14.06.2010 - (Texto publicado na "Gazeta de Piracicaba" em 09/06/2010)
Um dos maiores eventos mundiais inicia-se em breve. Dizer que é um evento esportivo é simplificar demais. É sim uma operação grandiosa onde o que menos importa é o resultado final. O que vale mesmo são os milhões de US$ gerados para limitados grupos de empresas e pessoas.
Sei que sou exceção, mas estou me lixando para essa copa e, mais ainda, para a participação da seleção brasileira. A bem da verdade, quero que ela se ferre o mais rápido possível! Ela é usada e abusada para dopar o brasileiro, para escamotear os graves problemas do país, para forçar um hipócrita patriotismo.
Enquanto a massa ignara e a nem tanto se alegram ou choram no decorrer do torneio, o país continua corrupto, injusto, com IDH (índice de desenvolvimento humano) em torno do 75º pior do mundo. E isso não fere o "patriotismo"
tupiniquim. Perder a copa, sim! Essa postura explica porque somos o que somos enquanto país. Quando nos tornaremos uma nação? Difícil dizer!
Na minha ignorância, não entendo que, para dar um mínimo de aumento para os aposentados (por volta de 7%) o governo diz não! Mas, já abriu mão, até o momento (será maior ao decorrer dos próximos 4 anos) de receber, por ocasião da próxima copa aqui (em 2014), R$ 900 milhões em impostos (de renda, ICMS) e benefícios fiscais para a FIFA e empresas a ela associadas. E nós, mortais otários, pagamos de 30 a 35% de impostos, na compra de qualquer remédio!
Enquanto o governo alega falta dinheiro para investir em mais escolas, hospitais, estradas, segurança pública etc, o país gastará bilhões e bilhões na construção de estádios de futebol, os quais se tornarão desnecessários depois do evento mundial. Não se remunera condignamente professores do ensino primário e médio. Paga-se salário de fome para a polícia, mas dinheiro não faltará para a copa tupiniquim. E o povão, embevecido, aplaude e aplaudirá, estufa e estufará o peito e canta e cantará "sou brasileiro...com muito orgulho...". Pobre país que tem uma bola de 400 gramas como ídolo...
A copa da África do Sul já mostrou a roubada que o país entrou. Os turistas não serão nem 30% do esperado. Os custos dos estádios explodiram. O retorno financeiro previsto não está ocorrendo e não ocorrerá. Alguém imagina que aqui será diferente?
Assim, espero firmemente que a seleção mostre toda sua incompetência em campos africanos para que a dopagem do brasileiro seja breve!
E que a Argentina torne-se campeã, que quero ver o Maradona desfilar pelado pelas ruas de Buenos Aires...
Caetano Ripoli é professor da USP.
Enviado pela amiga Marisa Bueloni - mora em Piracicaba, SP
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