Cardeal Cottier destaca coragem do Papa ao enfrentar escândalos


31.03.2010 - Entrevista do teólogo emérito da Casa Pontifícia em “La Repubblica”

ROMA.- Após a publicação da carta pastoral de Bento XVI aos católicos da Irlanda sobre abusos sexuais, o cardeal Georges Cottier, teólogo emérito da Casa Pontifícia, destacou a “coragem” do Papa e sua “firme condenação” dos crimes cometidos.

Entrevistado dia 21 de março pelo jornal italiano La Repubblica, Cottier afirmou que os crimes na Irlanda “foram encobertos com o silêncio dos bispos que deviam ter controlado, mas que, talvez por medo do escândalo, preferiram guardar silêncio, ou no máximo transferir os sacerdotes acusados de abuso para outras paróquias; eles se equivocaram”, disse.

“Infelizmente, houve muita rapidez” ao tratar esses eventos – afirmou. Pode ser também que alguns esperassem que certas patologias, como a pedofilia, pudessem-se curar”.

“Erros muito graves que causaram danos tão graves a crianças inocentes, muitas das quais ficaram marcadas para toda a vida”. Isso “nunca deve voltar a acontecer”, disse.

O ex-teólogo da Casa Pontifícia também evocou a carta de Bento XVI como um verdadeiro “passo adiante na luta contra um mal atroz infiltrado na Igreja e na sociedade”.

O Papa “escreveu um texto importante, detalhado, muito profundo” – considera –, uma carta “que servirá verdadeiramente para combater o mal tão abominável que é a pedofilia e a violência sexual contra menores”.

Mas se bem que esta carta foi escrita aos católicos irlandeses, não por isso deixa de dirigir-se “a toda Igreja e a todos as pessoas de boa vontade”, a quem o Papa exorta a “colaborar para que estes casos tão graves não se repitam no futuro”.

Na carta, Bento XVI “demonstra sua coragem, sua sensibilidade pastoral, mas sobretudo sua atenção às vítimas e uma firme condenação”, acrescentou o cardeal Cottier.

O teólogo emérito da Casa Pontifícia referiu-se aos “aspectos” da carta “que fazem refletir”.

Ele destacou “o nível espiritual e a importância da misericórdia que permeia todo o texto”.

“O Papa dirige-se como um pai a todos os cristãos, fala às vítimas, aos pais, às famílias, mas também aos responsáveis destes atos obscenos, chamando-os com firmeza a pedir perdão pelo mal cometido, a se submeter à justiça civil e a fazer penitência”.

Bento XVI também realiza “uma boa análise das grandes mudanças sociais que têm causado tanta dor nestes últimos anos”.

Não deixa de “convidar todo o corpo da Igreja a voltar a refletir sobre a vida apostólica e sacerdotal”, destacou o cardeal.

“É um apelo destinado não só a estes homens da Igreja que atuaram mal, mas a todos os que cometem abusos de menores na sociedade, nas famílias ou em viagens turísticas com fins sexuais.”

Fonte: www.zenit.org


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