Onda de violência atinge Salvador e cidades pequenas do interior baiano


 10.07.2009 - A guerra entre as quadrilhas de traficantes apavora moradores de dezenas de bairros de Salvador. Os traficantes enfrentam a polícia, fecham escolas, espalham o clima de terro.

"Se a gente não fizer o jogo deles [guardar as drogas e os armamentos dentro de casa], mandam tocar fogo na casa da gente”, diz um morador.

Nem os técnicos da Defesa Civil escapam da violência. Na última temporada de chuvas, este engenheiro teve o seu carro atacado quando subia o morro para socorrer uma família. “O carro bateu de tanto tiro que levou no motor e na carroceria”, disse ele, que considera um milagre ter escapado do ataque.

Este policial está escondido há cinco meses. Quando os bandidos descobriram que eram vizinhos dele montaram uma emboscada. “Consegui escapar, consegui fugir e tirar minha família a tempo. Agora moro no batalhão, tem 5 meses que não vejo minha família."

Também ficam sem ver a família trabalhadores como esta empregada doméstica. Quando os traficantes impõem o toque de recolher, ela não consegue voltar para casa. “A partir de 9h30, já está fechando tudo, ninguém pode mais passar na rua”, diz. E quando precisa ficar até mais tarde, ela diz que tem que dormir no trabalho. “Meus filhos ficam em casa sozinhos."

Eles atacam até o transporte público. Quando algum traficante morre em confronto com a polícia, ônibus são assaltados e destruídos em represália. Por força de uma lei municipal, todas as empresas de transportes urbanos de Salvador são obrigadas a rodar com câmeras de segurança, mas em várias linhas isso não funciona porque os traficantes destroem os equipamentos.
Para evitar que as imagens sejam gravadas eles ameaçam até o motorista. “[O ladrão] Já vai destruindo o equipamento com as próprias armas. Nós não podemos nem olhar para a cara deles."

Com medo, vários motoristas já desistiram da profissão. Em alguns bairros, quando os ônibus chegam ao fim da linha, os traficantes assumem a cobrança das passagens. "Eles botam os passageiros pela frente, cobram as passagens, botam o dinheiro no bolso e a se a gente reagir, a gente morre."

A onda de violência das ações criminosas já ultrapassou os limites da região metropolitana de Salvador. Os bandidos ligados ao tráfico de drogas espalham o medo até nas pequenas cidades do interior da Bahia. Em Conceição da Feira, de 20 mil habitantes, a promotora de Justiça da comarca precisa de escolta policial para trabalhar porque foi ameaçada de morte. Ela tem proteção até na porta do gabinete. As ameaças chegam por telefone e cartas anônimas.

"Dizem que eu estou ousada demais e com escolta ou sem escolta vão me matar. Comentam que estão preparando uma armadilha pra mim", afirma Dhaiane Bulcão. As ameaças não impedem que ela continue trabalhando no combate ao tráfico. Acompanhada da polícia, ela vai aos pontos de venda de drogas.

O diretor do Departamento de Narcóticos da Secretaria da Segurança Pública, Hélio Jorge Paixão, diz que a polícia depende dos moradores para reprimir o tráfico. "Se é uma situação que está acontecendo em determinados locais, em determinados horários, a população precisa nos informar isso com precisão para que a gente possa atuar."

E enquanto a polícia espera as denúncias para atuar, os traficantes vão ampliando suas ações criminosas e a população fica a cada dia mais apavorada. ”A gente vegeta não vive. Acorda de manhã e dá graças a Deus está vivo."

Fonte: G1

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Lembrando em 2007...

Violência explode como o principal problema do país

25.03.2007 - A violência explodiu na percepção dos brasileiros como o principal problema do país no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A avaliação do governo federal piorou e as menores taxas de aprovação a Lula estão hoje concentradas nas capitais, em grandes regiões metropolitanas e em Estados como São Paulo e Rio, onde a violência é maior e repercute mais.
Pesquisa Datafolha realizada na semana passada em todo o país revela um salto de 14 pontos, de 11% para 25%, no total de brasileiros que consideram a segurança/violência a área de pior desempenho do governo.
O mesmo tema foi apontado de forma espontânea por 31% dos brasileiros como o principal problema do país. É quase o dobro dos 16% captados em pesquisa feita em dezembro.

Nenhum outro tema atinge esse patamar. O desemprego, que figurou no topo das aflições dos brasileiros durante todo o primeiro mandato de Lula, caiu agora para o segundo lugar -22% o apontam como o maior problema. O tema atingiu 49% em março de 2004, mas vem caindo desde então.
O aumento da percepção da violência entre a população coincidiu com uma queda de quatro pontos entre os que avaliam o governo Lula como ótimo/bom. A taxa caiu de 52%, em dezembro, para 48%.
Com isso, Lula volta ao patamar pré-eleitoral, de agosto a outubro de 2006. O melhor índice obtido por ele até aqui foi 53%, às vésperas da reeleição.
A queda na aprovação de Lula deu-se principalmente nas faixas da população onde ele tem mais apoio (leia abaixo).

Seqüência de casos

O salto da violência ao posto de maior problema do país e pior área de desempenho do governo ocorre após uma longa seqüência de casos: da morte do menino João Hélio, aos 6 anos, arrastado do lado de fora de um carro no Rio, a casos de balas perdidas, atuação de milícias em favelas cariocas e, mais recentemente, de uma onda de assaltos a bancos em São Paulo com vítimas entre a população.

Enquanto a avaliação ótimo/bom média do presidente atinge 48%, ela é bem menor, de 39% e 42%, respectivamente, nos Estados de São Paulo e Rio. O mesmo se dá nas principais capitais e regiões metropolitanas do país (42%). No interior, tido como menos violento, a avaliação positiva de Lula fica acima da média, em 52%.
Embora o índice de ótimo/ bom tenha caído quatro pontos, a taxa de ruim/péssimo permaneceu estável em 14%. Já o índice de regular subiu de 34% para 37%.

Depois da violência (25%), as áreas de pior desempenho do governo, na opinião dos brasileiros, são a saúde (14%) e a criação de empregos (13%). A educação figura em um distante quarto lugar (7%), seguida do combate à corrupção (3%).
Já as áreas consideradas de melhor desempenho do governo Lula são combate à miséria (14%, ante 17% na pesquisa de dezembro), educação (praticamente estável em 12%) e programas sociais (10%).
Apesar dos auto-elogios que Lula e sua equipe econômica vêm fazendo em relação à condução da economia, a pesquisa revela que apenas 8% dos entrevistados consideram o tema como a área de melhor desempenho do presidente.
A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 19 e 20 de março em todo o país e ouviu 5.700 pessoas. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Fonte: UOL notícias (Folha SP)


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