24.12.2009 - “São assim, caríssimos, tão grandes os testemunhos da bondade divina para conosco que, para nos chamar à vida eterna, não apenas nos ministrou as figuras, como aos antigos, mas a própria Verdade nos apareceu, visível e corpórea. Não seja, portanto, com alegria profana ou carnal que celebremos o dia da natividade do Senhor. Celebrá-lo-emos dignamente se nos lembrarmos, cada um de nós, de que Corpo somos membros e a que Cabeça estamos unidos, cuidando que não se venha a inserir no sagrado edifício uma peça discordante.”
(São Leão Magno, Sermão nº 23, Natal do Senhor)
Assim como nosso Senhor se dignou aparecer visivelmente para toda a humanidade como sinal de triunfo e salvação, assim também nós devemos fazer resplandecer nossa santidade não somente nos simbolismos ou nas aparências, mas de uma maneira concreta em nossas atitudes. O amor com que Jesus nos amou não foi um amor que se esconde pelas aparências. Foi um amor que se doou completamente; que se pôs totalmente a serviço dos homens. Nesse sentido, o Natal de Nosso Senhor é um convite para que possamos fazer brilhar em nós a luz da santidade, assim como brilhou no Menino Jesus a luz da glória, da realeza.
Sim, realeza. Aquela criança que acabara de nascer num curral da cidade de Belém, humilde e pobre, era Filho de Deus. O Rei dos reis, Aquele que é superior a todas as coisas e todas as criaturas lhe são submissas. Ali, deitado numa manjedoura, estava ele. Aos olhos dos homens isso parece estúpido. Mas, aos olhos dos que crêem, esse mistério só evidencia o amor e a predileção que Deus tem pelos mais humildes. A humildade não significa necessariamente ser pobre de riquezas materiais. Significa sobretudo ser desapegado dos bens fúteis desse mundo. E aquela simples família de Nazaré demonstrava um grande amor pelos bens espirituais, em detrimento daquilo que é efêmero, daquilo que fica nesse mundo.
O Evangelho anuncia que o anjo de Deus apareceu a pastores que “passavam a noite nos campos” (Lc 2, 8), pastores que velavam sobre o seu rebanho. Foi a esses pastores que Deus revelou a Sua glória. Foi aos que vigiavam que Deus anunciou a salvação. A vigilância é um sinal de fé, de esperança. Deus recompensa aqueles que n’Ele esperam com confiança. Canta o salmo: “Os que confiam no Senhor são como o monte Sião, eternamente firme” (Sl 124, 1). Sim, é bem verdade que Cristo veio tanto para os que tinham fé, quanto para os que não tinham. Ele bem disse que “não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes” (Mt 9, 12). De fato, Ele veio para fomentar a esperança em muitos que ainda não a tinham. Mas a salvação, ah!, a salvação; essa não é de todos, senão daqueles que com confiança esperam nas promessas de Nosso Senhor.
E quais são os atos de vigilância que devemos tomar? São Leão Magno indica-nos o principal: “Não seja, portanto, com alegria profana ou carnal que celebremos o dia da natividade do Senhor”. Quantos ainda não conhecem o verdadeiro sentido do Natal e banalizam essa festa tão sublime e amável! E quantos – ai desses! -, apesar de conhecerem o que verdadeiramente significa essa festa, se esquecem de Nosso Senhor e vivem o Natal no adultério, na prostituição, no pecado da corrupção.
E aí surgem alguns contrastes loucos: o Senhor, no Natal, tem compaixão da humanidade. A humanidade padece com o pecado. Ninguém merece a graça de Deus. Ninguém! A graça com que Ele vem ao nosso encontro é gratuita. Totalmente gratuita. Mas, nós, ao celebrarmos a festa de Natal frivolamente, estamos desprezando essa graça. Mal sabemos que estamos desprezando a própria felicidade. Mal sabemos que estamos desprezando a salvação.
Rezemos, nesse Natal, para que as pessoas descubram a luz que está guardada no coração desse menino de Nazaré. Oremos para que, conhecendo-O, O adorem, assim como fizeram os três reis magos. E que a Virgem Santíssima, que aceitou dar à luz ao Filho de Deus, possa interceder por nossa conversão junto a Deus.
Um santo e feliz Natal a todos!
Salve Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/