Mas o Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Hummes, em notícia publicada hoje pela ACI Digital declarou: Sacerdote não é e não deve ser um funcionário. O papel desempenhado principalmente pelo pastor da Igreja não é simplesmente profissional. Envolve e abrange toda a vida do padre de uma maneira tão profunda que a Igreja considerou importante estabelecer o celibato sacerdotal. Dessa maneira o padre poderia doar-se inteiramente à sua vocação, amando de maneira mais plena, libertando-se dos prazeres desse mundo e fazendo-se servo do Altíssimo pela castidade consagrada. Portanto, ao contrário das demais profissões, onde o homem se ocupa da profissão, no sacerdócio ocorre o contrário: o sacerdócio se ocupa do homem. Ele não é mais ele. Ele vive, mas não é necessariamente ele. É Cristo (cf. Gl 2, 20).
Mas a sociedade quer reduzir esse papel que o padre deve desempenhar em meio ao mundo. Quer promover o relaxamento do celibato para os padres, quer libertar mais os padres dessa vida austera e cansativa que têm. Ora, não é isso o esvaziamento do sentido missionário do sacerdócio? O sacerdócio não é realmente sinônimo de doação, de entrega, de sacrifício? Quando o presbítero oferece nas espécies do Pão e do Vinho o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, ele não oferece somente a Cristo, mas a si mesmo como pessoa. É renovação contínua da missão! O padre não pode deixar de doar toda a sua vida pelo Reino de Deus. E para fazer isso, indica o Cardeal Hummes, é necessário “manter um contato assíduo com a Palavra de Deus, viver uma vida de oração autêntica que inclua a liturgia das horas e a devoção Mariana, celebrar cotidianamente a Eucaristia como centro da vida ministerial e recorrer regularmente ao sacramento da Confissão”.
Ademais, a palavra “funcionário” nos lembra funcionar, agir de acordo com o padrão, trabalhar como uma máquina. Não é esse o verdadeiro sentido do sacerdócio. Muito embora seja ele um cumprimento da Palavra de Deus e, consequentemente, um trabalho que gira em torno das ordens do Altíssimo, o sacerdote deve ter amor pela sua vocação, pela sua “profissão”. Não pode esvaziar-se o sentido dessa palavra reduzindo-o a um mero funcionamento, a uma atividade que é realizada não em virtude daquilo que se gosta, mas de algo chato e cansativo, que me desmotiva. Nesse sentido, é importante “reavivar o Dom” de Deus que está em cada um de nós, que é o tema proposto pelo IV Simpósio do Clero de Portugal.
E quando falamos da vida do sacerdote como pessoa encarregada de levar Deus aos outros, lembramos também da família. Desse modo lembrou hoje, em notícia publicada pela Agência Zenit, o Cardeal Antonelli, presidente do Conselho Pontifício para a Família: Igreja precisa de famílias cristãs para nova evangelização. Se existe um berço para que sejam formadas pessoas de Deus, que queiram obedecer estritamente à Sua vontade, esse berço se chama família. Com efeito, não existe outro lugar em que a pessoa possa se desenvolver livremente a não ser na família. E os pais precisam, assim como os sacerdotes, assumir definitivamente o papel de educar para a Fé, pois só assim construiremos verdadeiras “famílias cristãs”, edificadas sobre a rocha.
Quando os pais ensinam seus filhos a fazer o bem, a orar, a crer em Deus e praticar Sua vontade, não são mais eles quem evangelizam; “é o próprio Cristo quem evangeliza através deles”, explica o Cardeal Antonelli. Educar para Cristo, que envolve as dimensões das palavras e dos exemplos, não é simplesmente promover a Sua mensagem; é se tornar realmente a Sua mensagem, é encarnar-se na Mensagem do Evangelho. E as nossas famílias precisam reaprender a fazer isso. Com o crescimento da difusão da secularização e da falta de Deus em meio a esse mundo que cada vez mais necessita da Sua Bondade, a família está se tornando um lugar distante da graça de Deus. Isso não pode acontecer! Porque se Deus estiver em falta na formação das crianças, então elas crescerão sem fé, sem rumo e sem direção.
O sacerdócio e a educação na família são missões que os padres e os pais têm que ‘agarrar’ com toda dedicação e empenho. Eles têm que ter em mente que são eles os construtores do futuro. O futuro da humanidade depende da educação. Que a Santíssima Virgem possa cobrir com seu manto sagrado aquelas pessoas que tomaram para si as cruzes dos sacramentos da Ordem e do Matrimônio. Que não renunciem a essa cruz pesada, que conduz à vitória e à vida.
Graça e paz.
Por Everth Queiroz Oliveira
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/