10.08.2009 - “Deve-se aproveitar o tempo: O tempo corre depressa”.
Publio Ovídio - Filósofo Latino
Como vai você, o seu tempo e seus projetos?
O seu tempo é:
Lucro ou prejuízo?
Bendito ou maldito?
Virtuoso ou de vícios?
Arte ou lixo?
Ouro ou lata?
Amor ou ódio?
Já dizia a Sentença Latina: “Ruit hora”. “O tempo voa”.
A vida é uma construção no tempo da arte cíclica.
Nunca sabemos o que nos espera, mas temos aprendido com dificuldade a esperar o que nos aguarda.
Faça do seu tempo coisas criativas e espere coisas surpreendentes. Sinta prazeres que nunca sentiu antes. Sonhe com tempo e suas realizações. Sinta orgulho do que fez e sinta mais ainda do bem que em prol do seu próximo realizou para posteridade.
Todos caminham para um final feliz, cada um segue por caminhos diferentes para chegar lá. Ninguém deve parar no tempo, porque o tempo não pára pra ninguém.
Sabemos que os tempos mudam e nós mudamos com eles para novos projetos.
Caminhamos conscientemente com as novas configurações do tempo.
Para quem vive dentro desse contexto, será bem sucedido. O seu conhecimento é a mais poderosa ferramenta de sucesso.
O tempo só é favorável para quem tem atitude, determinação, fé e conhecimento. Dois pensamentos latinos completam: “Velle este posse”. “Querer é poder”. “Ut fama acquíras,festinus desere lectum”. “Para que adquiras fama deixa cedo o leito”. Daí, sai o famoso provérbio: “Deus ajuda a quem cedo madruga”.
TEMPO É CONHECIMENTO
Professor emérito das universidades de Leeds e de Varsóvia, 83 anos, autor de best-sellers como “O mal-estar da pós-modernidade”, “Modernidade líquida” e “Amor líquido”, o sociólogo polonês Zigmunt Bauman é um ferrenho analista das conseqüências sociais do que conhecemos como progresso.
Diz Bauman: “Na sociedade contemporânea, somos treinados desde a infância a viver com pressa. O mundo, como somos induzidos a acreditar, tornou-se um contêiner sem fundo de coisas a serem consumidas e aproveitadas. A arte de viver consiste em esticar o tempo além do limite para encaixar a maior quantidade possível de sensações excitantes no nosso dia a dia. Essas sensações vêm e vão. E desaparecem tão rapidamente quanto emergem, seguidas sempre de novas sensações a se perseguir. A pressa – e o vazio – é fruto disso, das oportunidade que não podemos perder. Elas são infinitas se acreditamos nelas”.
Bauman é o maior pensador da sociedade pós-moderna. Vejamos o que ele diz sobre o nosso tempo: “Arte de viver hoje consiste em conseguir espremer nas horas do dia o maior número possível de coisas muito excitantes e oportunidade que não podemos perder de jeito nenhum. Um fenômeno ocasionado pela tecnologia de consumo. O fato é que vivemos uma era que abortou o tempo vazio, o tempo que não é preenchido com consumo de imagens, sons, gestos, impressões táteis. Nos tornamos seres incapazes de sobreviver sem estímulos. O tempo vazio não é mais levado em conta como tempo de reflexão, mas de tédio”.
Como já dizia os antigos: “Tempo é ouro”. “O tempo é sagrado”. Hoje, mais do que nunca: “Tempo é conhecimento”. E o conhecimento é o domínio do poder e da riqueza.
O sábio hoje é quem usa o tempo benéfico na mesma velocidade da internet.
Com tantas fontes de informações, com tantas fontes de conhecimentos e com a mesma velocidade que tudo isso aparece e desintegra no ar, é sábio filtrar o melhor do que colhe no garimpo do conhecimento nesse tempo pós-moderno.
TEMPO SEM DEUS
“Vede, pois, cuidadosamente como andais: não como tolos, mas como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus” (Ef 5,15.16).
Nem sempre somos capazes de perceber a atuação de Deus e sua forma, quando estamos passando por tempos de adversidades e difíceis. Quando não somos capazes de compreender, de entender, devemos aceitar e confiar, que mesmo assim, ele está no controle.
Perceber e compreender a ação de Deus na história humana não é coisa simples, definir entre a ação de Deus e a ação e responsabilidade humana não se explica, suficientemente, por meio de um juízo natural. Deus, desde o princípio, colocou responsabilidades sobre o homem, deu-lhe poder de administrar e gerir a natureza.
Foi na idade moderna, com o avanço científico e a secularização, que Deus foi “expulso”, e o homem julgou-se autônomo e auto-suficiente para conduzir o processo histórico.
Foi dentro desse contexto que nasce a “cultura de morte”.
O tempo sem Deus é o tempo de violência, destruição, depressão, miséria, guerra e morte.
O sistema elaborou a cultura de morte para lucrar em cima dos tolos. O tolo perde seu tempo e sua vida. Os dias são maus para o tolo porque ele vive escravo do sistema.
Vivemos o tempo da indústria da boçalidade. Tamanha é a fonte de conhecimento como também maior é a ignorância dos tolos.
De um lado vivemos um tempo tão rico de conhecimento, e de outro lado, um tempo tão pobre para os idiotas.
O mais terrível é que esses boçais não querem conhecer o Mestre de Nazaré.
Sábio é quem procura buscar o maior de todos os conhecimentos: Jesus Cristo.
“Em Jesus Cristo se acham escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 2,2.3).
Depois de São Paulo Apóstolo, o maior teólogo de todos os tempos foi Santo Tomás de Aquino. Para ele todo o seu tempo era para conhecer e fazer a vontade de Deus. Afirmar o Doutor Angélico: “Estou consciente de que o principal ofício da minha vida é referente a Deus, de modo que toda palavra minha e todos os meus sentidos dele falem” (I Sobre a Trindade 37; PL 10,48D).
Realmente, Deus é o maior assunto para o homem sábio.
Tenhamos coragem e vontade radical para que o nosso sagrado tempo seja central para conhecer e fazer a vontade da Santíssima Trindade.
CONCLUSÃO
Conhece-se a pessoa pelo tempo. O tempo revela tudo. O tempo absorve e condena. O tempo registra a fama e a desgraça. O tempo é ingrato com os vacilantes e, favorável com os espertos.
O tempo existe para tudo e para todos. Que o tempo não exista para o seu mal e nem o seu mal para o tempo.
“A cada dia basta o seu mal” (Mt 6,34). Tenhamos cuidado com toda estrutura do mal. Ele pode arrefeçar toda estrutura do amor. O mal é a principal ideologia do sistema. Isso se vê muito bem nos presídios, clínicas de tratamento para dependentes químicos, casas de prostituição e no descaso do Estado com os pobres e na impunidade.
O tempo não deve ser vivido na esfera do virtual, do fantasioso, e sim na realidade dos fatos agradáveis e infelizes.
Jamais devemos perder tempo com reality shows, com passa tempo inútil na internet, com comunicação desnecessária, com projetos efêmeros e com a vida torrada pela inquietação, ansiedade, medo, angústia, solidão e desistência de tudo e de todos.
O tempo não volta, não perdoa. Julga com severidade os nossos erros. Também agracia com louvor os destemidos, os valentes que não ficam prostrados!
Viver não é apenas existir, mas é existir em toda a sua plenitude do ‘ser’. O ‘ser’ que se abre para experiência profunda do amor e do misterioso. Há um tempo só para o nosso segredo. O secreto do nosso profundo desejo da alma que só o tempo é testemunha.
A vida no tempo é a consciência existencial do viver na dimensão imanente e transcendente. A sustentabilidade do dom da vida no tempo e fora dele está no Bem Maior: Deus. O Criador do tempo e da vida.
O tempo só é bendito, só é ouro e de enorme riqueza e de felicidade abissal quando é usado para as grandezas de Deus, para experiência da maravilhosa graça salvadora de Jesus Cristo e para fraternidade universal.
Como vai o seu tempo? Está nas mãos do bom Deus?
Pe. Inácio José do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
E-mail: [email protected]
BIBLIOGRAFIA:
LODEIRO, José. Pequeno Dicionário de Frases Latinas, Porto Alegre: Edição Tabajara, 1946.
BAUMAN, Zygmunt. A Sociedade Individualiza – Vidas Contadas e Histórias Vividas, Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2008.
A Arte da Vida, Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2009.