A Assunção de Maria, verdade de fé


13.08.2009 -

Audiência do Santo Papa João Paulo II, no dia 2 de julho de 1997

Queridos Irmãos e Irmãs,

1. Seguindo as pegadas da Bula Munificentissimus Deus, do meu venerado predecessor Pio XII, o Concílio Ecumênico Vaticano II afirma que a Imaculada Virgem, «terminando o curso da sua vida terrena, foi elevada à glória celeste em corpo e alma» (Lumen gentium, 59).

Os Padres conciliares quiseram reafirmar que Maria, diversamente dos outros cristãos que morrem na graça de Deus, foi elevada à glória do Paraíso também com o próprio corpo. Trata-se de uma milenária crença expressa mesmo com uma longa tradição iconográfica, que representa Maria no momento em que «entra» no céu com o seu corpo.

O dogma da Assunção afirma que o corpo de Maria foi glorificado depois da morte. Com efeito, enquanto para os outros homens a ressurreição dos corpos se há-de verificar no fim do mundo, para Maria a glorificação do próprio corpo foi antecipada por singular privilégio.

2. No dia 1 de Novembro de 1950, ao definir o dogma da Assunção, Pio XII evitou usar o termo «ressurreição» e tomar posição a propósito da questão da morte da Virgem como verdade de fé. A Bula Munificentissimus Deus limita-se a afirmar a elevação do corpo de Maria à glória celeste, declarando tal verdade como um «dogma divinamente revelado».

Como deixar de observar aqui que a Assunção da Virgem faz parte do povo cristão que, afirmando o ingresso de Maria na glória celeste, quis proclamar a glorificação do seu corpo.

O primeiro vestígio da fé na Assunção da Virgem está presente nas narrações apócrifas, intituladas «Transitus Mariae », cujo núcleo originário remonta aos séculos II-III. Trata-se de representações populares e por vezes romanceadas que, entretanto, neste caso recolhem uma intuição de fé do povo de Deus.

Em seguida, foi-se desenvolvendo uma longa reflexão em relação à sorte de Maria no além. Pouco a pouco, isto levou os crentes à fé na elevação gloriosa da Mãe de Jesus, em corpo e alma, e à instituição no Oriente das festividades litúrgicas da «Dormitio» e da Assunção de Maria.

A fé no destino glorioso da alma e do corpo da Mãe do Senhor depois da sua morte, do Oriente difunde-se com grande rapidez no Ocidente e, a partir do século XIV, generaliza-se. No nosso século, na véspera da definição do dogma, esta constitui uma verdade quase universalmente aceite e professada pela comunidade cristã em todos os recantos do mundo.

3. Foi assim que em Maio de 1946, com a Encíclica Deiparae Virginis Maria, Pio XII prometeu uma ampla consulta, interpelando os Bispos e, através deles, o clero e o povo de Deus, sobre a possibilidade e a oportunidade de definir a assunção corpórea de Maria como dogma de fé. A reação foi amplamente positiva: somente seis das 1.181 respostas manifestavam alguma reserva acerca do caráter revelado de tal verdade.

Citando este dado, a Bula Munificentissimus Deus afirma: «O consentimento universal do Magistério ordinário da Igreja oferece um argumento certo e sólido para provar que a assunção corpórea da Bem-aventurada Virgem Maria ao céu… é uma verdade revelada por Deus e portanto deve ser acreditada firme e fielmente por todos os filhos da Igreja» (AAS 42 [1950] 757).

A definição do dogma, segundo a fé universal do povo de Deus, exclui de maneira definitiva qualquer dúvida e postula a expressa adesão de todos os cristãos.

Depois de ter sublinhado a fé atual da Igreja na Assunção, a Bula interpela a base bíblica de tal verdade.

O Novo Testamento, embora não afirme explicitamente a Assunção de Maria, oferece o seu fundamento porque põe bem em evidência a perfeita união da Santa Virgem com o destino de Jesus. Esta união, que se manifesta a partir da prodigiosa concepção do Salvador, na participação da Mãe na missão do Filho e, sobretudo, na associação ao sacrifício redentor, não pode deixar de exigir uma continuação depois da morte. Perfeitamente unida à vida e à obra salvífica de Jesus, Maria compartilha o Seu destino celeste na alma e no corpo.

4. A mencionada Bula Munificentissimus Deus, fazendo referência à participação da mulher do Proto-Evangelho, na luta contra a serpente, e reconhecendo em Maria a nova Eva, apresenta a Assunção como consequência da união de Maria na obra redentora de Cristo. A este propósito, afirma: «Consequentemente, assim como a gloriosa ressurreição de Cristo constituiu uma parte essencial e o derradeiro troféu desta vitória, assim era necessário que o combate levado a cabo pela Santa Virgem, unida ao seu Filho, terminasse com a glorificação do seu corpo virginal…» (AAS 42 [1950] 768).

Portanto, a Assunção constitui o ponto de chegada da luta que empenhou o amor generoso de Maria na redenção da humanidade e é fruto da sua singular participação na vitória da Cruz.

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