Ajuda à Igreja Necessitada exige abolição de lei anti-cristã no Paquistão


 08.08.2009 - A organização internacional católica Ajuda à Igreja Necessitada (AIN) exigiu ao governo do Paquistão a abolição da chamada "Lei contra Blasfêmias" que, explicam, "está definitivamente ligada" aos recentes ataques sofridos por cristãos que deixaram o saldo de oito pessoas queimadas vivas por parte de extremistas muçulmanos em Gora, província de Punjab.

Os assassinatos ocorreram depois do rumor propalado de que alguns cristãos tinham tirado folhas do Corão e as teriam utilizado como "confete"; rumor que foi desmentido pela Ministra de Justiça da província de Punjab, Rana Sanaullah, quem explicou que isso definitivamente não havia ocorrido.

Em uma declaração da AIN, distintas figuras católicas advertem que esta norma não só promove a perseguição dos cristãos, mas também põe em perigo outras minorias assim como a todos os paquistaneses; e chamam a "as pessoas de boa vontade a trabalhar na abolição desta lei".

O texto, assinado por Marie-Ange Siebrecht, Chefe de Projetos da AIN para a Ásia-África; e pelo Diretor Nacional do AIN em Grã-Bretanha, Neville Kyrke-Smith, precisa que o abuso que se faz desta "lei contra blasfêmia" contribui ao desrespeito dos direitos humanos.

Assim, explicam, segundo o artigo 295-B da citada norma, tirar folhas do Corão (o livro sagrado muçulmano) traz consigo uma sentença de cadeia perpétua; enquanto que falar contra Maomé (artigo 295-C) é castigado com a morte. "Enquanto estas leis existam, Paquistão estará apanhado em um inacabável círculo vicioso de violência, miséria e rompimento da comunidade", precisa AIN.

"O mau uso destas leis significou que se converteram em um instrumento de opressão, uma vara para golpear os vulneráveis", acrescenta o texto.

Finalmente, AIN assinala que "nestes momentos de tragédia e perda –especialmente para os cristãos no Paquistão– Ajuda à Igreja Necessitada pede a todos rezar pelo fim dos atos de violência e intimidação. Que aqueles que estão de luto por ter perdido seres queridos ou estejam temerosos por seu futuro, sejam consolados Por Deus".

Enquanto isso, esta organização fez chegar três mil euros para emergência ao Bispo do Faisalabad, Dom Joseph Coutts, a diocese aonde ocorreram os assassinatos.

Fonte: ACI

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Lembrando...

Paquistão: governo muda, mas não muda marginalização dos cristãos

21.08.2008 - Ainda que o governo no Paquistão mude, não mudará a marginalização dos cristãos no país, pois suas causas são profundas, considera um sacerdote educador no país.

Por ocasião da renúncia do presidente paquistanês Musharraf, o Pe. Miguel Ruiz, reitor de uma escola técnica da ordem dos Salesianos, construída em Lahore (Dom Bosco Technical Center), fez uma análise da situação em uma visita à sede da associação católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre.

O sacerdote a ssinala que a pressão exercida sobre os cristãos diminuiu sob Musharraf, mas que este mandatário estava de pés e mãos atados pelas ameaças de distúrbios lançados por círculos islâmicos fundamentalistas.

Concretamente, os cristãos vivem continuamente ameaçados pela possível acusação de blasfêmia contra o islã, uma pena que é profusamente empregada para levar os cristãos aos tribunais, e que pode levar à pena de morte.

Na opinião do Pe. Ruiz, o motivo real da opressão dos cristãos reside na grande pobreza da população, que impede que muitos pais possam facilitar a seus filhos (geralmente numerosos) uma formação escolar, ou que os leve a confiá-los às babás, que em sua maioria não estão sujeitas a nenhum tipo de controle estatal.

Jovens delinqüentes de 12 ou 13 anos acabam nessas escolas corânicas, onde, como assinala o sacerdote, «sua paixão, energia e frustrações são canalizadas ao ódio».

Mas o fato de que os cristãos paquistaneses sejam considerados o estrato inferior da sociedade não é, segundo o Pe. Ruiz, culpa do Islã, mas uma seqüela do sistema de castas hindu, da qual se envergonham muitos muçulmanos, pois vários deles ocuparam essa mesma posição antes da independência do Estado do Paquistão da Índia, sendo vítimas da discriminação e do desprezo.

O salesiano, de origem espanhola, lamentou, em sua visita à sede internacional de Ajuda à Igreja que Sofre, que as crianças cristãs paquistanesas tivessem pouco acesso ao sistema educativo e a uma formação escolar superior.

Em parte, nem sequer podem entrar em centros de formação superiores da Igreja por não passar nos vestibulares estipulados pelo Estado, entre outros motivos, porque carecem de suficientes conhecimentos de inglês.

Por isso, precisou o sacerdote, é necessário que a Igreja encontre a forma de facilitar a seus fiéis o acesso ao sistema educativo.

O sonho desse sacerdote católico é fortalecer o trabalho com os jovens no Paquistão e trabalhar também com jovens delinqüentes, para que não sejam educados para o ódio pelas babás não supervisionadas.

Quer ensinar-lhes «amor, tolerância e respeito», e assinala que para isso está disposto a colaborar com as instituições públicas. Segundo ele, também seria importante que os docentes islâmicos transmitissem aos jovens o «Islã verdadeiro».

No Paquistão, os cristãos são uma pequena minoria, pois não superam 1,5% de uma população majoritariamente (mais de 90%) muçu lmana. São vítimas de numerosas discriminações e alvo freqüente de atos de violência.

Fonte: Zenit

 


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