05.06.2010 - Não é, portanto, nada de admirar se ainda hoje nalguns lugares se odeia o nome cristão; se, de diversos modos e com diversos métodos, é a Igreja em muitas regiões impedida de cumprir a missão divina que recebeu; e se, finalmente, não poucos católicos se deixam enganar com falsas doutrinas e se põem em grave perigo de perder a eterna salvação. Dê a todos nós força e ânimo a promessa do divino Redentor: “Eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos”.(Mt 28,20.) Do céu nos alcance força S. Bonifácio, que, para levar o reino de Cristo a povos hostis, não recusou trabalhos aturados, ásperos caminhos e até a própria morte, que afrontou com fortaleza e confiança, derramando o próprio sangue. Com a sua intercessão obtenha ele de Deus invicta fortaleza de ânimo àqueles, sobretudo, que se encontram hoje em situação angustiosa por causa das maquinações dos inimigos de Deus; e chame também ele todos naquela unidade da Igreja, que foi não só constante norma o proceder, mas também anseio ardente que o fez perseverar toda a vida em tão diligente atividade. (Papa Pio XII, Carta Encíclica Ecclesiae Fastos, 39).
Celebrando a Festa de São Bonifácio, recordei-me desta passagem da Encíclica, acima citada, escrita pelo Servo de Deus Pio XII, para as comemorações do XII centenário da morte de São Bonifácio. Tais palavras são presentes de forma constante no mundo hodierno. Como São Bonifácio, muitos não cansam de dar suas vidas pela causa do Evangelho.
A Igreja tem sido constantemente atacada. Mas, se perguntarmo-nos do porquê a Igreja é alvo de tanta perseguição, não precisaríamos ir muito longe, basta que olhemos as recomendações de São Paulo aos Galátas, tomada com tanto fervor pelo Santo hoje lembrado: “Asseguro-vos, irmãos, que o evangelho pregado por mim não é conforme a critérios humanos. Com efeito, não o recebi nem aprendi de homem algum, mas por revelação de Jesus Cristo” (Gl 1, 11-12). Aqui está a causa central de toda a perseguição. Recentemente o Papa Bento XVI afirmou: “as perseguições também são prova da autenticidade de nossa missão apostólica.” E isto podemos constatar cada vez mais.
Ela deriva do fato que a Igreja prega aquilo que lhe foi ordenado por Cristo e transmitido pelos apóstolos. E eis que o Evangelho de Jesus, seus ensinamentos, contradizem todas as perspectivas de um mundo que é laicista, com ideologias marxistas e comunistas, anti-vida e anti-família. E não pode a Igreja buscar agradar ao mundo. Seu único prazer deve estar em Cristo Jesus. Por isso, se às vezes a Igreja é tida com retrógrada ou conservadora é porque não cede, e nunca irá ceder, às idéias que brotam das mentes humanas, pretendendo que se abandone aquilo que é seguramente divino.
“Se nós mesmo ou um anjo do céu vier e lhe anunciar um outro evangelho diferente do que temos pregado, que seja considerado maldito” (Gálatas 1, 9). Infelizmente têm surgido muitos “evangelhos”, mas não há um verdadeiro, senão o da única Igreja, subsistente em Nosso Senhor Jesus Cristo e que conduz todos os que nela permanecem à salvação.
Paulo designa a Igreja como “coluna e sustentáculo da verdade” (1Tim 3,15), ou seja: A Igreja sustenta a Verdade, que é Cristo Jesus e o que Ele lhe transmitiu. Por isso aqueles que se desviam da verdadeira doutrina atiram-se no poço da perdição e do erro. Ela é corpo místico de Cristo, Cabeça. Os que nela permanecem estão em Cristo, são guiados por Ele.
O que São Bonifácio viveu, dando testemunho até o martírio, é reflexo do que muitos cristãos vivem hoje. Perseguições e injúrias. Sabemos que Jesus não prometeu vida fácil a nenhum de seus seguidores; pelo contrário, ele foi firme ao afirmar: “Se alguém quiser seguir-Me, tome a sua cruz e siga-Me” (Lc 9, 23). E tome a cruz justamente porque ela significa sofrimento, renúncia. O cristão que não é capaz de renunciar também não é capaz de dar testemunho do Evangelho. Somos chamados a viver a radicalidade do Evangelho, no seu todo. Não vivo o Evangelho pela metade, porque quem vive pela metade não é digno de ser chamado cristão. Só pode ser cristão quem assume uma vida firmada nos conceitos evangélicos, quem é capaz de, como São Bonifácio, doar sua vida em prol do Reino de Deus.
Mesmo sendo Bispo, Bonifácio, viveu a humildade, foi martirizado. Creio que está na hora de muitos Bispos olharem para a figura de São Bonifácio e nele verem o modelo ideal para suas vidas: Humildade e Obediência. Obediência a Cristo e ao Papa.
São Bonifácio, rogai por nós!
Fraternalmente em Cristo Jesus e Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com