15.03.2010 - A Igreja Católica anunciou neste fim de semana o afastamento das atividades eclesiásticas de dois monsenhores e um padre do município de Arapiraca (AL), a 130 km de Maceió. Eles são acusados de participarem de esquema de pedofilia e vão responder a um inquérito policial por conta de denúncias feitas por ex-coroinhas e familiares.
A decisão da igreja foi anunciada durante celebração no último sábado (13) à noite, pelo bispo da diocese regional, Dom Valério Breda. Nesta segunda-feira (15), a cúria diocesana se reuniu para definir o nome dos substitutos das paróquias, entre elas, a catedral de Nossa Senhora do Bom Conselho, comandada por um dos acusados.
A Polícia Civil já instalou inquérito para investigar o caso. Duas delegadas já foram designadas para apurar as denúncias. O pedido de investigação partiu do Ministério Público Estadual.
O escândalo de pedofilia foi denunciado na última quinta-feira (11) pelo programa Conexão Repórter, do SBT. A reportagem especial, feita pelo jornalista Roberto Cabrini, denunciou diversos casos de pedofilia envolvendo membros da igreja. Vários ex-coroinhas relatam casos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes.
Um vídeo mostra um dos monsenhores praticando sexo com um jovem de 19 anos. A gravação seria de janeiro de 2009 e teria sido feita por outro ex-coroinha, que também teria sofrido abusos do padre.
O jovem contou que desde os 12 anos, quando ingressou na igreja, era assediado sexualmente pelo monsenhor. “Ele pegava nos órgãos genitais durante a missa, beijava minha boca na sacristia. Não tinha como defender. Hoje tenho muito medo do que possa acontecer comigo. Não posso ver um carro na minha porta que fico com medo”, contou o jovem identificado como Fabiano. Outros ex-coroinhas também denunciaram casos, e acusaram os outros dois integrantes da igreja de participarem do esquema.
As imagens causaram grande repercussão na cidade, que tem 200 mil habitantes e é a segunda maior de Alagoas. O DVD com gravações das cenas de sexo é vendido por ambulantes da cidade, que o comercializam por R$ 5,00.
Segundo moradores, o monsenhor Luiz Marques, um dos afastados pela Igreja, era reconhecido como um dos religiosos mais conservadores da região agreste. Como prova da influência, ele foi homenageado com o título de monsenhor e dá nome a uma escola municipal, além de ter sido um dos escolhidos pela igreja, na década de 80, para receber o então papa João Paulo 2º no Nordeste.
“Ele era um padre dos mais respeitados aqui do agreste. Ele se diz muito puritano. Uma vez, celebrando um casamento, ele mandou o noivo tirar o paletó para cobrir o decote da noiva, caso contrário não seguiria com a celebração”, contou ao UOL Notícias uma ex-frequentadora da igreja.
Depois da repercussão, outras famílias procuraram a imprensa e a polícia para denunciar novos casos de assédio. “Eu tinha 16 anos e o padre começou a passar a mão em mim dentro da sacristia. Nunca tive coragem de denunciar, porque não foi tão grave e não passou disso”, contou José Marques, 38, que procurou um site local para denunciar o caso.
Advogado nega
O advogado do monsenhor, Daniel Fernandes, afirmou que toda relação sexual contida no vídeo foi consentida pelos adolescentes e negou prática de pedofilia do seu cliente. Segundo ele, os jovens teriam tentado extorquir o monsenhor pedindo R$ 5 milhões para não divulgar o vídeo. Um documento chegou a ser assinado pelos ex-coroinhas, em junho de 2009, onde eles se comprometeriam em não divulgar e destruir o vídeo, em troca do "pagamento de uma dívida de cartão de crédito" superior a R$ 32 mil.
Durante o programa do SBT, o monsenhor não negou o assédio sexual a menores. “Não preciso admitir, nem negar. É caso de confessionário. Só ao meu confessor eu posso dizer qualquer pecado meu. Não admito que o senhor venha na minha casa saber disso. O senhor não tem esse direito, de entrar na minha privacidade”, disse.
Já os outros dois integrantes da igreja acusados de participarem do esquema negam qualquer ato ou assédio sexual a menores. Eles afirmaram, segundo a diocese regional, que esperam a investigação da Igreja.
Diocese lamenta
Em nota nesta segunda-feira, a diocese regional lamentou as denúncias e se disse chocada com as imagens. “Reprovamos, de forma irrestrita e com o coração despedaçado pela vergonha e pela tristeza, os fatos, mesmo que ainda não provados, veiculado na referida reportagem, que revoltam a são consciência humana e cristã”, diz o texto, acrescentando que “se há jovens vítimas, como a apresentação dos fatos parece aludir, sentimo-nos ainda mais consternados e no dever da reparação”.
Ainda segundo a diocese, nenhuma das supostas vítimas ou familiares procuraram oficialmente a igreja para fazer qualquer denúncia. Mas, por conta da repercussão, a igreja abriu processo de investigação interno e, “por prudência”, afastou preventivamente os acusados da atividade paroquial.
“Considerando a urgência e a necessidade de preservar a honra e o direito das pessoas citadas e da Igreja Católica, frente à gravidade dos fatos acima mencionados, decretamos a abertura de Processo Administrativo Penal, nos termos do Código Canônico. Estamos a total dispor das autoridades da polícia e da Justiça em geral para tudo o que se fizer necessário”, conclui a nota.
Fonte: UOL noticias
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Artigo de Jorge Ferraz: Abusos cometidos em nome de Deus
14.03.2010 - O título deste post é uma das frases ditas pelo Roberto Cabrini, logo no início do “Conexão Repórter” que foi ao ar durante a semana e falou sobre “pedofilia na Igreja” (este é o título dos vídeos). O programa, de uma hora de duração, exibiu as investigações feitas pelo repórter e sua equipe em Arapiraca, cidade do interior de Alagoas onde surgiram denúncias de padres que abusavam sexualmente de coroinhas.
Há um texto sobre o assunto no próprio Conexão Repórter. O programa pode ser visto na internet, dividido em duas partes (aqui, sob os títulos “Pedofilia na Igreja Católica – Parte 1″ e “Pedofilia na Igreja Católica – Parte 2″, do lado direito).
Terrível. Um coroinha gravou um vídeo no qual outro mantém relações sexuais com um padre, o Monsenhor Luiz Marques Barbosa – 82 anos, natural de Maceió, 58 anos de sacerdócio. Cenas explícitas, cujas imagens o programa teve o cuidado de borrar, mas que nem por isso são menos chocantes. O vídeo é passado ao longo de todo o programa, entrecortado pelos depoimentos dos coroinhas, dos familiares, de paroquianos, dos sacerdotes acusados – que são três: o mons. Luiz Marques, o mons. Raimundo Gomes e o pe. Edilson Duarte. Sobre o assunto, só alguns comentários:
1. Não tem nada de “abusos cometidos em nome de Deus” (e nem de outra frase que o sr. Cabrini diz, sobre as cenas revelarem “uma face obscura da Fé”). Os abusos [ao menos, os que foram provados] foram cometidos por um sacerdote homossexual (registre-se) que não soube honrar os votos que fez à época da sua ordenação, em nome de sua própria fraqueza, e não no de Deus. Esta face obscura não é “da Fé”, e sim de um sacerdote que não soube conformar a própria vida à Fé que professa (ou deveria professar). Há uma evidente e radical incompatibilidade entre a Doutrina Cristã e os atos dos quais são acusados os três sacerdotes.
2. O mons. Luiz Marques foi filmado em atos de homossexualismo, e não de pedofilia. O coroinha que aparece nas gravações tem dezenove anos, e o que as imagens mostram é uma relação sexual consentida – não um estupro.
3. O celibato sacerdotal não tem nada a ver com o assunto. Sobre os recentes escândalos na Alemanha, o Wagner já comentou e o Everth já comentou. Do primeiro, aliás, destaco: “A ligação entre crimes de pedofilia e celibato não é óbvia quando levamos em conta os casos de abuso sexuais registrados na Alemanha desde 1996, por exemplo. Dos 210 mil casos, 94 afetam pessoas ou instituições ligadas à Igreja Católica. Para fins matemáticos, isso corresponde a 0,044%”. É portanto visível o sensacionalismo.
4. Chega a ser impressionante como os mesmos meios de comunicação que exaltam o gayzismo e fazem apologia da cultura gay, criticando a Igreja por Sua Doutrina contrária aos atos homossexuais, rasgam as vestes e mostram-se escandalizados quando um padre homossexual é flagrado em atos sexuais com um homem (é isso o que o vídeo mostra). A Igreja é atacada quando Se diz contrária aos atos homossexuais defendidos por uma parte da mídia, e depois esta mesma mídia ataca a Igreja quando, à revelia d’Ela, um sacerdote comete estes atos homossexuais!
5. Como comentou o Ramalhete numa lista de discussões, o melhor seria que padres assim ficassem em aljubes. A palavra vem do árabe, significa “buraco” e consiste basicamente em um buraco, mesmo, onde os padres que cometiam atos deste tipo eram jogados e ficavam, sem previsão de saída, podendo meditar nas besteiras que fizeram, sem a presença de tentação e sem possibilidade de causar escândalo (aliás, descobri agora há pouco que existe um desses, transformado em museu, aqui em Olinda). Claro, para isso acontecer seria preciso haver foro eclesiástico, e seria preciso que deixassem a Igreja cuidar dos Seus em paz.
Fonte: http://www.deuslovult.org