19.07.2010 - BRAGA – Em um momento que “exige a capacidade de discernir as complexas situações que a crise veio tornar mais evidentes”, a ação da Igreja não deve fechar-se “no âmbito de agências meramente filantrópicas, por muito necessárias”, mas o próprio Programa Pastoral da Igreja deve produzir os seus frutos.
“O Evangelho está a exigir de nós a atitude de Maria [referência à liturgia desse domingo, N. do R.], fazendo com que a ação em favor dos irmãos esteja baseada na escuta da Palavra”, afirmou o arcebispo de Braga (Portugal), Dom Jorge Ortiga, ao presidir na basílica do Sameiro à ordenação de cinco novos presbíteros.
“Acolho o Amor de Deus, manifestado em Cristo, na Palavra. Aceito-o com todas as suas interpretações e, por causa Dele e com a paixão desinteressada que Ele suscita, torno-me fonte de amor numa Vida-Palavra que se torna testemunho”, disse o arcebispo.
Segundo Dom Jorge Ortiga, a Igreja Diocesana “deve tornar-se discípula que aceita a importância da Palavra, como dinamismo de conversão”.
“A história da Igreja recorda que os momentos de mudança foram vencidos com gestos de fidelidade à Palavra em atitudes novas.”
“É fácil instalar-se. É frequente convencer-se da intocabilidade como quem se assume como referência incapaz de aceitar a mínima crítica ou a amiga correção fraterna.”
A Palavra de Deus – prossegue o arcebispo – “incomoda e está a solicitar, permanentemente, comportamentos novos. Os quadros de referência para as opções de vida pessoal ou pastoral ou são evangélicos ou estão desenquadrados”.
“Quando reconhecemos que a Palavra de Deus é o caminho a percorrer assumimos que a prioridade pertence-lhe.”
Segundo Dom Jorge Ortiga, assim fez a Igreja primitiva “quando surgiu um diferendo que poderia tornar-se um conflito provocador de divisões. ‘Não está certo que deixemos a pregação da Palavra de Deus para servirmos à mesa’ (At 6, 4)”, cita.
“Surgem os diáconos e aparece um apontar de caminhos para a Igreja que soube conceder espaços iguais aos dois serviços – Palavra e mesas – num equilíbrio fecundo duma convergência que a todos compromete”, assinala.
“Não quererá isto sugerir caminhos novos de autêntica corresponsabilidade? – questiona Dom Jorge Ortiga. A Igreja é Povo Sacerdotal e quanto mais resplandece esta característica mais ela se coaduna com Cristo e mostra ao mundo um agir de harmonia com os tempos.”
Para o arcebispo, “Braga necessita de plasmar a sua identidade pela Palavra. Para isso, necessitamos de sacerdotes ‘Homens de Deus e ícones de Cristo’, irmãos entre irmãos num único povo de amor fraterno, profetas dum mundo novo gerado pela vida oferecida”.
Fonte: www.zenit.org