Ortodoxos russos advertem contra a glorificação de Stalin


13.05.2010 - “Vitória sobre o fascismo não justifica seus crimes”

MOSCOU - O Patriarcado Ortodoxo de Moscou expressou sua preocupação com relação a uma tendência recente de "glorificação" da figura de Stalin e do passado stalinista soviético, dias antes da celebração do 65º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista, ocorrida em 9 de maio.

A celebração do Dia da Vitória na Rússia esteve envolta neste ano pela polêmica gerada por alguns setores comunistas - entre eles o prefeito de Moscou, Yuri Luzhkov, que insistiu em fixar cartazes com o retrato de Stalin pelas ruas.

Segundo informou a agência russa Interfax, o Departamento de Relações Exteriores da Igreja, em nome do metropolitano Hilarión Alfeyev, enviou uma carta ao jornal Zavtra, na qual expressa o mal-estar da Igreja Ortodoxa.

"O Patriarcado de Moscou crê que nenhuma conquista alcançada pela União Soviética, incluindo a vitória sobre o fascismo, pode justificar os crimes de Stálin", afirma o comunicado.

"Sob o regime de Stalin estabeleceu-se um sistema desumano, e nada pode justificá-lo - nem a industrialização, nem a bomba atômica, nem a defesa das fronteiras, nem tampouco a vitória na Grande Guerra Patriótica, pois esta não foi um mérito pessoal de Stalin, e sim uma conquista de nosso povo multinacional."

Segundo a carta, o regime de Stalin "era baseado no terror, na coerção, na supressão da pessoa, na mentira e em falsas denúncias. Este regime já devorava a si próprio, quando seus próprios torturadores se converteram em vítimas" - uma referência às famosas "purgas".

"A glorificação dos infiéis e de seus métodos de governo não contribui para consolidar a união dos povos que historicamente compõem a Rússia. Ao contrário, apenas contribui para separar nossas comunidades."

A carta também questiona o papel de Stalin na 2ª Guerra Mundial: "Vários historiadores competentes atribuem a Stalin a dimensão incalculável das perdas humanas sofridas pelo país, ao sacrificar milhões de vidas de nossos cidadãos pela vitória e na política interna irracional do período que precedeu a guerra", afirma.

A mensagem também afirma que foi a política de Stalin a responsável por "plantar uma bomba relógio entre os territórios russos", "criando fronteiras artificiais entre as repúblicas soviéticas".

"Como resultado desta política de Stalin, agora colhemos os frutos do extremismo, do nacionalismo e da xenofobia", continua a carta.

A polêmica tem lugar poucos meses após o reconhecimento oficial por parte da Rússia do envolvimento do Exército Vermelho no massacre dos poloneses de Katyn.

Fonte: www.zenit.org


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