HQ com sexo e palavrão é material de apoio em escola de Vila Velha ES


22.10.2009 - Uma escola da rede municipal de ensino de Vila Velha (ES) emprestou um livro de história em quadrinhos com cenas de sexo e palavrões como material de apoio para um aluno de 12 anos. O Ministério da Educação (MEC) informou ao G1 que a obra é inapropriada para estudantes dessa faixa etária por destinada ao ensino médio.

O estudante havia recebido a tarefa de fazer uma redação e procurou a biblioteca da escola de ensino fundamental onde estuda, a Leonel de Moura Brizola, no bairro Santa Rita. Quando chegou em casa, mostrou a publicação para a mãe, que ficou perplexa.

“Comecei a folhear e achei um absurdo ter dentro de uma escola um livro como esse. Estou constrangida e com vergonha que meu filho tenha visto estas imagens", disse a mãe, que pediu para não ser identificada. O HQ trazia cenas de sexo, violência e embriaguez. Também utilizava de linguagem pesada e grosseira e cheia de palavrões.

"O nome do jogo" é uma graphic novel (nome dado aos quadrinhos com histórias mais longas e temática, em geral, adulta) assinada por Will Eisner. O autor norte-americano é considerado um dos grandes mestres da HQ no mundo, responsável por inovar a linguagem e o conteúdo dos populares gibis, abordando assuntos mais humanos, em especial a vida dos imigrantes e o surgimento dos cortiços na Nova York do início do século XX.

De ascendência judia, publicou diversos quadrinhos que retratavam a vida dos judeus daquela metrópole, dentre os quais "O nome do jogo" (2003), em que acompanha três gerações de famílias de judias, lançando um olhar crítico sobre as relações de poder e privilégio obtidos através de conflitos do casamento. A obra não é recomendada para crianças, mas está longe de ser considerada erótica ou pornográfica.

Eisner é ainda o criador de "Spirit", série policial em quadrinhos, que é também lembrada como um marco no gênero. Morto em 2005, o autor empresta seu nome ao Eisners Award, prêmio que é considerado o Oscar das HQs norte-americanas, entregue todo ano na San Diego Comic-Con.

Exemplares recolhidos

A diretora da escola foi procurada, mas disse que não conhecia o fato porque não havia sido comunicada pela família. Porém, ela confirmou que todas as publicações da biblioteca são aprovadas pelo MEC.

A Secretaria de Educação de Vila Velha informou que foi determinada a retirada de todos os exemplares do HQ da rede municipal, que serão devolvidos ao ministério.

Fonte: G1

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Lembrando...

Suécia Livros infantis alteram papéis tradicionais e geram polêmica

28.08.2008 - Duas editoras de livros infantis estão provocando um debate na Suécia com uma série de novas publicações que desafiam os conceitos tradicionais de família e os papéis normalmente atribuídos a meninos e meninas.

Nos livros, meninos usam sandálias cor-de-rosa, meninas querem ser bombeiros e cientistas quando crescerem, e papai não é necessariamente quem sai para trabalhar enquanto a mamãe fica em casa cuidando do jantar.

"Nosso objetivo é dar às crianças a liberdade de criar sua própria identidade, sem padrões pré-concebidos e sem preconceitos de sexo, raça e sexualidade", disse à BBC Brasil a escritora Karin Salmson, co-fundadora da editora Vilda.

Nestas novas coleções infantis, as crianças também podem ter dois pais ou duas mães - casais do mesmo sexo aparecem em vários livros -, ou ser filhos de mães solteiras.

"Famílias com pais gays, mães solteiras e crianças adotadas também são famílias normais. Temos várias assim na Suécia, mas esta realidade não está refletida nos livros infantis. Mostrá-las em histórias nas quais o enredo não é simplesmente sobre famílias gays ou mães solteiras demonstra que essas famílias existem, que são normais e que precisam ser aceitas", enfatiza Karin Salmson, que acaba de lançar uma coleção de seis livros infantis.

Sapatos cor-de-rosa

No livro "Magic, Cilla & Baby", de Eva Lundgren, o menino Kasper é ruim de bola e o garoto Olle gosta de maquiagem, enquanto a menina Inger é famosa por seus gols de placa no hóquei e a amiga Ellinor passa os dias tocando guitarra elétrica. Em "Sandaler" ("Sandálias"), o personagem Imannuel é um menino que adora seus sapatos cor-de-rosa.

"Queremos quebrar as regras rígidas que determinam o que um menino e uma menina devem ser ou fazer, e ampliar os horizontes da criança", acrescenta a co-fundadora da editora Vilda, que é casada e tem três filhos.

A Vilda e outra editora menor, chamada Olika, foram lançadas no ano passado com a meta declarada de promover os valores liberais da Suécia entre a nova geração.

A filosofia das editoras reflete em grande parte as atitudes na Suécia, considerado um dos países mais avançados e liberais em questões de igualdade sexual e direitos de minorias. Mas alguns críticos estão questionando os métodos adotados pela Vilda e a Olika.

Um dos ilustradores da Olika, Per Gustavsson, criticou publicamente a solicitação da editora para mudar a cor da camiseta de uma menina, que na ilustração original era cor-de-rosa.

Valor literário

No jornal Svenska Dagbladet, a crítica literária Lena Kåreland reconheceu que as novas coleções infantis estão despertando interesse, e que livros que questionam os papéis atribuídos aos sexos exercem uma função importante. Mas ela adverte que a ânsia de fazer livros "politicamente corretos" não deve comprometer a qualidade literária.

"Simplesmente trocar os papéis e colocar os homens atrás do fogão e mulheres ao volante do carro não significa alcançar mudancas profundas. O risco de contar uma história de caráter moralizante é grande", enfatizou Lena em sua coluna no jornal.

A crítica literária do jornal Dagens Nyheter foi mais ácida:
"Para estas editoras, os seus valores são sua prioridade principal, e na minha opinião esta é simplesmente uma abordagem errada para fazer bons livros infantis", disse Lotta Olsson.

"Se o objetivo de uma história infantil é promover uma idéia e alterar as atitudes e o comportamento das crianças, os lados artístico e literário do livro tendem a sofrer", acrescentou ela.

Para Karin Salmson e a co-fundadora da editora Olika, Marie Tomicic, as críticas demonstram um "elitismo cultural" que não reflete a ampla aceitação que os livros estão obtendo entre os pais.

"Os críticos falam de qualidade literária como se qualidade fosse algo estático. Mas a qualidade pode ser alcançada de diversas maneiras. Queremos mostrar às crianças que o mundo pode ser muito maior do que elas pensavam", diz Karin Salmson.

Fonte: UOL notícias


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