27.01.2010 - BHATKAL, ÍNDIA.- Três igrejas católicas foram depredadas nos últimos dias na província indiana de Karnataka, aparentemente por grupos extremistas hindus. Segundo a imprensa local, os ataques seriam uma represália às recentes violências sofridas pela comunidade indiana na Austrália, que deixaram dois mortos.
O partido hindu de extrema direita Sri Sama Sene publicou em 19 de janeiro uma declaração na qual acusava “os cristãos da Índia de serem parte ativa da conspiração que atinge os indianos hindus na Austrália”.
Para o governador da província de Karnataka, B. S. Yeddyurappa, os ataques “têm como único propósito danificar a imagem do governo”.
As depredações se iniciaram em 22 de janeiro, quando um grupo tentou derrubar a cruz da igreja de Nossa Senhora de Lourdes, na diocese de Karwar. A cruz foi danificada, mas os féis conseguiram impedir que fosse destruída. Alguns dos vândalos foram presos pela polícia, entre eles seu suposto líder, Shankar Naik.
Durante a noite de 24 para 25 de janeiro, a gruta de Lourdes em Taranmakki foi saqueada, e os vidros que protegiam a estátua de Nossa Senhora foram quebrados a golpes de pedra.
Posteriormente, na madrugada do dia 25 de janeiro, um grupo não identificado invadiu a gruta de Lourdes da igreja da Sagrada Família, em Inkal, e destruiu completamente a estátua de Nossa Senhora.
Em 26 de janeiro, Dom Thomas Antony Vazhappilly, bispo de Mysore, declarou à agência Ucanews que “era evidente que não se tratava de uma tentativa de furto”, como afirmava a polícia até então.
Para o padre Joseph, pároco da igreja da Sagrada Família, os vândalos certamente provém de outras regiões, visto que as relações entre cristãos e hindus na comunidade de Inkal sempre foram excelentes.
Mas atos de hostilidade contra cristãos já ocorreram outras vezes. “Em fevereiro de 2002, nossa igreja foi atacada por um grupo de cerca de 70 extremistas hindus, armados de espadas, facões e barras de ferro, que agrediram os fiéis que celebravam a Missa – inclusive mulheres e crianças”, contou padre Joseph.
À época, tais ataques foram justificados por acusações de que a Igreja local promoveria “conversões forçadas”, acrescentou.
Dom Bernard Moras, arcebispo de Bangalore e presidente do Conselho dos Bispos Católicos de Karnataka, reagiu condenando firmemente os ataques e pedindo ao governo “ações para a proteção da comunidade cristã”.
O governo de Karnataka é acusado por alguns representantes da comunidade cristã de ser complacente frente aos atos de violência perpetrados por extremistas hindus.
Fonte: www.zenit.org