04.06.2010 - “Quem está em pecado mortal comete sacrilégio ao receber a Eucaristia, porque há duas coisas sacramentais na Eucaristia. A primeira, significada e contida, é o próprio Cristo; a segunda, significada mas não contida, é o Corpo Místico de Cristo, isto é, a sociedade dos santos. Quem quer que, pois, receba este Sacramento, só por isto significa estar unido a Cristo e aos seus membros. Ora, isto se realiza pela fé formada pela caridade, que ninguém pode possuir juntamente com o pecado mortal. E por isto é manifesto que quem quer que receba este Sacramento em pecado mortal comete nele falsidade. Incorre, por este motivo, em sacrilégio, como violador do Sacramento. Peca, por causa disto, mortalmente.”
(…)
“O pecador que recebe o Corpo de Cristo pode ser comparado, quanto à semelhança do crime, a Judas que beijou Cristo, porque ambos ofendem a Cristo sob um sinal de caridade. Esta semelhança compete a todos os pecadores em geral, porque por todos os pecados mortais age-se contra a caridade de Cristo, de que é sinal este Sacramento, e tanto mais quanto os pecados são mais graves. Mas sob um aspecto especial os pecados contra o sexto mandamento tornam o homem mais inepto para o recebimento deste Sacramento, na medida em que, a saber, por este pecado o espírito é maximamente submetido à carne, e desta maneira é impedido o fervor do amor que é requerido neste Sacramento.”
“Que ninguém, pois, se aproxime desta Mesa sem reverente devoção e fervente amor, sem verdadeiro arrependimento, ou sem lembrar-se de sua Redenção.”
(São Tomás de Aquino, sermão sobre o Corpo do Senhor, n. 25. 27-28; extraído do site Cristianismo)
A exortação de São Tomás de Aquino é oportuna para esse dia de Corpus Christi. Muitas pessoas, devido à condição de pecado em que vivem, não podem se aproximar da Sagrada Comunhão. Algumas, mesmo tendo consciência de que vivem em pecado mortal e de que, por isso, não devem comungar, ousam receber o Corpo do Senhor. Atentemo-nos às palavras do Doutor Angélico: “Quem está em pecado mortal comete sacrilégio ao receber a Eucaristia”. E é doutrina retirada das Sagradas Escrituras, pois São Paulo mesmo já dizia que aquele que come desse pão e bebe desse cálice sem distinguir o corpo do Senhor, “come e bebe a sua própria condenação” (1 Cor 11, 29). A afirmação do apóstolo é severa: come e bebe a própria condenação. Não nos atrevamos a participar do Banquete Eucarístico tendo consciência de que estamos em pecado grave.
Por que essa exortação é tão importante? No dia de Corpus Christi as igrejas costumam estar cheias. Nem todos que participam da Santa Missa nesse dia estão unidos à Igreja de alma e coração. Quero dizer: muitos estão na igreja, fisicamente falando, mas não estão na Igreja, em estado de graça. E, mesmo assim, a fila da comunhão está cheia.
Não desejamos criar uma segregação dentro de nossas igrejas. Não queremos voltar ao discurso do puro e do impuro presente na antiga Lei judaica. Mas, há uma grande diferença entre a história bíblica da mulher adúltera que recorreu à Misericórdia de Jesus e a história de um pecador que comungou indignamente dos Santos Mistérios. São Tomás de Aquino explica que “o Cristo, aparecendo sob a sua espécie própria, não se exibia para ser tocado pelos homens em sinal de união espiritual com Ele, como é o caso quando se oferece para ser recebido neste Sacramento” (Sobre os efeitos da Eucaristia, n. 26). “Foi por isso – continua – que os pecadores que o tocavam em sua própria espécie não incorriam no crime de falsidade contra a divindade, como o fazem os pecadores que recebem este Sacramento.”
S. Tomás compara a atitude dos sacrílegos à atitude de traição do próprio Judas. Ambos ofendem a Cristo sob um sinal de caridade. E fala que são os pecados contra o sexto mandamento os mais graves e que tornam os cristãos ainda mais ineptos a receber o Santíssimo Sacramento. Ora, o sexto mandamento nos pede não pecar contra a castidade. E quais são os pecados que ofendem a castidade? São justamente aqueles que contradizem a finalidade do sexo proposta pelo Evangelho. Nos referimos aqui à masturbação, à pornografia, à fornicação (relações sexuais fora do sacramento do Matrimônio), à prostituição e às relações homossexuais. Por esses pecados, diz S. Tomás, o espírito é maximamente submetido à carne.
E será que o nosso povo cristão tem consciência dessas realidades? Será que as aulas de Catequese para jovens ensinam a eles a importância de conservarem a castidade para participarem dignamente dos Santos Mistérios? Será que os nossos católicos estão aprendendo a se aproximar devotamente do santo Sacramento?
Que ninguém se aproxime desta Mesa sem reverente devoção e fervente amor. E aqueles que estão em pecado mortal possam procurar um sacerdote para se confessarem. Se não for possível receber a absolvição dos pecados, receba, pelo menos, a graça de olhar para Jesus sacramentado e comungar espiritualmente. Sobre a comunhão espiritual, ensina-nos São Leonardo de Porto-Maurício:
“Aqueles que não podem receber sacramentalmente o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o recebem espiritualmente realizando atos de fé viva e fervorosa caridade, com um ardente desejo de unir-se ao soberano Bem, e por esse meio se dispõem a participar dos frutos desse Divino Sacramento.”
(…)
“Quando o sacerdote for comungar, estando com grande recolhimento interior e exterior, com modéstia e compostura, acende em teu coração um verdadeiro arrependimento dos pecados, e bate em teu peito para mostrar que te reconheces indigno da graça de unir-te a Jesus Cristo. Depois exercita os atos de amor, de oferecimento, de humildade e os outros que estás acostumado a fazer ao acercar-te da Mesa Sagrada, acrescentando a isso o mais ardente e fervoroso desejo de receber a Jesus Cristo, que, por teu amor, está real e verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento. Para avivar mais e mais sua devoção, pensa que a Santíssima Virgem, ou o teu santo padroeiro, te apresenta a Hóstia consagrada e que tu a recebes de verdade, e como se abraçasse estreitamente a Jesus em teu coração, repete uma e muitas vezes no teu interior essa palavras: “Vem, meu Jesus, minha vida e meu amor; vem ao meu pobre coração; vem e santifica a minha alma; vem a mim, dulcíssimo Jesus! Vem.” Permanece depois no silêncio, contempla a Deus dentro de ti mesmo e, como se houvesse comungado de verdade, adora-O, dá-Lhe graças e faz tudo aquilo que se costuma fazer após a Comunhão. Tem por certo, amado leitor, que essa Comunhão Espiritual, tão descuidada pelos cristãos dos nossos dias, é, sem dúvida, um verdadeiro e riquíssimo tesouro que enche a alma de bens infinitos.”
(São Leonardo de Porto-Maurício, O tesouro escondido na Santa Missa (em espanhol), capítulo II, § 4)
Graças e louvores se dêem a todo momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com