15.01.2010 -A hipótese de um terremoto de consequências graves no Brasil é muito rara mas não pode ser descartada, segundo George Sand França, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis- UnB). Em entrevista à BBC Brasil, França enumera uma série de fatores que poderiam influenciar no resultado de um tremor em território brasileiro, como o aumento da densidade populacional, a falta de estruturas resistentes a abalos e comparações com catástrofes ocorridas em locais com características geológicas semelhantes.
Um dos exemplos citados pelo especialista é a série de terremotos que atingiu a cidade de New Madrid, hoje no Estado americano do Missouri, entre 1811 e 1812. Os tremores chegaram a ser sentidos em Nova York e Boston, a milhares de quilômetros de distância.
"Esses abalos atingiram até 8,2 graus na escala Richter em uma área que fica no meio da placa norte-americana e não nos seus limites, onde é mais comum ocorrerem terremotos fortes", disse França. "Deveria servir de alerta para o Brasil porque o país também está no meio de uma placa, a sul-americana, cujos limites estão no meio do Oceano Atlântico, a leste, e na costa dos países do Pacífico, a oeste."
Mais pessoas
Desde o início das primeiras medições instrumentais, no início da década de 50, o tremor mais forte já registrado no Brasil atingiu 6,2 graus e ocorreu em 1955 em Porto dos Gaúchos (MT). "Hoje, a concentração demográfica da região é muito maior, então dá para se imaginar o que pode acontecer se houver um terremoto igual novamente", afirmou França. "E vai haver outro. Não sei quando - posso até nem estar mais vivo - mas vai haver."
Segundo o especialista, a qualidade das construções também precisa ser revista para se reduzir a possibilidade de uma catástrofe. "É preciso lembrar que no Brasil um terremoto entre 4,0 e 5,0 graus tem um impacto muito forte, já que não temos a estrutura do Japão e dos Estados Unidos para fazermos construções mais resistentes a abalos, e porque falta uma boa fiscalização das construções", afirmou o especialista.
Em 2007, um tremor de 4,9 graus atingiu as cidades de Caraíbas e Itacarambi (MG), destruindo várias casas e matando uma menina de 5 anos. Foi a primeira vez que um tremor deixou uma vítima fatal no país. "Essa morte ocorreu porque a casa onde a menina morava não estava preparada para o sismo", explicou França.
Investimentos
Já para o britânico Julian Bommer, professor de avaliação de risco de terremotos do Imperial College, de Londres, a frequência e a intensidade dos tremores no Brasil não justificam um investimento em estruturas específicas para resistir a abalos. "É melhor gastar com a proteção a incidentes mais comuns e urgentes no país, como a violência e as inundações", afirmou ele à BBC Brasil. "Apenas para estruturas mais críticas, como barragens e usinas nucleares, deveria se investir em construções anti-sísmicas."
Bommer, no entanto, endossa a ideia de que, apesar de ser uma possibilidade muito pequena, o Brasil pode estar sujeito a um terremoto de consequências graves. "É preciso lembrarmos que os tremores ocorrem em intervalos que podem ser de séculos, e que nos 500 anos do Brasil ainda não se experimentou um abalo muito forte", explicou.
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Terremoto de 6,1 graus na escala Richter atinge região amazônica no Brasil
21.07.2007 - Um terremoto com magnitude de 6,1 graus na escala Richter atingiu a região da Amazônia no Brasil na manhã deste sábado, informou a agência de acompanhamento geológico dos Estados Unidos. O tremor ocorreu pouco antes da 9h30, a 171 km a leste do município de Cruzeiro do Sul (AC), numa profundidade de 632 km.
A Defesa Civil do Acre não recebeu chamados ou registros de impactos do tremor. Além da área atingida ser pouco povoada, a grande profundidade do epicentro do tremor impede que o tremor tenha força ao chegar à superfície.
Segundo a GloboNews, o Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UNB) informou que o movimento nem chegou a ser percebido pela população. O tremor foi resultado do movimento de placas tectônicas.
Na Região Norte, onde os tremores são freqüentes, são registrados os terremotos com maior magnitude do Brasil. Em 21 de junho, um tremor de terra atingiu a hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, a 427 km da capital Belém.
Hoje, no norte da Argentina, também foi registrado um tremor semelhante, de 6,2 graus, segundo a agência americana. O epicentro do tremor foi na região de Jujuy, às 11h34 (horário de Brasília), 140 km ao leste de Tarija, na Bolívia, numa profundidade de 237 km.
Redação Terra
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"Porque as comportas do alto se abrem e os fundamentos da terra tremem. A terra se quebra, a terra é abalada violentamente, a terra é fortemente sacudida. A terra cambaleia como um bêbado, é agitada como uma cabana. Sua rebelião pesa sobre ela, ela cairá e já não se levantará". (Is 24, 18-20)