29.01.2010 - “Como eu já disse muitas vezes, a cultura moderna é fortemente influenciada por uma visão dominada pelo relativismo e subjetivismo, seja de método ou de atitude, por vezes, superficiais e até triviais, que afetam a seriedade da investigação e da reflexão e, consequentemente, também do diálogo, confronto e comunicação interpessoal. Parece, portanto, urgente e necessário recriar as condições essenciais para uma capacidade efetiva de aprofundamento no estudo e na pesquisa, para que se dialogue razoavelmente e se confronte eficazmente as diferentes questões, na perspectiva de um crescimento comum e de uma formação que promova o homem na sua totalidade e plenitude. À carência de pontos de referência ideais e morais, o que penaliza particularmente a vida civil e sobretudo a formação das novas gerações, deve corresponder uma oferta ideal e prática dos valores e da verdade, de razões fortes de vida e de esperança, que possam e devam interessar a todos, especialmente aos jovens.”
(Papa Bento XVI, Discurso às Pontifícias Academias, § 4; 28 de janeiro de 2010)
O Papa salienta mais uma vez a necessidade dos cristãos lutarem contra a influência do relativismo e do subjetivismo na cultura moderna. Mais uma vez… Foram inumeráveis os discursos em que o Santo Padre condenou enfaticamente a forma relativista de pensar. Foram incontáveis as vezes em que o Sumo Pontífice observou quão perigosa é para a pureza da fé cristã a afirmação de uma “verdade relativa”, que nada tem como definitivo. Mas, por que afirmar essa realidade de modo tão constante?
Porque infelizmente o que nós observamos nas universidades, nas escolas, na mentalidade dos professores, nos círculos de conversa e até mesmo nos seminários é justamente essa “ditadura do relativismo”. O mundo moderno se acostumou a olhar para a verdade como uma imposição ideológica preconceituosa. Se alguém afirma, por exemplo, uma realidade moral – como a realidade do aborto ou do casamento gay – então a pessoa reage de modo totalmente relativista: “Não me venha impor as suas verdades”. A pessoa fala isso de uma maneira tão convicta, como se, de fato, não existisse mais verdade… Fala como se esse princípio fosse uma mera convenção. A cultura moderna, então, deixa de considerar a Verdade como algo exterior, que nós buscamos conhecer através da razão; a verdade agora está dentro de nós e ela é fonte absolutamente confiável de autenticidade. O homem, mesmo que submeta a razão às suas paixões, se estabelece como fonte moral autônoma totalmente confiável.
Então os conceitos de justiça e moralidade se vêem totalmente ameaçados por essa idéia perversa e enganosa. Ora, se não há mais nada certo, se cada um estabelece sua própria moralidade e seus próprios conceitos e noções de verdade, então não podemos mais falar de instituições como Justiça e Religião; não podemos mais falar de liberdade submetida à autoridade! Destruímos a base da política moderna… Ora, existem princípios que devem ser respeitos! Existem valores que precisam ser defendidos! Existem leis que precisam ser cumpridas! O relativismo, ao tentar romper com a moralidade tradicional e a religião, vai descobrindo aos poucos que ameaça a própria integridade da esfera social. Se a Verdade não existe, então tudo é permitido! Encontramos não-casual semelhança entre essa conclusão e a famosa frase de Dostoievski: “O que será do homem sem Deus e sem imortalidade? Quer dizer que tudo é permitido agora?”
O brado de Dostoievski reflete justamente a realidade do relativismo que a sociedade contemporânea vivencia. Aqueles que crêem em Deus, sendo fiéis ao estilo de pensamento relativista, estão prontos para cair no abismo do ateísmo. Rejeitando a Verdade, estão rejeitando o próprio Deus! Santo Agostinho por diversas vezes se refere ao Altíssimo como o “Bem eterno e imutável”, “Sabedoria”, “Verdade”… Ao falar da verdade, questiona: “É ela semelhante a uma luz admiravelmente secreta e pública ao mesmo tempo. Ora, a respeito de algo que pertence assim universalmente a todos os que raciocinam e compreendem, poder-se-ia dizer que pertence como própria à natureza particular de alguém?”
Mais uma vez o Papa condena o relativismo. Ouçamos a Sua voz, às vezes tão desprezada; sigamos os Seus passos, por ora firmes e valentes. E não tenhamos medo. Há um belo projeto de salvação, que espera a todos aqueles que se empenham na batalha pela Verdade.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/