25.06.2010 - “Dom Orione viveu de modo lúcido e apaixonado a missão da Igreja de viver o amor para fazer entrar no mundo a luz de Deus. Ele deixou tal missão a seus discípulos, como via espiritual e apostólica, convencido de que “o amor abre os nossos olhos à fé e aquece os corações pelo amor a Deus”. Continuai, queridos Filhos da Divina Providência, sobre esta via carismática por ele iniciada, porque, como ele dizia, “o amor é a melhor apologia da fé católica”, “o amor arrasta, o amor move, conduz à fé e à esperança”. As obras de caridade, sejam como atos pessoais ou serviços às pessoas vulneráveis oferecidos por grandes instituições, não podem nunca ser reduzidas a gesto filantrópico, mas devem sempre ser expressão tangível do amor providente de Deus. Para fazer isso – recorda padre Orione -, deve-se estar “mesclado à caridade suavíssima de Nosso Senhor” mediante uma vida espiritual autêntica e santa. Somente assim é possível passar das obras de caridade à caridade das obras, pois – adiciona o vosso Fundador – “também as obras sem a caridade de Deus, que as valorizam diante d’Ele, são inúteis”.”
(Papa Bento XVI, discurso na benção da estátua de Maria Salus populi romani, 24 de junho de 2010)
O Santo Padre alude ao mistério do amor de Cristo: citando São Luís Orione, diz que o amor abre os nossos olhos à fé e aquece os corações pelo amor de Deus. De fato, Sua Santidade não faz referência a qualquer amor. “O termo « amor » tornou-se hoje uma das palavras mais usadas e mesmo abusadas, à qual associamos significados completamente diferentes” (Deus Caritas Est, n. 2). É preciso resgatar o conceito cristão de amor. É preciso que voltemos a olhar para o amor que Deus tem por nós, amor tão grande que fez com que Ele entregasse Seu Filho único para a nossa salvação (cf. Jo 3, 16). Por esse amor que o Senhor tem por cada um de nós, cremos no mistério da Redenção; por esse amor, que Ele manifestou em Cristo Jesus, amamos ao próximo.
É esse amor que nos motiva a praticarmos a caridade, lembra Bento XVI. Por isso, não podemos nos esquecer de propagar cada vez mais a fé de Nosso Senhor. Se é verdade que a genuína caridade brota desse amor de Deus que se encontra com a miséria humana, também é verdade que, ao ajudarmos ao próximo nas suas necessidades materiais, não devemos nunca nos esquecer que mais importante que isso é matar a sede espiritual presente na nossa alma. As obras de caridade “não podem nunca ser reduzidas a gesto filantrópico”; com efeito, elas são ações sociais, mas devem ser feitas com os olhos fixos em Cristo e na vida eterna. “Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima” (1 Cor 15, 19). Manifestamos o amor para com os irmãos tendo em vista principalmente a salvação de sua alma.
E as outras obras de filantropia, praticada pelos não-cristãos, devem ser desprezadas? Atentemo-nos às palavras de São Luís Orione. As obras sem a caridade de Deus são inúteis. E por que se diz isso? Porque, muito embora possam ajudar e confortar materialmente as pessoas, as obras meramente filantrópicas deixam de lado o mais importante. “Que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?” (Mc 8, 36). Sobrenaturalmente falando, as obras de caráter unicamente filantrópico são realmente inúteis. De que adianta dar comida, roupa e bens necessários para uma boa vida nesse mundo, se não se ocupa em dar às pessoas a palavra de Deus? Não só de pão vive o homem, já dizia Nosso Senhor, citando o Antigo Testamento.
Preocupemo-nos em garantir aos famintos e doentes assistência material e principalmente espiritual. Sejam saciados não só com o pão que alimenta o corpo, mas também com o Pão do Céu, a Eucaristia.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com