06.05.2010 -
Que o uso da batina ou aos menos da "camisa de clergyman" é
obrigatório todos sabemos, está no código de direito canônico.
Can. 284 ; Os clérigos devem vestir um traje eclesiástico digno, de acodo com as regras estabelecidas pelas conferências episcopais e os costumes legítimos do lugar.
Então por que a maioria dos sacerdotes não usa ?
As desculpas são das mais variáveis possíveis, calor, que seu uso afasta as pessoas (está é absurda), entre outras que todos nós já estamos calejados de saber.
Mas não estou interresado em escrever sobre as "desculpas" do clero desobediente quanto a está regra da Igreja.
E sim sobre os benefícios que o uso do traje clerical pelos sacerdotes traz para o rebanho católico.
Eu particularmente nunca tive a graça de ver um ministro do altíssimo usando batina .
Foi perguntado aos fiéis sobre a impressão que causa ao avistarem um homem a usando ou ser avistado a vestindo (padre).
E a maioria das respostas estão em perfeita sintonia, apesar de que os entrevistados são das mais variadas localidades do Brasil e além fronteiras.
O que mais foi dito foi que, o padre que a usa é valente, santo, que descobriu a preciosidade de uma batina, seu grande escudo, que naquele que está à trajando se reconhece que é um servo do altíssimo e que vive o que prega.
As pessoas se sentém protegidas, se comportão com modéstia e respeito (diferente do que ocorre quando se deparam com padres galãs); entre outros elogios que infelizmente não caberá todos aqui.
E nada melhor do que ler o que os sacerdotes tem a dizer, coloco dois testemunhos de como o traje clerical é importante no dia a dia deles.
"Muitas vezes, andando de clergyman pelas ruas ou de carro as pessoas param para perguntar algo, para pedir a benção" etc...
Quase sempre que eu pego um táxi, por estar de clergyman ou batina, naturalmente começa uma conversa sobre religião, que serve para tirar dúvidas das pessoas e para falar-lhes de Deus. Pelo menos em duas vezes, os motoristas de táxi quiseram se confessar depois de muitos anos.
Muitas pessoas quando encontram um padre usando o colarinho de padre, lembram de Deus e ficam contentes ao ver que existem pessoas dedicadas exclusivamente às coisas espirituais.
O padre de batina não fica distante das pessoas porque os outros procuram no padre não um amigo a mais, mas um homem de Deus, acolhedor, mas também uma pessoa que transmita autoridade e segurança". (Padre pediu anonimato)
"A primeira reação das pessoas que não me conhecem é, geralmente, positiva. Alguns elogiam abertamente; outros, a maioria, limita-se a sorrir.(Ao vê-lo de batina).
A grande mudança na atitude das pessoas dá-se nos locais públicos. Ao fim de almoço, regra geral, vou tomar café. Quando entro no estabelecimento, se as pessoas presentes estão a ter alguma conversa menos própria, basta que eu entre para ficarem em silêncio ou mudarem de conversa.
Há poucos dias atrás, tomei a iniciativa de ir visitar um doente, acamado, que durante perto de 40 anos não foi à Santa Missa nem se aproximou do Sacramento da Reconciliação. Depois de invocar a ajuda do meu Anjo da Guarda, fui a casa dele. A filha desse senhor recebeu-me com alguma surpresa e perguntei-lhe se podia visitar o pai dela. Ela disse-me que sim, mas aconselhou-me a tirar a batina para o pai não se assustar e não recusar a visita. Respondi à filha que não valia a pena tirar a batina. De fato, assim que entrei no quarto do senhor, ele percebeu que era sacerdote e, ainda antes de eu poder dizer o que quer que fosse, já estava a dizer-me, com os olhos em lágrimas: “Ai que o senhor Padre veio ver-me!”. Pude atendê-lo de confissão e tenho ido visitá-lo com frequência, levando-lhe Jesus Sacramentado."(Padre José Alfredo)
Estes são apenas dois do testemunhos que recebi, infelizmente não deu para colocar todos aqui, pois se fosse fazê-lo iría ficar muito extenso e cansativo o texto.
Somente esses dois testemunhos nos monstra como traje clerical é importante para as ovelhas.
Muitas vezes a salvação de dezenas de almas depende do uso daquela roupa negra e austera pelos sacerdotes.
"Batina é o distintivo, a farda de um soldado. Já viste policial, um reles deles, sem farda? Sem farda ele perde a autoridade. Também assim é o padre. Se ele não estiver a usando ele se mistura ao povo, e o povo "o engole".
Vamos implorar a Deus para que nossos seminaristas e sacerdotes voltem a usá-la !
E encerro este artigo com duas frases de grandes Santos sacerdotes:
"O padre não vai sozinho para o céu. Nem para o inferno. Se agir bem, irá para o céu com as pessoas que ajudou com seu bom exemplo. Se for infiel, se se envolver em escânda-los, se perderá com as pessoas condenadas por seu escândalo". Dom Bosco
"O Sacerdote, ou é um Santo, ou é um demônio." Ou santifica, ou arruína. Pe. Pio.
O modo de se vestir diz muito aonde ele, o padre, se encaixa em estás "falas".
Pax Vóbis !
Danilo Tavares, Fili Eclesiae Catholicae.
No final desta resposta há um pequeno resumo da história do hábito eclesiástico. Nele você pode perceber que o uso obrigatório da batina nunca foi abolido. O que ocorreu é que as penalidades não foram mais aplicadas a quem desobedece. Além disso foi dada a alternativa do clergyman, que levou a todos os abusos que vemos hoje. Ocorre também que seminaristas e padres sejam (ilegalmente) proibidos de usar a batina por seus superiores.
O código de direito canônico define o seguinte, quanto à vestimenta dos padres:
Can. 284 – Os clérigos devem vestir um traje eclesiástico digno, de acordo com as regras estabelecidas pelas conferências episcopais e os costumes legítimos do lugar.
Este poder dado às conferências episcopais também foi causa da decadência na vestimenta, já que muitas vezes elas dão liberdade aos padres, sem puni-los, à revelia do que ordena o Papa.
Há um livro baseado em uma tese de Michele de Santi chamado “O hábito eclesiástico, seu valor e sua história”. Os trechos a seguir são extraídos deste livro. O que nos interessa é apenas este histórico e não as idéias do autor, com as quais muitas vezes não concordamos. Segue o resumo:
Nosso Senhor não deu instruções precisas sobre este assunto, porém recomendou aos apóstolos simplicidade e humildade.
Os hábitos usados no Império Romano, adotados rapidamente por conveniência à fé, à dignidade e à modéstia do estado clerical, constituem as primeiras formas de hábito eclesiástico: túnica branca ou clara, com mangas, longa até o calcanhar (túnica talaris), acompanhada de uma veste de lã. Este hábito era similar ao usado pelos monges.
As perseguições não favoreceram o desenvolvimento de um hábito que desse distinção: os padres precisavam freqüentemente se esconder.
Em 422, o Papa Celestino I lança um primeiro documento sobre este assunto em uma carta endereçada aos bispos da Gália. Os padres não deveriam se vestir do mesmo modo que os monges, pois esta vestimenta grosseira era freqüentemente motivo de zombaria nas cidades. A cor clara usada até então é substituída, pouco a pouco, pela cor escura, inicialmente em Constantinopla para que se distinguissem dos Novacianos, que usavam o branco. Depois sob a inflência dos Beneditinos, cujo hábito era negro. O vermelho foi proibido pois era mais adequado aos magistrados leigos do que aos religiosos.
No fim do século VI há uma mudança, devido ao fim das perseguições e ao fim do hábito longo nos países europeus. Com efeito, as invasões bárbaras, francas e lombardas trazem o hábito curto, mais prático. São Gregório Magno (590-604) fala pela primeira vez em “hábito do clero”.
No século XI São Bernardo (1090-1153) lembra que a vestimenta dos padres deve ser o sinal exterior de suas virtudes interiores, pois na época os padres estavam transformando o hábito em objeto de luxo e vaidade.
O decreto de Gratien (1140) insiste em que o hábito deve ser usado em toda parte, na rua, em viagem ... Gratien comenta esta posição citando Santo Agostinho, que afirmava que freqüentemente as desordens do corpo manifestam as desordens do espírito.
O Concílio de Trento traz a famosa expressão (muitas vezes deturpada em seu sentido original): “Mesmo considerando que o hábito não faz o monge, é necessário que os religiosos vistam sempre um hábito adequado a seu estado (...)”
O primeiro Concílio de Milão (1565) impôs a cor negra e o quarto (1576) lembra a obrigação de usar a batina na Igreja mesmo quando não se use a capa.
Sixto V (1585-1590) trará, por assim dizer, a pedra final ao edifício com a Constituição “Cum Sacrosancta”, obrigando os padres a usar a batina. Impôs punições severas a quem desobedecesse. Quatro anos mais tarde esta lei será abrandada, voltando à interpretação mais genérica que prevalecera no Concílio de Trento; os padres devem usar um hábito conveniente a seu estado e de acordo com as disposições de seu bispo.
O Código de 1917 (can. 136) pede aos padres que usem um hábito eclesiástico conveniente (decentem) segundo os legítimos costumes do lugar e do Bispo. Sem outras definições mas com penalidades que podem ir até à perda do cargo ou estado clerical.
Pouco antes do Concílio Vaticano II, o Sínodo de Roma de 1960 lembra que os padres residentes em Roma devem usar a batina.
Nos documentos posteriores ao Concílio encontramos sobretudo argumentação para convencer os padres a usar a batina nesta época de tantas contestações.
Em 1966, a Conferência Episcopal Italiana aconselha que para “vantagem pessoal do padre” e “edificação da comunidade, a batina deve ser a vestimenta normal dos padres”; o clergyman sendo reservado para as viagens ou quando for necessário por comodidade...
Neste mesmo ano, a Cúria alerta que os padres que trabalham no Vaticano devem usar a batina. E Paulo VI se lamentou em 17 de Setembro de 1969: “fomos longe demais na intenção, em si louvável, de inserir o padre no contexto social, até o ponto de secularizar sua forma de viver, de pensar, e mesmo seu hábito, com o grave risco de enfraquecer sua vocação e de ridicularizar seus compromissos sagrados assumidos diante de Deus e da Igreja”.
João Paulo II, em uma carta endereçada ao Cardeal Vigário exprime seu pensamento sublinhando mais uma vez a importância do uso do hábito, “testemunho da identidade do padre e de que pertence a Deus” ... “em um mundo tão sensível à linguagem das imagens”.
O Código de 1983 não traz modificações substanciais, de acordo com o autor do livro. Entretanto duas medidas foram tomadas que não favorecem o uso da batina: não cabe mais ao Bispo definir o hábito a ser usado em sua diocese (batina, clergyman, etc...) mas à conferência episcopal.
O Código não menciona mais penalidades para os contraventores: não usar o hábito, de acordo com o novo código, não é mais considerado um delito contra as obrigações particulares do estado religioso. Não se mudou a lei, mas é como se ela não tivesse mais que ser considerada.
Em 1999, o Papa ainda tenta convencer: “é um dever de se mostrar sempre tais como sois a todos, com uma humilde confiança, com este sinal externo: é o sinal de um serviço sem descanso, sem idade, porque ele está gravado em sua própria alma”.
Fonte: http://catolicostradicionais.blogspot.com - www.rainhamaria.com.br