Artigo do Padre José do Vale: Livro de Deus, Mãe?


 13.07.2009 - “Nada é tão importante como o exemplo tirado da Palavra de Deus, e que a Bíblia se lê com fé, se ouve com o coração e se transmite com simplicidade, não se tornando um declamador dela”.   Papa Bento XV (1914-1922)

Uma tarde, certa mãe muito atarefada, ao promover uma limpeza geral na casa, apelou para o filho de onze anos, pedindo-lhe sua ajuda. Coube a ele, então, o dever de limpar os móveis, começando de cima para baixo, ainda com a responsabilidade de retirar todos os objetos acumulados sobre eles, para que melhor pudesse retirar toda a poeira ali amontoada desde a última faxina.
O garoto, servindo-se de uma pequena escada de dois degraus, iniciou seu trabalho. Depois de algumas horas, estavam limpos os móveis das duas salas e dos quartos. Finalmente chegou aquele quarto onde eram colocados objetos mais antigos – alguns aproveitáveis e outros não.
Havia realmente muito que fazer ali. Quando começou pôr abaixo tudo o que estava colocado em cima de uma velha prateleira, o garoto deparou-se com um volume grosso, já amarelecido, empoeirado e metido entre latas, ferramentas e tantas outras quinquilharias encostadas. Com o livro já nas mãos, o pequeno chamou a mãe e foi dizendo:
-Olha, mãe, achei essa coisa velha, empoeirada e até com cheiro de mofo. Veja só como está horrível...
Posso jogar no lixo?
A mãe, que por um pouco havia deixado os seus próprios afazeres a fim de atender ao chamado do filho, vendo que aquilo que o garoto chamava de coisa era a Bíblia da família, disse-lhe em tom contrito:
-Meu filho, tome cuidado com este livro porque ele é sagrado, é o livro de Deus! Imagine, atirar ao lixo esse volume...
-Livro de Deus, mãe?
Então, antes que as traças o destruam, o melhor é devolvê-lo ao dono, pois aqui em casa nunca o usamos e quem sabe Deus encontre alguém interessado nele...
(Autor Desconhecido)


Torna-se um pecado não ler a Sagrada Escritura, porque desobedece a ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele mandou: “Examinais as Escrituras, pensando ter nelas a vida eterna, e são elas que dão testemunho de mim”, (Jo 5,39). “Estais errados. Não compreendeis a Escritura, nem o poder de Deus” (Mt 22,29).
Quem não guarda a Palavra de Deus em seu coração está morto. Quem não vive o espírito da Palavra da Vida, vive a cultura da morte.
Disse Jesus: “as palavras que vos falei são Espírito e são vida” (Jo 6,63). “Se alguém, guardar a minha palavra, nunca verá a morte” (Jo 8,51).
O personagem central da família é Jesus Cristo e o principal livro de leitura da família é a Bíblia Sagrada.
Só temos paz de espírito, comunhão familiar e vida eterna na obediência dos ensinos contidos nas Sagradas Escrituras.
“Feliz quem teme o Senhor e segue seus caminhos. Viverás do trabalho de tuas mãos, viverás feliz e satisfeito. Tua esposa será como uma vinha fecunda no interior de tua casa.; teus filhos, como brotos de oliveira ao redor de tua mesa. Assim será abençoado o homem que respeita o Senhor” (Sl 128,1-4).

LER E ORAR

Ensina o Catecismo da Igreja Católica: “A Igreja exorta todos os fiéis cristãos, com veemência e de modo peculiar... a que pela freqüente leitura das divinas Escrituras aprendam ‘a eminente ciência de Jesus Cristo’... Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração, a fim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem; pois a Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando os divinos oráculos” (nº 2653).
São Paulo Apóstolo ensinava com rigor a leitura da Palavra de Deus e a oração.
“Dedica-te a leitura e ao ensino” (1 Tm 4,13). “Ser fiel a Sagrada Escritura” (2 Tm 3,14-17).
“Orai sem cessar” (1 Ts 5,17).
“Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões, ação de graças, por todas as pessoas”, (1 Tm 2,1.2).
O grande Patriarca dos monges do Ocidente São Bento de Núrsia (480-547), centraliza a sua espiritualidade monástica na Pessoa de Jesus Cristo. Cristo abre a Santa Regra e Cristo a encerra. Sua vida e seu amor constituem toda a inspiração ardente do monge.
“Para combater, junto a Cristo Senhor, o verdadeiro Rei” (Prólogo 3). “Prefiram a Cristo. Que Ele nos conduza juntos para a vida eterna” (RB 72,11.12). “Cumpra, com a ajuda de Cristo esta mínima Regra” (RB 73,8).
A revelação de São bento com a Palavra de Deus é magistral. Ele vivia o ensino sagrado, por isso tinha autoridade para exortar os seus filhos.
“Com efeito, que página ou palavra de autoridade divina, seja do Antigo, seja do Novo Testamento, não é norma seguríssima para a vida humana?” (RB 73,3).
Creio que não existe na História da Igreja um pensamento tão excelente e tão abissal como este dito por São bento: “NADA ESTIMAR HAVER MAIS CARO QUE O CRISTO”, (RB 5,2).
O renomado escritor sacro e grande pregador, daí, ele é considerado o “O Príncipe dos Pregadores’, o inglês Charles H. Spurgeon (1834-1892), leu a Bíblia Sagrada 100 vezes e disse: “Á centésima vez achei-a incomparavelmente mais preciosa, que á primeira”.
Quantas vezes você já leu a Bíblia?
Como conhecer Jesus Cristo e ter experiência com Ele, se não conhece a Sua Pessoa e seus ensinos através do seu único Testamento?
Já Dizia Santo Agostinho de Hipona (354-430): “Ninguém ama aquilo que não conhece”.


CONCLUSÃO


A gloriosa Palavra de Deus é como uma rocha (2 Sm 23,2.3). Ela é a fortaleza inabalável que nos guia para casa fortificada (Sl 31,3.4).
Tudo pode mudar, perecer e passar, menos a bendita Palavra do Senhor, nosso bom e justo Deus: “Passarão o céu e a terra. Minhas palavras, porém, não passarão” (Mt 24,35).
A Bíblia é como uma carta: bem pessoal.
Ela é escrita para MIM.
Todos os conselhos são dirigidos a MIM.
Toda expressão de amor é para MIM.
Nosso Senhor Jesus Cristo morreu por MIM.
Ele oferece uma salvação pessoal a MIM.
Se eu quero ser salvo para gozar no céu a felicidade eterna, devo aceitá-lo como MEU Senhor e Salvador pessoal.
A Sagrada Escritura é a poderosa ferramenta de Deus que através dos séculos vem transformando milhares de vidas em novas criaturas para família, igreja, sociedade e as mansões celestiais.
A Sagrada Escritura é o maior tesouro do bom Deus para humanidade.
“São mais desejáveis do que o ouro, muito ouro refinado” (Sl 19,11).


Pe. Inácio José do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
E-mail: [email protected]


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