05.04.2010 - O teólogo da libertação, Leonardo Boff, falou sobre o celibato e a pedofilia em recente artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, edição de ontem. Em pleno espírito de Páscoa, as palavras de Boff soam desgostosas especialmente para os católicos que conhecem a doutrina da Igreja sobre o sagrado celibato, doutrina essa que foi reafirmada no Concílio Vaticano II e chamada recentemente pelo Papa Bento XVI de “riqueza inestimável” (cf. Sacramentum Caritatis, n. 24).
No artigo, que foi também publicado pelo IHU Online, Boff afirmou que, para o Papa Bento XVI, “o importante não é que a Igreja seja numerosa”; “[b]asta que seja um ‘pequeno rebanho’, constituído de pessoas altamente espiritualizadas”. O fato é que, como por diversas vezes afirmou não só o atual papa, mas também seu antecessor, João Paulo II, a Igreja não faz proselitismo. Ela não deseja fiéis “a qualquer custo”. Ela primeiro se mantém fiel ao Evangelho de Cristo. Quer agradar a Deus; não aos homens. E nisso o Papa está corretíssimo, porque, afinal, uma religião que deseja antes agradar aos homens não pode ser nunca digna de respeito. No entanto, isso não significa que a Igreja deseje “um pequeno rebanho”. A Igreja leva o Evangelho a todos os povos, busca mostrar aos homens o caminho da salvação, da vida eterna; assim como o bom pastor, busca aquelas ovelhas que se afastaram do amor de Deus e não gozam mais da paz de Cristo. No entanto, o que Boff quer é que, para que a Igreja arrebanhe cada vez mais pessoas, ela mude seus princípios, se preciso for até os dogmas ditados pelo Espírito Santo a ela. Isso é simplesmente inaceitável, pois sabemos bem que a Igreja, como guardiã do Evangelho de Cristo, não pode se corromper nem se manchar; deve, pelo contrário, ser fiel ao seu Senhor e obediente às palavras de Cristo.
No mesmo parágrafo o teólogo conclui que, dentro desse pequeno rebanho que quer Bento XVI que a Igreja seja, “há pecadores criminosos e é tudo menos um ‘mundo reconciliado’.” De certo modo, ele define esses pecadores criminosos como pessoas altamente espiritualizadas. De certo modo, ele quer afirmar que esses padres que praticam esses atos abomináveis estariam em conformidade com as leis da Igreja e com as palavras do nosso Pastor. Outro absurdo sem tamanho, que não precisa nem ser deplorado, uma vez que é evidente a inconformidade da pedofilia e do homossexualismo com os ensinamentos da Santa Madre Igreja. A recente carta pastoral do Sumo Pontífice aos católicos na Irlanda enfatiza ainda mais esse ponto.
Mas ele continua: “[E]stá na hora de a Igreja romano-católica fazer o que todas as demais Igrejas fizeram: abolir o celibato imposto por lei eclesiástica e liberá-lo para aqueles que veem sentido nele e conseguem vivê-lo com jovialidade e leveza de espírito.” De modo implícito, Boff culpa o celibato pelos casos de abusos sexuais presentes no clero. Ora, e o que falar dos casos de pedofilia cometidos por não-celibatários? Seriam eles “exceções” mesmo quando sabemos que maior parte dos casos de abusos sexuais com crianças é cometido por pessoas que nem sequer pensam no celibato?
“[A] sexualidade possui um vigor vulcânico”, nas palavras de Boff. Mas, é possível controlar nossos instintos. E a castidade consiste nisso: não em “reprimir”, mas em submeter as nossas paixões à razão. “A virtude da castidade não exige de nós que nos tornemos insensíveis ao estímulo da concupiscência, mas que o subordinemos à razão e à lei da graça, esforçando-nos, segundo as próprias forças, por seguir o que é mais perfeito na vida humana e cristã” (Sacra Virginitas, n. 34).
Segundo Boff, “o celibato não pode nascer de uma carência de amor”; “deve resultar de uma superabundância de amor a Deus que transborda para os que estão a sua volta.” Mas, é justamente essa a doutrina da Igreja sobre o celibato! A solução, portanto, não deve ser a extinção do celibato (veja como o teólogo se contradiz no seu artigo), mas sim a correta aplicação dos ensinamentos da Santa Sé. “O celibato sacerdotal, vivido com maturidade, alegria e dedicação, é uma bênção enorme para a Igreja e para a própria sociedade” (Sacramentum Caritatis, n. 24); por isso, “a Igreja mantém sapientissimamente o celibato dos padres; sabe que ele é e há de ser fonte de graças espirituais e de união com Deus, cada vez mais íntima” (Sacra Virginitas, n. 38).
È essa a verdade. Chega de ouvirmos Küng, Boff e outros bradarem irracionalmente dizendo que a Igreja deve extinguir o celibato como se ele fosse a causa – não pode haver afirmação mais absurda e insana – da existência de abusos no clero. Chega de ouvir teólogos da libertação dizendo que em nome “de uma comunidade fraterna e igualitária”, a dignidade do sacerdócio deve ser reduzida e que a Igreja não abole o celibato simplesmente porque essa atitude seria contra sua estrutura “autoritária” e “patriarcal”. Tudo isso não passa de um grito socialista ensandecido que não suporta ter que se submeter à autoridade. E a autoridade, Jesus Cristo a concedeu a Pedro: “Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 19).
Fiéis na obediência ao sucessor de Pedro, os católicos estão no caminho da salvação. A Virgem Santíssima auxilie e proteja a Igreja nesse momento tão difícil de sua caminhada.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com