24.02.2010 - O repositor de mercado Josemilton da Costa Barros mal consegue falar do novo “investimento”. A cada frase e meia inclui um “Deus me livre que isso aconteça”, mas está certo de que fez um bom negócio. Ele contratou há duas semanas um seguro por morte acidental que cobre até ocorrências com bala perdida.
Josemilton mora na favela da Rocinha, no Rio, uma das duas localidades escolhidas pela Bradesco Seguro e Previdência para lançar um produto inédito voltado para as classes C, D e E. Em São Paulo, o seguro está sendo oferecido aos moradores da favela de Heliópolis, na zona sul da capital.
O novo produto é um projeto-piloto da seguradora para entrar no mercado de microsseguros, que deve ser regulamentado ainda este ano no Brasil. Mais do que um “seguro popular”, que pode ser oferecido a clientes de qualquer classe social, o microsseguro é um produto direcionado exclusivamente à baixa renda, como uma forma de inclusão e até de assistência social. Nessa primeira etapa, o seguro da Bradesco Seguro e Previdência é voltado para pessoas que tenham entre 20 e 50 anos de idade e sejam clientes das agências do banco localizadas nas duas favelas.
Fonte: Agência Estado
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Lembrando...
Violência no Rio é comparável a zonas de guerra
16.04.2007 - É como se o hospital Getúlio Vargas ficasse no meio de uma zona de guerra. Sucateada, sem dinheiro e cercada por algumas das favelas mais violentas do Rio de Janeiro, a instituição trata feridos a bala quase todo dia.
"A única diferença de uma guerra é que aqui não há trégua", disse o diretor do hospital, Carlos Chaves. "Recebemos gente ferida a tiros a qualquer hora do dia. Num minuto está tudo bem, no seguinte está um caos."
No ano passado, o hospital tratou 473 pessoas com ferimentos de bala, sendo 27 crianças. A contagem para 2007 já está em 131, um ritmo que se for mantido irá, facilmente, superar o total do ano passado.
O drama no hospital Getúlio Vargas é um exemplo da violência que afeta o Rio, a cidade que há tanto tempo é a "cara" do Brasil no exterior. Nos últimos três anos, 19.381 pessoas foram assassinadas no Estado, a maioria na área metropolitana da capital. É mais que seis vezes o número de mortes de norte-americanos no Iraque desde 2003.
Embora os moradores das favelas sejam os mais atingidos pela violência, a estrutura da cidade ajudou a colocar o sangue nas portas dos mais ricos. Com favelas em morros ao lado de apartamentos, balas perdidas atingem qualquer um, a ponto de a cidade ter criado uma estatística oficial só para contabilizar esse tipo de caso.
"É a pior situação que já vi", disse Luke Dowdney, antropólogo e autor de um livro sobre o envolvimento das crianças no multimilionário narcotráfico carioca.
TENDÊNCIA NACIONAL
A criminalidade fez do Rio um lugar caro e difícil para se investir, principalmente no turismo. Os negócios da cidade gastaram o equivalente a 1,3 bilhão de dólares no ano passado para reforçar a segurança, dinheiro que poderia ter sido investido no crescimento e em contratações, segundo a câmara de comércio.
Embora seja difícil quantificar o impacto da violência sobre o comércio, os estabelecimentos dizem que o prejuízo é claro. "Não é tanto o que perdemos, o problema é o quanto deixamos de ganhar por causa da violência", disse Alexandre Sampaio, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares local.
O Rio tem pressa em amenizar a onda de violência, por causa da realização dos Jogos Pan-Americanos, em julho. As autoridades municipais querem usar a ocasião para mostrar a cidade como uma metrópole internacional.
Esse foi um dos motivos para o governador Sérgio Cabral ter quebrado o tabu da resistência e ter pedido ajuda ao governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu ao pedido despachando 450 soldados da força de segurança nacional para lá. Até julho, cerca de 6.000 soldados estarão patrulhando as ruas.
VIGILANTES
Ao mesmo tempo, a polícia reforçou as operações nas favelas para combater o tráfico, e o resultado foram tiroteios que aumentaram ainda mais o número de mortos. Só em janeiro, 526 pessoas foram mortas na cidade. No mesmo mês do ano passado, o número tinha sido de 480, segundo as estatísticas oficiais. Pelo menos mais 576 foram mortas em abril e março, de acordo com uma página na Internet que contabiliza as mortes violentas (http://www.riobodycount.com.br).
Mas as operações não estão conseguindo conter o crescimento das chamadas milícias, que vêm se multiplicando nas favelas da cidade nos últimos meses e que estão cada vez mais sendo citadas por consultorias estrangeiras como uma grave ameaça à estabilidade.
Formadas principalmente por policias aposentados e de folga, as milícias cobram dos moradores para proteger as favelas, mas muitas vezes são tão violentas quanto os traficantes.
Cabral já comparou as milícias aos grupos paramilitares da Colômbia e pediu a punição dos oficiais que tenham ligações com esse tipo de organização. Mas, enquanto os salários dos policiais continuarem baixos —eles ganham em média cerca de 1.000 reais por mês—, especialistas acreditam que a corrupção policial e as milícias só vão crescer.
As autoridades da área de segurança, no entanto, insistem que as milícias são uma ameaça menos significativa, mais fácil de enfrentar que os grupos de traficantes.
"As milícias são um problema? Sim. Mas são um problema menor que o tráfico de drogas e o tráfico de armas", disse Márcio Derenne, subsecretário da Segurança do Estado.
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Bandidos armados que controlam favela dão ultimato a paróquia no Rio de Janeiro
02.04.2009 - RIO DE JANEIRO .- O grupo armado que controla uma conhecida “favela” da cidade brasileira de Rio de Janeiro deu esta semana um “ultimato” à Arquidiocese para que fechem uma paróquia e seus centros de ajuda comunitária porque o pároco se nega a pagar a extorsão exigida pelos delinqüentes.
Os delinqüentes armados, que constituem uma verdadeira força paramilitar, controlam a “Associação de Vizinhos de Rio das Pedras”, no bairro carioca de Jacarepaguá, onde funciona a Paróquia Nossa Senhora de Loreto.
O presidente da associação de vizinhos, conhecido como “Beto Bomba”, líder de uma tropa que no bairro disputa o poder aos narcotraficantes, deu um ultimato ao Pe. Luis Antonio, pároco de Nossa Senhora de Loreto, para abandonar o prédio de apenas 150 metros quadrados antes de 5 de maio.
“Não sei os motivos do ultimato, mas a verdade a igreja não faz acordos com estes grupos”, disse o Pe. Luis Antonio; quem assinalou que não pensa abandonar a paróquia nem os centros comunitários.
Segundo o jornal “O Dia”, tropas paramilitares controlam mais de 500 comunidades em Rio de Janeiro com o argumento de combater em forma ilegal aos narcotraficantes. Como resultado da grave corrupção da Polícia Federal, estes grupos armados que impõem ordem em territórios até agora dominados por narcotraficantes, foram originalmente bem-vindos nos bairros mais pobres; até que montaram um sistema de extorsão e pagamento de serviços básicos aos vizinhos em troca de suposta proteção.
“Os vigilantes se converteram em uma nova forma de intolerável abuso”, assinalou o Pe. Luis Antonio.
Fonte: ACI