Mais de 200 milhões de cristãos sofrem discriminações


29.10.2009 - Ainda que “não exista nenhuma religião no mundo que esteja isenta de discriminação”, a cristã é a mais perseguida.

Foi o que denunciou no dia 21 de outubro em Nova York o arcebispo Celestino Migliore, núncio apostólico e observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas.

“Está bem documentado que os cristãos são o grupo religioso mais discriminado”, afirmou o prelado durante sua intervenção na 64ª sessão da Assembleia Geral do organismo sobre a promoção e defesa dos direitos humanos.

“Mais de 200 milhões deles, de várias confissões, encontram-se em situações de dificuldade devido a estruturas legais e culturais que conduzem a sua discriminação”, disse.

“Apesar de ser repetidamente proclamado pela comunidade internacional e especificado nos instrumentos internacionais e nas Constituições da maior parte dos Estados”, o direito à liberdade religiosa “continua sendo hoje violado de uma maneira ampla”, constatou.

A ameaça das leis sobre a blasfêmia

Nos últimos meses, recordou o observador permanente, alguns países da Ásia e do Oriente Médio viram as comunidades cristãs “atacadas, com muitos feridos e mortos”, e “igrejas e casas presas das chamas”.

Estas ações, assinalou, “foram cometidas por extremistas em reposta às acusações realizadas contra algumas pessoas em base às leis antiblasfêmia”.

Neste contexto, Dom Migliore declarou que sua delegação “valoriza e apoia” a promessa do Governo do Paquistão de “revisar essas leis”.

As disposições legislativas sobre a blasfêmia, prosseguiu, “convertem-se com muita facilidade em uma oportunidade, para os extremistas, de perseguir os que escolhem livremente seguir uma tradição de fé diferente”.

E têm sido utilizadas para “fomentar a injustiça, a violência sectária e a violência entre religiões”, acrescentou.

Ante esta situação, os governos devem “enfrentar as causas profundas da intolerância religiosa e abolir estas leis que servem como instrumentos de abuso”.

Vontade de mudança

Se na legislação que restringe a liberdade de expressão “não se pode mudar a atitude”, declarou o arcebispo Migliore, “o que aqui ao contrário se precisa é vontade de mudança”.

Esta pode ser conseguida “conscientizando mais as pessoas, conduzindo-as a uma maior compreensão da necessidade de respeitar todas as pessoas, independentemente de sua fé ou de seus antecedentes culturais”.

Os Estados, por sua parte, “devem evitar adotar restrições à liberdade de expressão, que com frequência conduziram a abusos por parte das autoridades, e evitar também silenciar as vozes dissidentes, sobretudo as das pessoas que pertencem a minorias étnicas e religiosas”.

A autêntica liberdade de expressão pode contribuir a um maior respeito por todos e proporcionar a oportunidade de falar contra violações como a intolerância religiosa e o racismo, e promover a igual dignidade de todos”, indicou.

Visto que o ódio e a violência para determinadas religiões que persistem em vários lugares apontam a uma situação caracterizada pela intolerância, “é imperativo que as populações das diferentes tradições de fé colaborem para crescer na compreensão recíproca”, destacou.

E acrescentou: “é necessária uma autêntica mudança de mentalidade e de coração”.

Este objetivo – assegurou –, consegue-se sobretudo através da “educação à importância da tolerância e do respeito pela diversidade cultural e religiosa”.

“A cooperação entre as religiões – concluiu o arcebispo – é um requisito para a transformação da sociedade”, porque “realmente é possível construir uma cultura da tolerância e da coexistência pacífica entre os povos”.

Fonte: www.zenit.org


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