15.09.2009 - Mãe das Dores, Virgem que padeceu junto com Seu Filho aos pés da Cruz. Ontem celebrávamos a exaltação da Cruz gloriosa, símbolo da nossa redenção e da alegria cristã; hoje nos unimos à Maria, a Virgem Dolorosa, para que juntos, aos pés da cruz, possamos demonstrar o nosso amor incondicional por Jesus Cristo. Esse título dado a Nossa Senhora – “das Dores” – surge justamente nesse contexto. A Mãe das Dores é aquela cuja alma seria transpassada por uma espada (cf. Lc 2, 35), a espada da dor, do sofrimento, conseqüências da obediência filial com que Maria cumpria a exortação de Jesus sobre a renúncia: “Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8, 34).
Desde criança Maria já havia sido preparada por Deus para receber em seu ventre Jesus, o Salvador. Com efeito, Aquela que, imaculada desde a concepção, cresceu em lar religioso e pio, pôde aceitar a vontade de Deus em sua vida quando disse ao anjo Gabriel: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1, 38). Maria não servia a si mesmo, aos seus próprios desejos; ela era uma virgem consagrada a Deus, vivia a santidade em todos os aspectos. Ao dizer que queria que as coisas acontecessem segundo a Palavra de Deus, ela concretiza aquela santidade da qual já era ornada, aceitando ser ponte para transportar o Altíssimo para a humanidade. Já aqui existe o cumprimento do preceito evangélico: “renuncie-se a si mesmo”.
Maria aceitou a realidade da renúncia desde o momento em que Jesus foi apresentado no Templo. Simeão profetizou a Ela: “Uma espada transpassará a tua alma” (Lc 2, 35). Com efeito, Ela, que “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2, 19), não poderia deixar de “pensar no que significaria semelhante” (Lc 1, 29) frase. Ela, Mãe presente, esteve com Jesus durante toda a sua vida. Não olhava para Ele somente como Mestre ou como Senhor, mas também como filho, como alguém que conserva um profundo amor por Sua Mãe. Nesse sentido, já vendo na vida de Seu Filho a cruz que Ele viria a carregar, Maria aceita novamente a vontade de Deus em sua vida e diz “sim” ao seu amor. Cumpre, então, aquele outro preceito evangélico: “tome a sua cruz”.
Como seguidora de Seu Filho, Maria não poderia ter sido mais fiel. Antes, durante e depois do ministério de Jesus esteve ali firme na oração, forte na perseverança, paciente na tribulação. Antes, vivendo a castidade e obedecendo a vontade de Deus na juventude; durante, aceitando que se faça nela segundo a Palavra do Altíssimo (cf. Lc 1, 38) e depois, quando ela se mostra firme na oração com os apóstolos (cf. At 1, 14). Quando falamos dessa obediência durante o ministério de Cristo lembramos não somente o “sim” de Maria, mas o desdobramento dessa aceitação na sua vida. Verdadeiro seguidor não é aquele que ama ao seu mestre somente durante seus tempos de glória. Também se mantém fiel ele mesmo na dor, no sofrimento, na dificuldade. Nesse contexto Maria foi a seguidora mais fiel de Jesus. Foi a primeira a aceitá-Lo em plenitude na sua vida, dando-lhe assistência e apoio no caminho da Cruz, pondo em prática aquele outro preceito cristão: “siga-me”.
De fato, Jesus não citou condições para que O seguissem. Não disse para que O seguissem somente quando havia prosperidade em sua pregação. Disse ele: “Siga-me!”, sem citar nenhuma outra coisa. Ou seja, devemos segui-Lo na dor, no amor, no caminho da dificuldade e da prosperidade também. Aquele que ama a Jesus durante um tempo, mas quando vem a aflição e a provação acaba por traí-Lo e desprezá-Lo – como fez São Judas por exemplo, ou São Pedro, negando ao Cristo três vezes – infelizmente não conhece o que verdadeiramente é seguir a Jesus. Assim como Maria Santíssima precisamos tomar a nossa cruz, aceitar o sofrimento, vivê-lo intensamente e dele tirar frutos para a nossa constante conversão.
Assim fez Maria. Assim devemos também nós fazer. Que a Virgem das Dores nos ajude a enfrentar as dores da vida, que é um “vale de lágrimas”. Não desanimemo-nos diante daquilo que é obstáculo na nossa vida em matéria de fé. Pelo contrário, creiamos cada vez mais. Mostremos a Jesus o quanto é grande o nosso amor por Ele; que não o abandonamos na Cruz. Pois – a realidade é dura – “quem não toma sua cruz e não me segue, não é digno de mim” (Mt 10, 38).
Nossa Senhora das Dores,
rogai por nós!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com