Artigo de Everth Queiroz Oliveira: A importância de se guardar o depósito da fé


 08.08.2009 - A humanidade encaminha ao abismo. Os últimos tempos estão definitivamente chegando. A missão da Igreja, assim como a de Jesus Cristo, é de anunciar o Reino de Deus, uma vez que é Ela a depositária infalível da verdade. Lembramos, nos terceiro mistério luminoso do Rosário da Virgem Maria, justamente esse anúncio que Jesus Cristo faz: “Fazei penitência, pois o Reino dos céus está próximo” (Mt 4,17). Essa mensagem se perpetua através dos séculos. Especialmente depois de consolidada a Igreja de Cristo os bispos da Santa Igreja de Deus lutaram incansavelmente para defender a fé, cumprindo aquela bela exortação que São Paulo fazia a Timóteo: “Prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir” (2 Tm 4,2).

Contudo, apesar dos esforços da Igreja para manter todos os povos na Sua sagrada unidade, homens, levados pelo prurido de novidades, não suportando mais a doutrina da salvação, começaram a se corromper. E desse modo observamos um processo de descristianização da sociedade. Sim, houve um tempo em que a nossa sociedade era cristã e observava castamente, sem se corromper, o Magistério da Igreja. É o que os filósofos iluministas erroneamente chamavam de idade das Trevas. Só conseguimos entender porque adjetivaram assim a Idade Média depois que lemos Jo 3,19: “A luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas (…), pois as suas obras eram más”. E as obras dos homens nunca foram tão más como são nesse terceiro milênio!

As pessoas falam tanto em evolução, mas o que observamos é um retrocesso. Ao invés de avançar, a sociedade decai especialmente na moral. E o que o Papa Bento XVI propôs na encíclica Caritas in Veritate é justamente isso: levantar o mundo dessa crise mundial que se alavanca por meio duma reestruturação não dos meios econômicos e dos poderes políticos, mas, em primeiro lugar e principalmente, da ética social. Só dessa maneira o mundo poderá gozar da verdadeira prosperidade. E o remédio os sumos pontífices da Igreja Católica têm indicado há muito tempo. O papa Gregório XVI, ainda em 1827, apontava, em tom profético, os erros da sociedade hodierna que, levada pela ganância e ambição, perdia os valores mais básicos da educação:

“Em verdade, triste e com o coração dolorido, dirigimo-Nos a vós, a quem vemos cheios de angústia, ao considerar a crueldade dos tempos que fluem para com a religião que tanto estremeceis. Na verdade, poderíamos dizer que esta é a hora do poder das trevas para joeirar como o trigo, os filhos de escol (cf. Lc 22,53); ‘a terra ficou infeccionada pelos seus habitantes, porque transgrediram as leis, mudaram o direito, romperam a aliança eterna’ (Is 24,5). Referimo-Nos, Veneráveis Irmãos, aos fatos que vedes com vossos próprios olhos e todos choramos com as mesmas lágrimas. A maldade rejubila alegre, a ciência se levanta atrevida, a dissolução é infrene. Menospreza-se a santidade das coisas sagradas, e o culto divino, que tanta necessidade encerra, não é somente desprezado, mas também vilipendiado e escarnecido. Por esses meios é que se corrompe a santa doutrina e se disseminam, com audácia, erros de todo gênero. Nem as leis divinas, nem os direitos, nem as instituições, nem os mais santos ensinamentos estão ao abrigo dos mestres da impiedade” (Encíclica Mirari Vos).

E apontava, na mesma linha de São Paulo, as soluções para se enfrentar essa decadência moral: “Deveis, pois, trabalhar e vigiar assiduamente, para guardar o depósito da fé, apesar das tentativas dos ímpios, que se esforçam por dissimulá-lo e desvirtuá-lo” (id.). E para que guardar o depósito da fé? “Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores” (Ef 4,14). É também essa a resposta que apresenta toda a Igreja, em comunhão, por exemplo, com os documentos encíclicos Inscrutabili del Consilio, do Papa Leão XIII, e Pascendi Dominici Gregis, de São Pio X. Não podemos desanimar nesse combate da fé. Se não pregarmos o Evangelho, se não conservamos a sã doutrina da Igreja em nossos discursos e em nossos debates muitos continuaram como crianças ao sabor das ondas.

Entendemos esse mistério em sua plenitude a partir do momento que pomos isso na perspectiva das condições atuais da humanidade. O mundo está nas ruínas! E isso é culpa de quem? Dos maus? Não! Da omissão dos bons! Se não agem aqueles que podem praticar a caridade na verdade (caritas in veritate) então o que será dos maus? Não poderão mudar e o mundo encaminhar-se-á cada vez mais àquele estado perverso da alma chamado inferno. Portanto, é nossa a missão. Temos muito pela frente. Coragem! Jesus promete nos ajudar, afinal Ele venceu o mundo (cf. Jo 16,33). Invocamos o auxílio também da Bem-Aventurada Virgem Maria, Aquela que encontrou graça diante do Altíssimo (cf. Lc 1,30) e que tanto é propícia para os males presentes dessa Igreja militante.

Graça e paz.

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/

 


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