Coreia do Norte prepara lançamento de míssil que pode atingir EUA


01.06.2009 - A Coreia do Norte está preparando um míssil, concebido para atingir os Estados Unidos, cujo lançamento poderia ocorrer em semanas, aumentando a tensão depois do segundo teste nuclear subterrâneo realizado pelo país, informaram jornais sul-coreanos nesta segunda-feira, citando fontes não identificadas do governo.

Imagens de satélite e outros dados de inteligência sinalizaram nesta segunda-feira que o governo norte-coreano transportou seu mais avançado míssil de longa distância para a nova instalação de Dongchang-ni, próxima à China. Ele pode estar pronto para ser lançado nas próximas duas semanas, segundo relatou a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

O jornal "JoongAng Ilbo", citando uma fonte do governo da Coreia do Sul, afirmou que pode se tratar de um míssil balístico intercontinental que pode atingir até 6.500 km de distância.

Assim, o Estado do Alasca e bases americanas na ilha de Guam, no Pacífico, além de todo o Japão, estariam ao alcance do míssil.

Em visita a Manila, nas Filipinas, o secretário de Defesa americano, Robert Gates, disse que, apesar de a Coreia do Norte estar trabalhando em seus mísseis de longo alcance, ainda não estavam claros os objetivos do país.

A atividade no campo de lançamento ocorre depois de o Conselho de Segurança da ONU ameaçar punir Pyongyang pelo teste nuclear de 25 de maio, e antes de um encontro em Washington entre o presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, e o americano, Barack Obama, em 16 de junho.

O presidente sul-coreano alertou, em sua mensagem semanal no rádio, que país "nunca irá tolerar" ameaças militares.

A guarda costeira do sul estava escoltando barcos pesqueiros nas proximidades da ilha de Yeonpyeong, e a agência de notícias sul-coreana Yonhap informou que tropas da Coreia do Norte realizaram manobras anfíbias e manobras rápidas, o que poderia ser uma preparação para confrontos no mar.

As Coreias encerraram a guerra de três anos em 1953 com uma trégua, mas Pyongyang disse na semana passada que deixará de cumprir as condições do armistício. O governo norte-coreano também contesta a fronteira marítima ocidental determinada pela ONU, ao redor da qual conflitos sangrentos com a Coreia do Sul ocorreram em 1999 e 2002.

Nenhum incidente foi reportado na Zona Desmilitarizada que separa os dois países, e a vida parece normal no lado norte-coreano do rio Yalu, que marca a fronteira do país com a China.

Em meio à tensão na península coreana, o governo da Coreia do Norte anunciou que na próxima quinta-feira (4) começará o julgamento de duas jornalistas americanas, Laura Ling e Euna Lee, acusadas de entrar no país ilegalmente e de participar de "atos hostis".

Aviso

As recentes ações da Coreia do Norte aconteceram após sinais de escalada da tensão enviados pelo regime comunista liderado por Kim Jong-Il.

No final de abril, Pyongyang ameaçou realizar testes nucleares e com mísseis de longo alcance ao menos que o Conselho de Segurança se desculpasse pelas críticas feitas pelo lançamento feito em 5 de abril, que teve o objetivo de colocar um satélite em órbita, segundo o governo norte-coreano, mas que foi considerado pelo governos ocidentais como um teste de míssil balístico --uma infração das sanções impostas ao país em 2006.

Na semana passada, o governo norte-coreano ameaçou tomar outras medidas de "autodefesa" se o Conselho de Segurança provocasse o país --a ameaça foi entendida como uma referência a um teste com um míssil intercontinental.

Ressaltando a ameaça, a Coreia do Norte designou uma grande área de sua costa ocidental como "não navegável" até o fim do próximo mês, de acordo com o jornal sul-coreano "Chosun Ilbo".

Por outro lado, a imprensa norte-coreana defende o posicionamento desafiador do país, que teria sido provocado pela Coreia do Sul e pelos EUA.

"Os imperialistas americanos e as marionetes da Coreia do Sul perpetraram ao menos 200 casos de espionagem aérea contra a República Democrática Popular da Coreia em maio, ou 30 casos a mais do que no mesmo mês do ano passado", escreveu a agência oficial de notícias norte-coreana KCNA.

Especialistas dizem que a capacidade militar da Coreia do Norte, apesar de estar aumentando, ainda não é uma ameaça direta aos seus vizinhos. Eles dizem que a principal preocupação é que o regime norte-coreano tente vender a tecnologia nuclear para outros países.

Fonte: Folha online

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