Chile: população se defende de saques com trincheiras nas ruas


02.03.2010 - "Apenas residentes", diz um letreiro com letras grosseiras na parte alta de uma barricada levantada com paus e pedras: os habitantes das áreas mais afetadas pelo terremoto no Chile, fartos dos saques e do abandono, decidiram defender-se sozinhos.

Em San Pedro de La Paz, uma localidade de Concepción que ficou isolada após o terremoto, sua população ainda não conseguiu ajuda. Mas chegam notícias de saques em outros locais e os moradores não querem ser surpreendidos. Por isso se organizam, para se protegerem e ficarem juntos durante o toque de recolher imposto pelo Governo.

"Quem é?", grita um homem, desconfiado, quando alguém se aproxima na escuridão. Ele guia o visitante com a luz da lanterna. Após se identificar com uma dezena de vizinhos que fazem guarda, o visitante, se amigo, entra passando abaixo de um letreiro que avisa "Não passar". Ninguém mais fala. Todos têm sono, mas também medo.

Na área, não há água potável nem energia elétrica, e a ponte Llacolén que a une a cidade está partida em duas com vários automóveis revirados, muitos deles desmantelados e incendiados.

No centro de Concepción, algumas pessoas também formaram trincheiras nas ruas e bloquearam as entradas com medo ataques de delinquentes.

O medo dos habitantes de serem vítimas de saques não é infundado. "Estão assaltando a casa do comandante", grita um bombeiro, que abandona o quartel junto com outro companheiro para chamar os militares e pedir sua intervenção. Passa das quatro da manhã e a simples presença do militar uniformizado afasta os intrusos.

O que começou com um rumor de que pequenas multidões estariam tentando saquear as casas mais ricas para se abastecer de mantimentos confirma-se com o passar das horas.

Em bairros mais ricos, alguns habitantes foram vistos com armas de fogo nas portas de suas casas.

Uma mulher, que se identifica como Gabriela, diz que "o marido de uma amiga foi obrigado a defendê-la com escopeta para que não entrassem em sua casa".

Após intensas 48 horas marcadas por saques, destruição e ataques a supermercados, nesta terça-feira o toque de recolher em Concepción foi prorrogado para 18 horas, das seis da tarde até o meio-dia.

Espalhadas por quase todos os acessos da cidade, as Forças Armadas controlam o trânsito de pessoas. Quem quer sair na hora de restrição deve pedir primeiro um salvo-conduto.

"Para onde vai? Seu salvo-conduto, por favor". O pedido do soldado é rude. Enquanto supervisiona se tanto o automóvel como seus ocupantes têm a permissão para transitar, outro militar está alerta com a arma em riste.

Os saques não são exclusivos de Concepción: na segunda-feira o prefeito do pequeno povoado de Hualpén enviou através da rádio uma mensagem angustiada a presidente Michelle Bachelet.

Em lágrimas, o prefeito Marcelo Rivera disse "por favor, senhora presidente, suplico que nos ajude, a cidade foi tomada por cerca de 500 pessoas com paus, que estão roubando os computadores, levando o que há nas casas dos vizinhos".

"Os delinquentes tomaram a cidade. Já não temos medo dos terremotos, temos medo deles", acrescentou.

Disse também que faz falta que o Governo envie um contingente do Exército para tomar conta da situação. "Se é preciso matar, que matem", falou.

Nesta terça-feira a presidente, ao fazer um balanço do terremoto, disse que "entendemos as angústias das pessoas, mas sabemos que há ações de crimes, e isso não vamos aceitar".

Não é aceitável "que as pessoas tenham que organizar mecanismos de autodefesa para cuidar do pouco que restou após o terremoto", disse Bachelet.

Fonte: Terra noticias

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Lembrando...

Vítimas de terremoto saqueiam empresas e alimentos no Peru

17.08.2007 - Vítimas do terremoto que destruiu cidades e matou pelo menos 510 pessoas no Peru saquearam nesta sexta-feira (17) algumas empresas e caminhões de alimentos.

Apesar do apelo por calma feito pelo presidente peruano, Alan García, dezenas de moradores de Pisco, a zona mais afetada, invadiram lojas, farmácias e padarias, segundo relato de repórteres da agência Reuters. Eles aproveitaram a desordem na distribuição da ajuda humanitária que chega de diversas partes do mundo.

A polícia teve de intervir e chegou a dar tiros para o alto, segundo imagens mostradas pela TV.

Cerca de 40 pessoas, cansadas de esperar numa fila, invadiram uma farmácia na praça central de Pisco e pegaram leite em pó, fraldas e outros produtos.

A poucos metros dali, outras dezenas de pessoas, inclusive crianças e idosos, entravam nos escombros de uma padaria, apesar dos riscos. Alguns levavam pães que restavam. Outros, saíam com botijões de gás, até que a polícia os expulsasse.

A imprensa local disse que moradores de localidades próximas estão rendendo motoristas e saqueando caminhões com alimentos que viajam de Lima a Pisco.

Segundo os últimos dados oficiais, o tremor de 8 graus na escala Richter matou pelo menos 510 pessoas e destruiu mais de 16 mil moradias em todo o país.

Passado o terremoto, Pisco se transformou em um lugar fantasmagórico, onde durante a noite milhares de pessoas vagam pelas ruas com cobertores e acendem fogueiras nas esquinas. Calcula-se que 70% da infra-estrutura foi destruída. A cidade está sem luz e a população teme seqüelas naturais e eventuais saques.

Fonte: G1

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Diz na Sagrada Escritura:

"Hipócritas! Sabeis distinguir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos?". (Mt 16,4)


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