Mas, recebi no dia de ontem, por e-mail, uma carta assinada justamente por Dom Lélis Lara, na qual ele fala dos males da maçonaria e da impossibilidade de um católico pertencer às associações maçônicas. O documento data de 21 de novembro de 2004, antes de ele discursar em templo maçônico e proferir palavras totalmente contrárias ao ensinamento do Magistério da Igreja. A minha intenção, ao publicar essa carta que segue, não é introduzir questionamentos acerca do pensamento atual ou de uma suposta mudança de mentalidade que o bispo possa ter tido nesse período de 5 anos (entre a data do documento condenando a maçonaria e o discurso modernista numa loja da franco-maçonaria)… O que precisamos é deixar bem claro que aquilo que a Igreja ensina, ou seja, que não é possível pertencer à maçonaria sendo católico, não é uma instrução antiga ou atrasada. A exortação da Igreja é bastante atual!
Ser católico é sobretudo ser responsável, ser responsável com as nossas atitudes, com os nossos pensamentos e principalmente com a nossa fé. Ouvir à voz da Igreja e do Santo Padre não é uma escolha; mas uma obrigação toda pessoa que se diz verdadeiramente cristã. O parecer da Igreja não mudou… Sigamos as suas santas recomendações.
Segue a carta de Dom Lélis Lara.
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PARECER DA IGREJA CATÓLICA
QUANTO A UM FIEL PERTENCER À MAÇONARIA
DOM LÉLIS LARA
Coronel Fabriciano, 21 de novembro de 2004
Prezados leitores:
Tenho recebido muitas consultas sobre Maçonaria, por exemplo, se um católico pode se inscrever na Maçonaria, se um maçom pode comungar e outras.
Achei oportuno escrever este artigo sobre a matéria, imaginando que muitas pessoas também tenham as mesmas dúvidas e queiram se esclarecer. Para muitos a Maçonaria é uma entidade filantrópica, semelhante a um clube de serviço como Rotary e o Lions. Para esses poderia parecer implicância da Igreja Católica vetar aos seus fiéis o ingresso na Maçonaria.
Na realidade a Maçonaria não é mera entidade filantrópica. Ela se apresenta também como instituição com princípios filosófico-religiosos.
Por diversas vezes, ao longo dos séculos, a Igreja católica condenou a maçonaria. Nunca ficaram muito claras as razões aduzidas para essas condenações. Podemos talvez dizer que a Igreja condenava a Maçonaria por ser sociedade suspeita de heresia e de maquinar contra os poderes instituídos e contra a própria Igreja.
Com essa última conotação foi introduzida no antigo Código de Direito Canônico uma pena de excomunhão para os que ingressarem na Maçonaria.
Ficou claro para a igreja hoje que a Maçonaria é uma entidade com princípios filosófico-religiosos inconciliáveis com a doutrina cristã. Já não se considera o aspecto de “maquinação contra a igreja”. O novo Código de Direito Canônico não faz nenhuma referência à Maçonaria.
O Episcopado alemão, após seis anos de estudos, concluiu pela inconciliabilidade entre a igreja Católica e Maçonaria, pelos seguintes motivos:
a) o relativismo e o subjetivismo são convicções fundamentais na visão que os maçons têm do mundo;
b) o conceito maçônico da verdade nega a possibilidade de um conhecimento objetivo da verdade;
e) o conceito maçônico da religião é relativista: todas as religiões seriam tentativas, entre si competitivas, de anunciar a verdade divina, a qual, em última análise, seria inatingível. Tal conceito de religião implica uma visão relativista, que não pode conciliar-se com a convicção cristã; o conceito maçônico de Deus (Grande Arquiteto do Universo) é uma concepção marcadamente deísta: um “ser” neutro, indefinido e aberto a toda compreensão possível e impessoal, minando o conceito de Deus dos católicos e da resposta ao Deus que os interpela como Pai e Senhor;
e) a visão maçônica de Deus não permite pensar numa revelação de Deus, como se dá na fé e na tradição de todos os cristãos;
f) a idéia maçônica de tolerância deriva de seu relativismo com relação à verdade. Semelhante conceito abala a atitude do católico na sua fidelidade à fé e no reconhecimento do magistério da Igreja;
g) a prática ritual maçônica manifesta, nas palavras e nos símbolos, um caráter semelhante ao dos sacramentos, como se, sob aquelas atividades simbólicas, se produzisse algo que objetivamente transformasse o homem;
h) o conceito maçônico acerca do aperfeiçoamento ético do homem é absolutizado e de tal modo desligado da graça divina, que já não resta espaço algum para a justificação do homem, segundo o conceito cristão;
i) a espiritualidade maçônica pede a seus adeptos uma tal e exclusiva adesão para a vida e para a morte, que já não deixa lugar à ação específica e santificadora da igreja. Esta fica, de fato, sobrando.
No dia 26 de novembro de 1983, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, deu uma declaração, reafirmando o “parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas”. Quem der o seu nome à Maçonaria, diz a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, está em pecado mortal. “Teria sido mais exato dizer que pratica uma transgressão objetivamente grave” (Pe. Jesús Hortal, Nota ao cân. 1.374 do Código de Direito Canônico).
Outras denominações cristãs aos poucos vão chegando à mesma conclusão que a Igreja Católica. Entre outros, citamos a igreja Anglicana da inglaterra, a Igreja Metodista da Inglaterra, a Igreja Presbiteriana da Escócia, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.
Como devemos agir na prática pastoral?
Parece-me que, de modo geral, em nossa região, a Maçonaria é considerada como uma espécie de clube de serviço, mais ou menos à semelhança do Rotary Club e Lions Club. Muitos de nossos fiéis, mesmo agentes de pastoral e outros bem engajados e participantes, são membros da Maçonaria. Estes dizem que não estão percebendo nada que contrarie a doutrina católica. Caso percebam contradições entre princípios da Maçonaria e doutrina da igreja Católica, devem fazer sua opção. Se, neste caso, optarem pela Maçonaria, já não serão católicos.
Se alguém nos consultar sobre se pode aceitar o convite para ingressar na Maçonaria, creio que devemos dissuadi-lo de aceitar tal convite, porque não há razões que justificam o ingresso de um católico na Maçonaria.
Com o abraço fraterno, Dom Lelis Lara, CSsR.