09.06.2010 - “Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi pra mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo seu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos” (Jr 15,16).

Jenny Lind (1820 -1887), uma talentosa cantora de ópera, conhecida como “o rouxinol sueco” ficou famosa internacionalmente. Ela conquistou distinção e honra da parte de muitos nobres da Europa, e seu talento lhe trouxe grande fortuna. Repentinamente, ela desistiu no auge da carreira e se isolou do mundo.
Um jornalista escreveu: “Nada é mais fantástico em relação á carreira de Jenny Lind que sua curta duração. Por dois anos ela cantou nos teatros da Inglaterra. Cinco anos após sua primeira aparição em Londres, Jenny virtualmente se aposentou. Ela subiu ao palco ocasionalmente nos anos seguintes, em geral para se apresentar em eventos de caridade”.
Por que essa extraordinária artista desistiu da carreira tão subitamente para viver em reclusão até sua morte, aos 67 anos de idade? Um amigo dela explica a razão. Certa vez ele a encontrou sentada, lendo a Bíblia e lhe perguntou: “Me diga, por que você largou os palcos no auge de sucesso? Jenny deu uma resposta surpreendente: “Gradativamente ficou claro para mim que o palco e a vida social estavam se transformando em um fardo para minha fé, e que tinha menos e menos tempo para este Livro aqui” , falou, colocando a mão sobre a Bíblia. “Então, o que eu mais podia fazer?”
Resposta perfeita! Ela agiu com a convicção, agiu de acordo com aquilo que cria. Trocou todos os aplausos do mundo para servir ao seu Senhor de perto. A alegria daquela mulher era a presença de Jesus Cristo e a santa leitura da Bíblia.

TESTEMUNHO DE CONVERSAO

“Assim será minha palavra, que sair da minha boca; ele não voltará para mim vazia, antes o fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” (Is 55,11).
Ao término de uma reunião evangelística, duas pessoas da congregação comentavam sobre como tinha se convertido. Um deles pegou o Novo Testamento do bolso e contou essa história incomum: “Na miserável região onde morava, eu era um batedor de carteira conhecido pela minha habilidade de roubar. Certo dia notei um volume suspeito no bolso da calça de um homem que estava na mina frente. Aquilo me pareceu excepcionalmente grande. Uma carteira enorme! Que ótimo “negócio”! No segundo seguinte, “aquilo” estava no meu próprio bolso. Quando cheguei em casa, descobri para meu grande desapontamento que o que eu pensava ser uma carteira, na verdade era um livro. Fiquei tão chateado que o joguei em um canto. Alguns tempos depois, quando limpava o quarto, vi o livro novamente. Movido pela curiosidade, comecei a ler. Dia a dia meu interesse crescia e em pouco tempo conheci o Salvador, Jesus Cristo.”
Os caminhos de Deus realmente são admiráveis: que poder reside em Sua Palavra! Se os relatos sobre conversões incomuns pudessem ser reunidos, que notável coleção de aventuras daria! Muitas situações que levam á conversão parecem inacreditáveis para os críticos e soberbos. Ma o que importa? Os que passaram por tais experiências têm um conhecimento de Deus que nenhuma opinião humana pode abalar.
“Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se foram os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que todas as coisas” (Eclesiastes 11, 5).

O QUE A BÍBLIA DIZ ACERCA DE SI MESMO

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3, 16).
O tema central da Bíblia é Jesus Cristo e a mensagem da salvação por meio d’Ele. Essa mensagem tem um caráter moral e espiritual. Qualquer pessoa pode “testar” e ir descobrir a confiabilidade da Bíblia.
E qual é a base da confiabilidade das Sagradas Escrituras? Como os 73 livros nos permitem descobrir algo sobre a vida de seus escritores, podemos supor que eles eram pessoas confiáveis. No entanto, a confiabilidade da Bíblia não baseia na credibilidade dos que a escreveram, mas na divina inspiração.
As Sagradas Escrituras foram inteiramente inspiradas por Deus. Os que escreveram fizeram isso sob a direção do Espírito Santo (2 Pedro 1,21). Em numerosas ocasiões, Jesus Cristo confirmou a divina e literal inspiração e autoridade do Antigo Testamento (Mateus 5,18;22,29).
O Senhor Jesus Cristo deu aos discípulos a promessa da mesma inspiração (João 16,12-15). Os autores do Novo Testamento reconheceram e confirmaram os escritos e cartas uns dos outros como sendo divinamente inspiradas (2 Pedro 3,2.15-16).
Todos os que conhecem Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor não têm a menor dificuldade para crer no que o Senhor Jesus disse a respeito da inspiração e da confiabilidade de toda Escritura. A Bíblia é a Palavra de Deus “viva, e que permanece para sempre” (1 Pedro 1,23;Marcos 13,31;João 10,35).

JESUS CRISTO NAS ESCRITURAS

Nosso Senhor Jesus Cristo ocupa o primeiro lugar na criação. Tudo foi criado por intermédio dele e ele para Ele. É o grande Sustentador do Universo. Cristo é o Cabeça do Corpo: a Igreja. Neste mundo, o coração dos cristãos é o único lugar onde Ele pode ter a preeminência. No mundo só existe confusão e caos, porém tudo mudará quando o Senhor dos senhores e o Rei dos reis aparecer trazendo justiça e paz á terra. Jesus Cristo é o tema central das Escrituras. Está presente em todas páginas, não somente nos Evangelhos. No primeiro dia livro de Moisés, a história de José fala simbolicamente do Senhor; no segundo livro, os elementos do tabernáculo falam dele por metáfora; no terceiro os sacrifícios são tipos de Seu sacrifício da cruz; no quarto livro, a serpente de bronze prenuncia o Senhor, como Ele mesmo afirma no Evangelho de João (3,14); no quinto livro, está declarado que viria um profeta maior que Moisés.
Cada salmo messiânico profetiza acerca de Cristo. Nos Provérbios, Ele é a Sabedoria personificada. Em Cantares de Salomão, Ele é o Amado. O profeta Isaías o descreve como o Servo fiel. Da primeira á ultima página, a Bíblia fala sobre Jesus Cristo.
“Tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. Ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o principio e primogênito dentro os mortos, para quem em tudo tenha a preeminência” (Cl 1, 16-18).
“Meu ardente coração quer dar-se sem cessar. Jesus, só tu podes contentar minha alma. Nada pode me encantar na terra, a verdadeira felicidade não se encontra aqui. Minha única paz, minha única ventura, Meu Único Amor, és tu, Senhor Jesus”, escreve a grande mestra da espiritualidade cristã e Doutora da Igreja Santa Teresinha do Menino Jesus.
Santa Teresinha tinha uma paixão enorme e grande conhecimento da Bíblia Sagrada. Ela decorava longos textos, a ponto de expor em suas mensagens com maior facilidade. Tanto era admirada pelas suas irmãs de convento como pelas autoridades eclesiásticas.

A SAGRADA ESCRITURA

“Ignora asa Escrituras é ignorar Cristo, porque aquele que não conhece as Escrituras não conhece o poder de Deus e a sua sabedoria”.
São Jerônimo (147-420) - Tradutor e Doutor da Igreja

A Bíblia é constituída pelo Artigo e Novo Testamento. A Igreja acredita que o Espírito Santo de Deus privou os homens que escreveram estes livros de erro e que o seu testemunho é digno de fé, verídico e fiel. Como os autores da Sagrada Escritura redigiram na língua do seu tempo, eles devem ser reinterpretados em cada época, para cada comunidade. Mas como o Espírito Santo de Deus é garantia dessa autenticidade, eles são válidos para todos os tempos. Os escritos bíblicos reconhecidos como verdadeiros e autênticos pela Igreja formam o Canon da Escritura Santa. São lidos na missa. Eles constituem o fundamento de fé.
Deus e o povo de Israel fizeram juntos uma Aliança, uma pacto, um acordo: Deus prometeu a liberdade e a vida, prometeu acompanhar e proteger sempre seu povo, e o povo prometeu caminhar sempre segundo a vontade do seu Deus, vivendo na fraternidade, como irmãos. O problema é que, da parte do povo, essa promessa foi constantemente quebrada, surgindo daí conflitos e opressões dentro do próprio povo de Deus e de outros povos em relação ao povo de Israel.
É a história dessa Aliança que temos na Bíblia. São ao todos 73 livros, e nesses livros temos vários modos de escrever: história, poesia, hinos, cartas e outros estilos, de acordo com a mensagem que se queria comunicar.
Quem primeiro usou a palavra “Bíblia” para se referir ás Sagradas Escrituras foi São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla no quarto século depois de Cristo.
“A Santa Mãe Igreja sempre defendeu e continua firmemente a defender, com a maior insistência, que os quatro Evangelhos, dos quais ela afirma sem hesitar a historicidade, transmitem fielmente o que Jesus, Filho de Deus, durante sua vida entre os homens, fez realmente e enviou para a sua salvação eterna, até o dia em que foi elevado ao céu” (Concílio Vaticano II Dei Verbum 19).
A Bíblia é lida há mais de três mil anos, traduzida em mais de 2.167 idiomas, já vendeu mais de dois bilhões de exemplares em apenas um século.

ACREDITAMOS NA BÍBLIA

“Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti... desde a tua meninice sabes as Sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação , pela fé que há em Cristo Jesus”(2 Tm 1,5;3,15).
Muitas pessoas podem perguntar o motivo dos cristãos acreditarem na Bíblia quando há tantas religiões baseadas em suas doutrinas e tradições. Existem várias respostas para essa questão.
Alguns tiveram uma experiência similar à de Timóteo. Cresceram em um lar influenciado pelas Sagradas Escrituras. Os pais e avós dessas pessoas tinham a firmeza na fé bíblica que lhes garantia a paz e alegria interior, capacitando-os a vencerem mesmo as maiores provações.
Outros foram atraídos à Bíblia pelo testemunho fiel de amigos e colegas. No entanto, chega o momento em que já não basta a palavra dos pais ou amigos: eles tiveram necessidade de experimentar a verdade da mensagem bíblica, conhecer Jesus e ter um conhecimento com Ele.
Por último, há os que passaram por algo similar aos habitantes de Sicar (João 4,39-42). Primeiro eles creram no maravilhoso relato da mulher samaritana e viram como o encontro como o Senhor Jesus a havia transformado. Depois foram se encontrar pessoalmente com Ele. Então puderam declarar: “Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos temos ouvido, e sabemos que Este é o verdadeiro o Cristo, o Salvador do mundo”.
A Bíblia Sagrada é a única forma de fazer a pessoa sábia para vida terrena e para mansões celestiais.

A ESPADA DO ESPÍRITO

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”(Hb 4,12).
Todos os que receberam Jesus Cristo como Senhor e Redentor têm algum conhecimento do conteúdo e da mensagem da Bíblia. Não foi uma prova científica e lógica que os fez acreditar na Bíblia. Uma pessoa que já foi golpeada por uma espada não precisa de nenhuma prova que uma espada é de fato uma espada, assim como alguém que já viu a luz brilhante do sol não precisa de nenhuma prova que o sol realmente existe. A mensagem bíblica acertou em cheio o coração e a consciência dos que creram. Eles foram atraídos pelo amor de Jesus Cristo exalado nos relatos dos Santos Evangelhos. E sentiram que podiam confiar n’Ele também.
A Palavra de Deus lhes revelou os pecados e mostrou a desesperadora situação em que se encontravam. A consciência deles teve de admitir que a Bíblia estava certa: o julgamento sobre nós, pecadores, é correto e justo.
A Bíblia lhes apontou o caminho da salvação e do próprio Salvador. Confessaram a culpa diante de Deus e receberam Seu Filho pela fé, e foram perdoados e absolvidos. assim também a fidelidade da Bíblia se confirmou na vida deles.
Os cristãos sabem que a bênção de Deus está atrelada á obediências deles aos princípios estabelecidos em Sua Palavra. Além disso, sabem que as promessas da Bíblia continuam verazes. Deus jamais desaponta Seus Filhos.
Milhões de testemunhas podem declarar: a mensagem centra da Bíblia é própria verdade. Jesus é a verdade e o único que salva o ser humano da perdição eterna (Jo 8,32; 14; 6). A palavra de Jesus é a verdade (Jo 17.17).
A palavra de Deus é a espada do Espírito Santo (Ef 6, 17) que arrebenta as correntes das trevas e ilumina o caminho dos discípulos de Jesus Cristo.

LER E PRATICAR ENSINO BÍBLICO

“Aquele que deseja estar sempre com Deus deve orar e ler continuamente a Sagrada Escritura. Quando oramos, estamos falando com próprio Deus, quando lemos, ao comentário é Deus que fala conosco. O bom leitor não se preocupa tanto no aquilo que lê, mas antes em colocá-la em pratica”.
Santo Isidoro de Sevilha (560-636) - Bispo e Doutor da Igreja

A Bíblia pode com toda razão declarar que é divinamente inspirada, verdadeira e confiável em todos os aspectos. Assim como Jesus Cristo ensinou com autoridade (Mateus 7,29), a força moral da Bíblia também comprova que ela é a palavra de Deus. Mas é preciso lê-la sem preconceitos e com o interesse sincero.
A palavra de Deus contém inúmeras profecias. O cumprimento literal de evento previsto com muita antecedência já é clara indicação de sua origem divina: por exemplo, as profecias sobre a cidade de Tiro (Ezequiel 26,3-6 e 12-14), e as mais de 300 profecias messiânicas no Antigo Testamento sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus Jesus.
As declarações acerca da natureza e da história são igualmente confiáveis. Moisés não foi influenciado pelos erros dos egípcios, nem o profeta Daniel pelos mitos dos caldeus, ou o apóstolo São Paulo pela filosofia grega. Os escritos deles têm suportado o teste do tempo como a Palavra de Deus.
Muitos detalhes históricos relatados na Bíblia, por bastante tempo posto em xeque pelos críticos, têm sido confirmados por escavações arqueológicas, como é o caso da história dos reis de Israel, a existência de Babel e da nação dos hititas. A Bíblia é infalível Palavra de Deus. É uma carta de amor do Deus que se importa com Suas criaturas e deseja Se revelar através dela. A ciência e a tecnologia têm confirmado a veracidade da Bíblia.
Leia a Bíblia e descubra os tesouros contidos em suas páginas. Quem descobre verdadeiramente tais tesouros vive pela graça de Deus a prática dos ensinos bíblicos para felicidade aqui e na eternidade.
Escreve São Tiago Apóstolo: “Tornai-vos praticantes da palavra e não simples ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1, 22). “Praticando o que ela ordena, esse é bem-aventurado naquilo que faz” (Tg 1, 25).
Tenhamos amor radical com o ensino da gloriosa e bendita Palavra de Deus.
Declara de forma monumental o herói do Concílio de Nicéia, bispo e Doutor da Igreja, Santo Atanásio: “Além do estudo e do verdadeiro conhecimento das escrituras temos necessidade de uma vida correta e de uma alma pura, bem como das virtudes segundo Cristo, a fim de que, caminhando na virtude, o intelecto possa alcançar e compreender o que deseja, de tudo que a natureza humana possa compreender de Deus Verbo”.

Conclusão

Você sabia que a Bíblia é o livro mais vendido e mais traduzido do mundo? No entanto, muitos que compram não a lêem e têm dificuldade de dizer exatamente do que ela trata. A leitura da Bíblia incita a refletir sobre as perguntas existentes do ser humano e permite encontrar as respostas para elas. Lê-la é ter a oportunidade de entrar na mente de Deus e de conhecer pessoalmente o Senhor Jesus Cristo. Esse encontro pode transformar definitivamente a vida de leitor.
Disse Jesus: “Vós perscrutais as escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; ora, são elas que dão testemunho de mim” (Jo 5, 39). “Se Crêsseis em Moisés, haverereis de crer em mim, porque foi a meu respeito que ele escreveu” (Jo 5,46).
Nosso Senhor Jesus Cristo é o centro e o fim de toda Sagrada Escritura.
Amemos o Cristo e a Bíblia ardentemente! Sempre! E sempre!

Pe. Inácio José do Vale
Pregador de Retiros Espirituais
Professor de História da Igreja
Especialista em Ciência Social da Religião
E-mail: [email protected]

Fonte:

Calendário Devocional Boa Semente de 2010.

Pepe, Enrico. Mártires e Santos do Calendário Romano, São Paulo: Editora: Ave Maria, 2008.

Bazagia, Paulo. Primeiros passos com a Bíblia, São Paulo: Paulus, 2001.

Eu Creio: Pequeno Catecismo Católico, Espanha-Madri: Editorial Verbo Divino, 1999.

Teresa do Menino Jesus, Santa. Obras completas, escritos e últimos colóquios, São Paulo: Paulus, 2002.

www.rainhamaria.com.br