribuído à intercessão de Maria. No decorrer do vídeo, Francisco afirma ter mentido. Pôs o nome de Maria Santíssima no meio de uma mentira. Aqui fica um ensinamento para todos os católicos: que não acreditemos em qualquer história ou visão que alguém tenha recebido sem antes consultar o juízo da Igreja ou a integridade das informações e a discrição das pessoas envolvidas no assunto. Prudência! Muita prudência! O próprio Senhor nos alertava quanto aos lobos em pele de cordeiro que desviariam a fé e a piedade do povo de Deus.

Um pouco mais adiante, Francisco diz que a fé popular sobrevive graças à existência de visões aqui e acolá, como se fôssemos desesperados atrás de milagres e aparições. Com efeito, a nossa fé brota da confiança nas palavras de Cristo e nos ensinamentos da Igreja. Aparições são dignas de fé na medida em que já recebemos a palavra de Cristo viva no meio de nós.

O exemplo da aparição de Nossa Senhora em Lourdes é oportuno para uma reflexão. Em 1854, Pio IX proclamou o dogma da Imaculada Conceição. Em Lourdes, Maria Santíssima se manifestou a Santa Bernadete dizendo: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Por que cremos que Maria foi concebida sem mácula? Por causa da aparição? Não. A aparição é uma confirmação daquilo que recebemos da Igreja. Então, cremos na Imaculada Conceição porque o Papa, se pronunciando ex cathedra e, portanto, não podendo errar, proclamou essa verdade na qual todos nós devemos crer.

A estória do marrom glacê é uma farsa. Mas, mesmo se fosse verdade, nós não creríamos na intercessão de Nossa Senhora por causa desse milagre. Quando lemos a estória, temos a leve impressão de que Francisco só passou a acreditar na intercessão de Maria por causa desse suposto milagre. E não é isso o que a Igreja nos ensina! Cremos na mediação de Maria porque é uma doutrina constantemente repetida pelos Santos Padres, porque é uma verdade de fé proclamada pela Igreja, verdade que encontra bases sólidas na Sagrada Escritura.

Ao falar de Eucaristia, realça a sua fé na doutrina herética de Lutero. Chega a dizer que “Lutero fez uma grande obra” e que “está no Céu”. Negou que teria feito um “grande” estudo das Escrituras, admitindo que mentiu de novo.

Em dado momento, Francisco afirma que disse a um bispo que não acreditava nem no purgatório, nem na comunhão dos santos, nem nos dogmas marianos. Segundo ele, o bispo ainda lhe teria dito que “o purgatório não é dogma de fé”. Aqui, cabe perguntarmos: [1] será que é verdade que o bispo disse isso a ele? [2] Se foi verdade, o que levou um bispo católico a afirmar algo do tipo? O purgatório é sim um dogma de fé da Igreja – é doutrina da Igreja reafirmada pelo Concílio de Trento, no século XVI – e quem não aceita essa realidade e se obstina em não acreditar nela não pode ser chamado católico, mas herege. Será que ele tinha essa verdade bem solidificada em seu pensamento?

Criticou também os títulos que Maria, Mãe de Deus, tem recebido no decorrer dos séculos. A resposta à sua crítica pode ser encontrada, contudo, nos seus próprios escritos: “Ela [Maria] é Rainha por ser a Mãe do Rei dos Reis, Nosso Senhor Jesus Cristo. Como Rainha, é natural que tenha tantos títulos, sendo, no entanto, ela a única e mesma pessoa” (via Últimas Misericórdias).

No final do testemunho, Francisco faz uma breve referência ao Concílio Ecumênico Vaticano II e ao ecumenismo. Ele critica este, dizendo que não encontra apoio na Palavra de Deus. Na verdade, Francisco confundiu o ecumenismo pregado pela Igreja com o irenismo, que é expressamente condenado pelo Sagrado Magistério. Aquele movimento deve ser entendido como uma promoção “do retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo” (Mortalium Animos, 16); este, no entanto, é um embuste do demônio, uma mentira já atacada também pelo Vaticano II: “Nada tão alheio ao ecumenismo como aquele falso irenismo pelo qual a pureza da doutrina católica sofre detrimento e é obscurecido o seu sentido genuíno e certo” (Unitatis Redintegratio, 11).

Francisco Araújo encerra seu testemunho explicando os motivos pelos quais trocou a riqueza da fé da única Igreja de Cristo por uma comunidade protestante. Voltou ao erro, confessou mentiras e proferiu novas bobagens (afirmou inclusive que a Igreja teria começado com Constantino).

Encerramos esse artigo pedindo ao povo de Deus orações. Subam ao Céu as orações do povo de Deus: pela conversão dos infiéis, pela volta dos pecadores, pela integridade do rebanho. Maria Santíssima nos ajude a preservar sempre pura a fé dos apóstolos pela qual são salvos os homens.

Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/


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