O livre-arbítrio e o problema do mal


21.01.2010 - Em forma de diálogo, respondamos a seguinte questão: Deus criou o mal? E ainda: Seria a liberdade um mal ou um bem? Todas essas questões resolvidas estão expostas no livro O Livre-Arbítrio, de Santo Agostinho.

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Ateu: Se Deus criou tudo o que existe e o mal existe, então Deus criou o mal.

Cristão: Deus, sendo bom, não pode criar o mal. Mas, como resolver esse dilema?

Imagine uma bola onde está escrito: “Obedeça a seus pais”. Deus lhe deu liberdade, essa capacidade que você tem de obedecer aos seus pais ou não. Ao obedecê-los você está guiando a sua liberdade à aceitação dessa bola. Ao desobedecê-los, no entanto, você está conduzindo a sua liberdade à rejeição da bola. Ao rejeitá-la, contudo, nenhum outro objeto foi criado. Você apenas escolheu. Nada mais. A renúncia à obediência é a desobediência. Ora, a obediência existe, de fato. Mas, a desobediência é apenas uma negação dessa realidade já criada.

Agora, imagine uma bola onde está escrita a palavra “bem”. Você, como ser livre, tem duas opções ou aprecia essa bola, ou a rejeita. A sua rejeição significaria praticar o mal, e não a criação de outra bola. Em termos mais exatos, para que você seja bom, é preciso que você fique com o bem. Para praticar o mal, no entanto, basta que você não fique com ele, que você renuncie ao bem. Assim sendo, o mal é resultado de uma renúncia, atitude de nossa liberdade, e não de Deus.

Deus, de fato, tudo criou. Mas, o mal não existe assim como o bem. Aquele é apenas uma negação desse. Portanto, Deus não criou o mal. Quem o pratica é o homem quando abusa da sua liberdade.

Ateu: Ora, se a culpada pela escolha do mal é a liberdade, penso que Deus não deveria concedê-la a nós.

Cristão: O livre-arbítrio não é de modo algum um mal. O mau uso do mesmo, no entanto, não pode ser um bem. O fato é que, sem o livre-arbítrio, não poderíamos sequer praticar o bem. Ele de fato existiria – a bola não deixa de existir só porque eu não tenho liberdade – mas eu não poderia escolhê-la. Assim, sem o livre-arbítrio não podemos ser bons. Com efeito, Deus não impõe a bola a nós, como se fôssemos obrigados a praticar o bem. Se Ele isso fizesse, não seríamos verdadeiramente felizes pois estaríamos praticando algo forçadamente. Assim, o livre-arbítrio é certamente um bem. O mau uso da liberdade, a rejeição do Bem eterno e imutável, contudo, se apresentam como ruins, e não a liberdade em si, que nos torna capazes do bem.

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/

 


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