24.05.2009 - O terrorista turco Mehmet Ali Agca, que tentou matar o papa Wojtyla em 1981, preso na Turquia, ficará livre em breve e sonha em se estabelecer em Fátima, Portugal. *E quer ser batizado na Praça de São Pedro.*
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 13-05-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Quero me tornar católico, ser batizado na Praça de São Pedro e proclamar a minha nova fé diante da imprensa de todo o mundo". Mehmet Ali Agca nos acostumou às representações. Ele mesmo afirma ter dado "50 versões diferentes" sobre os motivos do atentado a Wojtyla. Nesta quarta-feira, a exatos 28 anos do dia 13 de maio de 1981, uma ação cuja origem ainda está para ser descoberta, o ex-lobo cinzento [grupo extremista turco] despista a todos e volta a falar, naturalmente a seu modo.
E fala do interior da prisão de Ankara, a capital turca, onde está preso desde 2000, depois de outros 19 anos passados na Itália. Aos 51 anos, com os cabelos completamente brancos, Agca já está no final da detenção. Seu advogado, Haci Ali Ozhan, está projetando o primeiro período de liberdade do seu cliente. É graças a ele que ocorre a entrevista, já que as autoridades turcas não permitem que nenhum jornalista tenha acesso ao cárcere de Yenikent.
Depois do não da Polônia ao pedido do ex-lobo cinzento de obter hospedagem e cidadania, seu advogado se dirigiu a Portugal, depois a Roma, onde o encontramos. Essas são as perguntas e as respostas que ele transmitiu.
Antes de tudo, como está Mehmet Ali Agca?
Bem, mesmo que eu imaginava me encontrar melhor na Turquia, uma vez extraditado. Aqui me tratam bem, mas a Itália me faz falta. E me faz falta a liberdade. Agora, porém, estou quase às vésperas da minha libertação.
Quanto falta exatamente?
Alguns meses, depois serei um homem livre.
O que você espera fazer?
Viajar, ter uma vida simples, trabalhar.
Onde?
Estamos dando alguns passos com relação ao governo português. Gostaria de receber a cidadania. Em Portugal, em Fátima, está a estátua de Nossa Senhora de Fátima, estimada por Wojtyla. O Papa Ratzinger explicou que o atentado realizado por mim constituía o famoso Terceiro Segredo. Eis porque eu escolhi Portugal.
Quando você irá se decidir a relatar a verdade sobre quem realmente colocou a arma na sua mão?
Agora não. Não posso nem quero dizer nada.
Por que enviou seu advogado para Roma?
Busquei contato com a cúpula da Cúria. Refleti muito. O meu percurso interior é longo. Gostaria de me aproximar da religião católica. Eu acredito em um Deus único. Em um mundo dominado pelo ódio e pela violência, há a necessidade de uma instituição global como a Igreja católica que pregue paz, amor e comunhão entre os povos.
Você é muçulmano?
Sim, mas o *meu percurso vai na direção católica*. Eu li. Estou me aproximando. E gostaria, uma vez livre, de ser batizado. Gostaria de ser batizado diante da imprensa de todo o mundo, no Vaticano, exatamente diante da Praça de São Pedro, no lugar onde feri o Papa Wojtyla.
Como você se lembra do Papa Wojtyla?
Como o ser humano mais respeitável e de bom coração do século XXI. Gostaria de prestar-lhe homenagem em seu túmulo.
Prof. Felipe Aquino
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