24.11.2009 -
“Foram-lhe dados – diz o profeta Daniel – poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam; seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7, 14). Assusta-nos a visão de um reino que não pode se dissolver. Na terra o que presenciamos de reinos até hoje foram governos efêmeros, fracos e que foram muitas vezes derrotados. Isso nos faz lembrar o Absolutismo, onde reinava, absoluto, o governante de um determinado Estado. Aqueles reinos da Idade Moderna caíram. Não foram pálio para a Revolução Francesa que surgia crescente em toda a Europa no século XVIII.
Mas esse Reino – é o Senhor quem o diz – não pode se dissolver. Não o pode vencer a revolução, não o podem vencer as ondas modernistas que buscam incessantemente abalá-lo. Da mesma maneira do Reino o Rei tem um poder eterno, algo que para nós soa também como terrivelmente absurdo. Pois então, é assim mesmo, afinal, olhando para a efemeridade do mundo, só se observa a inconstância e, salvo a Verdade e a Beleza, tudo está sujeito à mudança e à instabilidade. Assim sendo, constatamos que esse Reino do qual fala Daniel não é deste mundo (cf. Jo 18, 36).
Este mundo passa. Tudo que nele está é perecível. A dimensão escatológica da vida, no entanto, é eterna. O Céu é um Reino sem fim, que não pode se dissolver.
É por isso que a Igreja, que é verdadeiramente Reino de Deus – não em sua plenitude, afinal, só a alcançaremos, de fato, após a morte – não pode ser vencida por revoluções, tempestades, ondas etc. O Reino em que Ela embasa sua pregação é imperecível. Ela, pregando esse Reino imortal, se torna também incorruptível. A Igreja Católica resiste aos ventos do mundo moderno, a ideologias falsas que conduzem o homem à perdição, enfim, Ela vence tudo isso porque proclama o Reinado de Deus, cujo poder é eterno.
Com efeito, se cremos que a Igreja é o Reino de Deus, cremos que quem ouve a Sua voz ouve a Verdade, a voz de Cristo. Questionado por Pilatos se era ou não rei, Jesus responde: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18, 37). A realidade expressa por Jesus nessas frases é mais um retrato da convicção que nós, cristãos, temos de que verdadeiramente Jesus é o único caminho que conduz ao Pai. Ele é “a” verdade. Não há outra. Todos os outros caminhos que dizem pregar a verdade mentem.
Desses caminhos mentirosos podemos falar dos caminhos revolucionários, que buscam desestruturar totalmente a sociedade em busca de um ideal que é considerado verdadeiro. O marxismo é um desses caminhos revolucionários. No Brasil ele toma forma através da Teologia da Libertação, que tem o costume maldito de socializar tudo o que está no Evangelho. O Reino de Deus nada mais é do que o serviço pelos pobres e menos favorecidos; nada mais é do que a partilha com os irmãos.
Ora, é claro que o Reino dos céus consiste também nisso. Mas não é esse o foco que Cristo enfatiza no Evangelho de hoje. O Seu Reino – compreendam os marxistas e os revolucionários em geral – não é desse mundo! Não podemos minimizar o projeto de Deus aos bens perecíveis desse mundo! É claro que devemos amar os irmãos, que devemos praticar a caridade. Mas tudo isso nada mais é do que desdobramento do amor de Deus que vem ao nosso encontro. E o Reino de Deus, esse Reino que não se dissolverá, não pode ser descrito em termos humanos…
A face materialista da revolução quer secularizar o Evangelho. Não deixemos que isso aconteça. Preguemos constantemente essa mensagem de Cristo. Sintamo-nos impelidos a buscar o Reino da Glória. Não desanimemos. Conosco caminha a Sempre Virgem Maria, Mãe de Deus. Ela, que foi assunta aos céus de corpo e alma, quer nos conduzir também ao Reino dos céus.
Graça e paz. - por Everth Queiroz Oliveira
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/