14.03.2010 - “Vivemos em um contexto cultural marcado por uma mentalidade hedonista e relativista, que procura eliminar Deus do horizonte da vida, não favorece a aquisição de um quadro claro de valores de referência e não ajuda a discernir o bem do mal e a desenvolver um justo senso de pecado. Essa situação torna mais urgente o serviço de administrador da Misericórdia Divina. Não devemos esquecer, de fato, que existe um tipo de círculo vicioso entre o ofuscamento da experiência de Deus e a perda do senso de pecado.”
“No entanto, se olharmos para o contexto cultural em que viveu São João Maria Vianney, vemos que, em muitos aspectos, não era assim tão diferente do nosso. Mesmo no seu tempo, de fato, existia uma mentalidade hostil à fé, expressa por forças que cercavam e tentavam impedir o exercício do ministério. Em tais circunstâncias, o Santo Cura d’Ars fez “da igreja a sua casa”, para conduzir os homens a Deus. Ele viveu com radicalidade o espírito de oração, a relação pessoal e íntima com Cristo, a celebração da Santa Missa, a Adoração eucarística e a pobreza apostólica, tornando-se, para seus contemporâneos, um sinal evidente da presença de Deus, conduzindo muitos penitentes para a escuta em seu confessionário. Nas condições de liberdade em que, hoje, podemos exercer o ministério sacerdotal, é necessário que os padres vivam de modo “muito mais intenso” a sua resposta à vocação, porque somente aqueles que se tornam no dia a dia presença viva e clara do Senhor podem suscitar nos fiéis um senso de pecado, dar coragem e fazer nascer o desejo do perdão de Deus.”
“Queridos irmãos, é necessário retornar para o confessionário, como lugar no qual celebrar o Sacramento da Reconciliação, mas também como lugar em que “habitar” com mais frequência, para que o fiel possa encontrar misericórdia, conselho e conforto, sentir-se amado e compreendido por Deus e experimentar a presença da Misericórdia Divina, ao lado da Presença real na Eucaristia. A “crise” do sacramento da Penitência, de que muitas vezes se fala, interpela, acima de tudo, ao padre e sua grande responsabilidade de educar o Povo de Deus às radicais exigências do Evangelho. Em particular, peço que vos dediqueis generosamente à escuta da confissão sacramental; que guiem com coragem o rebanho, para que ele mesmo não se conformem com este mundo (cf. Rm 12, 2), mas saiba fazer escolhas também contra a corrente, evitando a acomodação ou compromissos com ela. Para isso, é importante que o sacerdote tenha uma permanente tensão ascética, nutrida na comunhão com Deus, e se dedique a uma atualização constante no estudo da teologia e das ciências humanas.” (Papa Bento XVI, Discurso à Penitenciária Apostólica, § 4-5; 11 de março de 2010)
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É o Papa quem fala! É o Sumo Pontífice quem se pronuncia: Queridos irmãos, é necessário retornar para o confessionário. Os sacerdotes devem estar sempre disponíveis para atender os fiéis nas suas necessidades espirituais. Infelizmente muitos padres têm deixado de lado essa disponibilidade para dar mais importância a um “serviço social”, muitas vezes relacionado a uma concepção errônea da sociedade, que corrompe e rejeita os dogmas da nossa fé.
O padre tem uma grande responsabilidade: educar o povo de Deus às radicais exigências do Evangelho. O Sacramento da Reconciliação nos remete à história do Filho Pródigo. Quantos filhos rebeldes querem voltar ao seio da Igreja, quantos cristãos querem recuperar a graça de Deus! Será que os pastores da Igreja estão sempre prontos a representar a Misericórdia Divina, que se manifesta de maneira especial na Eucaristia e no sacramento da Penitência?
A Quaresma é esse tempo de reflexão. Muitas vezes preocupamo-nos com aquilo que é secundário. Jesus está pronto a nos dizer: Buscai primeiro o Reino de Deus. Todas as outras preocupações são pequenas diante dessa, sumamente necessária. A Quaresma é, sobretudo, tempo de reconciliação. Quem dera os mutirões de Confissão que acontecem nas nossas paróquias durante esse tempo se estendessem pelo ano inteiro!
Caímos, sim. Mas queremos levantar. Dai-nos, Senhor, sacerdotes compromissados com o Evangelho, com as palavras da Igreja e com as necessidades espirituais do povo de Deus! Que todo o trabalho deles seja “para a glória de Deus, para a edificação da Igreja e para a salvação das almas”. Amém.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/