29.07.2009 - Um mundo melhor: é o que idealizam os meios de comunicação, em parceria com instituições de caridade, responsáveis pelo crescimento psicológico do ser humano. Dão as dicas e indicam os caminhos, contudo, nada disso funciona. Buscam o porquê; mas o buscam nos lugares errados, assim como são errados os caminhos indicados. Talvez porque não adianta querer fazer coisas grandes sem ter passado por etapas mais simples. É impossível mudar o mundo sem passar pela experiência de primeiramente mudar a mim mesmo. Além disso, se quisermos de fato construir uma sociedade melhor, não é necessário que façamos várias coisas. Podemos trabalhar em apenas uma área, desde que esse trabalho seja bem realizado.
Deste modo, observamos que, para que possamos nós mesmos mudar, necessitamos desempenhar nossas atividades com qualidade. A quantidade é inútil pois de nada adianta fazer mil coisas se essas não são bem feitas. Por isso, uma coisa de cada vez. Busquemos fazer primeiro o que está ao nosso alcance. Depois, com o tempo, vamos aprendendo a fazer mais e mais atividades sem prejudicar a qualidade das mesmas. Desse modo será possível mudar o ambiente onde eu vivo. A expansão dessa mudança vai depender especialmente da mudança que eu realizo na vida do que está ao meu lado. Se ele é capaz de, junto comigo, mudar suas atitudes e melhorar a qualidade de seus pensamentos e de suas ações, então a mudança que eu experimentei não é somente minha; é coletiva. E vai depender somente de mim realizá-la, uma vez que faz-se necessária uma mudança verdadeira, pois só assim ela será capaz de arrastar mais pessoas à esse modo de vida.
Acontecendo isso, a sociedade ao meu redor muda. E isso já é o sinal prefigurativo de que o mundo pode continuar mudando. Mas, continua dependendo de mim. A mudança que eu começo, na medida em que ela cresce e se expande, não sai da minha responsabilidade. Pelo contrário, cresce mais em mim a necessidade de perseverar nessa mudança, pois se o idealizador desse projeto pára de mudar – ou seja, se o criador pára de pôr a máquina para funcionar – então não existe mais mudança. Veremos, caso pararmos de melhorar, uma mudança de transição. Não haverá mais expansão. Desse modo, o projeto fracassa.
Agora, que caminho seguir para construir de fato esse projeto? O primeiro passo é a reconstrução moral da minha mentalidade (digo minha, uma vez que a mudança começa em mim e não nos outros). Muitas vezes cultivamos no mundo sementes que se já não vão fertilizar, quando o fizerem farão crescer frutos ruins. Então, é preciso separar o bem do mal: será que os valores que estou promovendo são bons ou ruins? Assim será possível realizar uma avaliação de mim mesmo e tirar da minha vida aquilo que literalmente não presta.
Mas nesse contexto surge outro questionamento: o que é bom? O que é ruim?
Aqui entra a religião. Com o papel de definir a qualidade do bem e do mal, estabelecendo o discernimento necessário para que possamos, enfim, construir uma sociedade melhor, a religião busca ser essa ponte que liga o homem à Sabedoria que tudo pode discernir: Deus. No estabelecimento dessa conexão, ela busca, ao mesmo tempo, uniformizar as nossas atitudes com as que Deus quer que tenhamos. Contudo, necessitamos escolher a ponte certa. De nada adianta ter uma religião que não estabelece a verdadeira conexão com Deus e sua vontade. Quantas pontes quebradas pelos ventos de doutrina falsa! De fato, só existe uma ponte sólida, capaz de levar o homem de fato a Deus. Embora todas as religiões busquem levar o homem a Deus, nem todas alcançam esse objetivo porque se esquecem que, para chegar a Deus, é preciso trilhar o caminho da verdade. E a verdade está apenas em uma religião.
Essa religião deriva, de algum modo, da tradição do povo judeu, que experimentou do amor divino de eleição, que os encaminhou à Terra Prometida. Sendo o povo de Deus, experimentou também a vinda magnífica do Messias, Jesus Cristo, que cumpriu todas as profecias que foram proferidas a seu respeito nos livros inspirados pelo Espírito Santo, como Isaías, Jeremias, Ezequiel, Amós etc. Esse mesmo Jesus, que se encarnou no ventre da Santíssima Virgem Maria, foi crucificado e morto; mas três dias após a sua morte, ressuscitou, mostrando que era de fato “filho de Deus”. Seus seguidores – os apóstolos – consolidaram a criação de uma nova Igreja, chamada por Santo Inácio de Antioquia de católica. Desse modo, estabelecia ali, naquela Igreja, a sua verdade, sendo Aquela detentora da mesma para sempre.
Assim, só é possível estabelecer uma perfeita conexão com Deus na Igreja Católica. Não se trata de hipocrisia, nem de egoísmo. É a verdade que Jesus revelou nas Sagradas Escrituras e encaminhou aos seus discípulos por meio da Tradição Apostólica. No meio de tantas pontes, resplandece como ponte única para a salvação, Jesus Cristo, “caminho, verdade e vida” (Jo 14,6), que fundou Sua Igreja, entregando-a nas mãos de Pedro, que, segundo a Tradição da história, foi o primeiro papa (cf. Mt 16,18; Jo 21,17). Desse modo, cresce em nós a certeza de que, para mudarmos a nós, necessitamos construir uma moral em nossa mentalidade. Isso só é possível com a graça da ponte que é feita entre Deus e o homem, cuja plenitude está em Jesus, que com a Sua Igreja, forma uma só carne (cf. Ef 5,23). Desse modo, expandida a mudança que ocorre em mim, ocorre a mudança do mundo.
O papel da Igreja no mundo é, portanto, fundamental. É só por meio dela e dos seus ensinamentos que seremos capazes de reestruturar a moral esfacelada da nossa sociedade, que clama por Deus. Somos nós os anunciadores da Igreja no mundo contemporâneo. Não podemos vacilar, deixar que a nossa voz se cale. Afinal, se isso acontecer, como ocorrerá uma mudança autêntica do mundo? Como o ser humano conhecerá Jesus Cristo, que vem para libertar os povos e conduzi-los à vida eterna? Talvez não tenha ressaltado isso, mas agora vejo essa necessidade: não preocupemo-nos somente com os valores materiais. Afinal, “que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida?” (Mt 16,26)
Graça e paz.
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com