A Exaltação da Santa Cruz

14.09.2009 - Exaltação da Santa Cruz: pus-me a pensar nessa expressão. Hoje em dia tantos cristãos querem desprezar a Santa Cruz, vendo no sofrimento de Jesus Cristo e na sua passagem pela cruz uma forma somente de estar triste e abatido. Que pena! Assim como São Pedro na leitura do Evangelho de ontem pensam que a Cruz é somente um momento de dor e solidão. Sem dúvida, a cruz é o reflexo da humilhação que Jesus sofreu. Descobrir o verdadeiro valor dessa humilhação, descobrir o sentido da Cruz, no entanto, nos leva a ir além disso: precisamos olhar para a Cruz principalmente na perspectiva da Redenção.

É por isso que exaltamos a Cruz, que a reverenciamos. É por isso que ela é, para nós católicos, sagrada. A oração de São Bento confessa isso: “Crux sacra sit mihi lux – A Cruz Sagrada seja minha Luz”. E os Santos Apóstolos olham para a redenção com especial atenção: “Vós sabeis que não é por bens perecíveis (…) que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver (…), mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum” (1 Pd 1, 18-19); “Ele mesmo é a propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 2, 2); “Fomos reconciliados com Deus pela morte de seu filho” (Rm 5, 10); “A linguagem da Cruz (…) para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus” (1 Cor 1, 18); “Não aconteça gloriar-me senão na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6, 14); “[A]nunciar o Evangelho, sem recorrer à sabedoria da linguagem, a fim de que não se torne inútil a Cruz de Cristo” (1 Cor 1, 17). Como não exaltaremos a Santa Cruz, símbolo de nossa reconciliação com Deus? Como não a louvaremos, uma vez que é nela que se dá a redenção da humanidade, o resgate dos pecadores, a propiciação de nossos pecados?

“Não há nada mais precioso do que a Cruz de Jesus que se tornou o troféu da misericórdia divina. Por ela o diabo foi ferido e vencido, os grilhões infernais foram quebrados” (Santo André de Creta).

A exaltação da Cruz, no olhar de muitos evangélicos, não é certa. Afirmam eles que a morte de Jesus foi muito triste, muito dolorosa… Quando dizem isso, observamos em primeiro lugar a covardia com que a doutrina protestante enfrenta a verdade bíblica e a realidade da vida. Guiados pelo espírito maligno que lhes prega aquela maldita Teologia da Prosperidade, que já se espalhou como um veneno por todo o protestantismo, eles induzem o homem a pensar que a vida na terra é sempre guiada de muitos bens, muitas riquezas. Sofrimento? Isso passa longe da genuína pregação protestante. Até se esquecem que Jesus morreu crucificado numa cruz, depois da agonia, da flagelação, da coroação e do caminho do Calvário. Querem pregar uma realidade mais fácil, talvez para atrair mais seguidores.

Esse mundo moderno, que visa as facilidades, não está de acordo com o verdadeiro espírito de Cristo. Se Cristo se humilhou, também nos humilhemos. Se Cristo se rebaixou, também nós nos rebaixemos; se Ele sofreu com amor, soframos também com amor; se Ele sofreu cusparadas, se Ele foi apedrejado, massacrado, crucificado, crucifiquemo-nos nós também com Jesus Cristo porque aquele que quer chegar à Ressurreição tem que passar pelo Sacrifício da Cruz. Essa teologia moderna, que adapta as idéias de Cristo às mundanas – como se fosse possível conciliá-las –, é falsa e rebelde. Mal sabem aqueles que desprezam a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo que estão desprezando a própria salvação.

Nossa Senhora, a Virgem das Dores, que celebramos amanhã, pede que oremos por esses que desprezam o sofrimento de Jesus na fé. Pede, ao mesmo tempo, que humilhemo-nos debaixo de Sua mão protetora, para que o Senhor nos perdoe de todas as vezes que sujamos o Sangue da Nova Aliança, crucificando novamente a Jesus com nossos pecados. Acheguemo-nos com humildade à Cruz. Prostremo-nos diante do amor com que Deus nos cumula todos os dias. E invoquemos a Ele a graça de sempre bendizermos e louvarmos o Seu Nome, por todas as maravilhas que faz a nosso favor.