29.11.2009 - “Então, pois, quando se consumir essa vida corruptível e passar, segundo o Apóstolo, a espécie desse mundo; e suceder um novo século, será tanto o brilho do Seu poder e de Sua glória, que o sol que hoje brilha, a lua e as demais estrelas serão ofuscados pela vinda da Luz maior” (Santo Eusébio via Catena Aurea).
O Evangelho desse primeiro Domingo do Advento nos convida a refletirmos a chegada do Filho do Homem, em sua Segunda Vinda. “Eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória” (Lc 21, 27), narra São Lucas evangelista. Com efeito, nós cremos – e rezamos essa proposição no Credo – que Jesus “há de vir e julgar os vivos e os mortos”. Essa Segunda vinda não tem mais a mesma finalidade daquela primeira, onde Cristo exercia especificamente a missão de anunciar ao mundo a verdade. Dessa vez Ele virá para cumprir a verdade e exercer a justiça. Os homens já conhecem a Verdade. Agora Cristo vem para perguntar a cada um de nós se, em vida, praticamos essa Verdade ou preferimos nos guiar pelo cômodo caminho da mentira.
A nossa conduta, nesse sentido, é fundamental para que possamos ir para o céu e gozar da vida eterna junto de Deus. De fato, são aos que cumprem os mandamentos de Deus e seguem seus preceitos que Jesus dirige as palavras: “Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima” (Lc 21, 28). Àqueles que se deixaram levar pelas tentações do demônio e não resistiram aos desejos da carne está destinado o fogo do castigo eterno, a eterna condenação. Essa condenação nada mais é do que conseqüência da nossa trágica opção de seguir e servir ao Mal. Aqueles que em vida não buscaram se libertar das cadeias do pecado, após a morte, estarão eternamente ligados aos seus senhores. E quem é o senhor do pecado? Quem é o pai da mentira, o príncipe deste mundo? Satanás; e é a ele que estarão presos os pecadores impenitentes.
Mas, veja: Cristo dá uma última advertência para que nos cuidemos diante da realidade de Sua Vinda: “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós” (Lc 21, 34). Todos nós temos consciência de que é preciso praticar o bem para participar do Banquete do Reino. Mas temos consciência também, baseados na Escritura que nos diz que “aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 24, 13), que se não praticarmos o bem até o fim a salvação para nós será somente ilusória. Por isso Jesus alerta: Tomai cuidado! Ele bem sabia, por exemplo, que os apóstolos, bispos da Igreja de Deus, praticariam à risca a Palavra de Deus. Mas Ele também sabia que, diante da realidade do pecado que é constantemente apresentada a nós pelo mundo, a nossa fé poderia esfriar. Portanto, é importante ser perseverante, pois só assim podemos verdadeiramente ser salvos. “Que esse dia não caia de repente sobre nós!”
Esse dia, em que seremos julgados, será o dia em que Cristo mostrará definitivamente a toda a humanidade a sua realeza, que nós confessamos no último domingo, celebração em que louvávamos Cristo, Rei do Universo. Nesse sentido a frase de Santo Eusébio é crucial para compreendermos a dimensão do Reino de Cristo. Com efeito, sabemos que toda realeza é magnânima. Mas Cristo, como Rei, governa todo o Universo; é, portanto, uma magnanimidade geral. Por isso, diz Santo Eusébio, “será tanto o brilho do Seu poder e de Sua glória, que o sol que hoje brilha, a lua e as demais estrelas serão ofuscados pela vinda da Luz maior”. “Tudo está submetido a Cristo”: eis uma realidade que o Evangelho hoje proclama para os cientistas e para os racionalistas, que pensam que a ciência está acima de Deus.
Proclamemos a realeza de Jesus. O Senhor que, na noite de Natal, estará novamente em nosso meio já reina sobre todas as criaturas, sobre todo o mundo, sobre todos os corpos celestes. Adoremo-lo. Elevemos a Ele a nossa alma.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com