15.05.2009 - “Eu vos faço saber, irmãos, que o Evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, pois eu não o recebi nem aprendi de homem, mas por revelação de Jesus Cristo. Ouvistes certamente da minha conduta de outrora no judaísmo, de como perseguia sobremaneira e devastava a Igreja de Deus e como progredia no judaísmo mais do que muitos compatriotas da minha idade, distinguindo-me no zelo pelas tradições paternas. Quando, porém, aquele que me separou desde o seio materno e me chamou por sua graça, houve por bem revelar em mim o Seu Filho, para que eu o evangelizasse entre os gentios” (Gálatas 1.11-16).
George Lytleton, um inglês agnóstico do século XIX, estava convencido de que era impossível um homem como Saulo de Tarso, mais tarde apóstolo Paulo, mudar radicalmente o curso de sua vida, como o Novo Testamento relata. Decidiu escrever um livro para defender seu ponto de vista e semear dúvida na cristandade, mostrando que a conversão de Saulo foi somente aparência. Depois de uma intensa investigação, esse foi o resultado de seus estudos: “Concluindo, a conversão de Paulo e seu apostolado provam que a conversão ao cristianismo é conseqüência de uma revelação divina”.
O mesmo Lyttleton acabou se tornando cristão ao confiar em Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal. De sua autoria a obra: “Observations on the conversion and apostleschip of St. Paul”.
São Lucas, autor do livro de Atos dos Apóstolos, considerava a conversão de Paulo como um acontecimento de grande importância. Ele contou essa história três vezes (Atos 9, 22 e 26) com muitos detalhes. A vida de Paulo é o exemplo de uma conversão radical que vai além das palavras e de uma decisão intelectual; ela afeta todas as áreas da vida de uma pessoa e provoca um apego incondicional a Deus.
A conversão é o maior milagre operado pelo bom Deus no coração do ser humano. “É o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Romanos 5.5). “Pela graça fostes salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é o dom de Deus: não vem das obras, para que ninguém se encha de orgulho” (Efésios 2. 8,9).
NADA DETÉM ESSE APÓSTOLO
“Nós e os do lugar começamos a suplicar a Paulo que não subisse a Jerusalém. Mas ele respondeu: “Que estais fazendo, chorando e afligindo o meu coração? “Pois estou pronto não somente a ser preso, mas até morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus”. (Atos 21.10-13).
Sob acusações falsas, o apóstolo Paulo foi preso em Jerusalém e levado a Félix, governador da Judéia. Félix estava longe de ser uma autoridade pública exemplar. O historiador romano Tácito (56 – 120) escreveu que esse governador “pensava que podia cometer qualquer ato mau com impunidade”. Félix estava mais interessado em receber suborno do que em agir com justiça.
São Lucas escreve: Félix mandou chamar Paulo e ouviu-o falar sobre a fé em Cristo Jesus. Mas, como Paulo se pusesse a discorrer sobre a justiça, a continência e o julgamento futuro, Félix ficou amedrontado e interrompeu: “Por agora, retira-te. Quando tiver mais tempo, mandarei chamar-te”. Ele esperava, além disso, que Paulo lhe desse dinheiro; por isso, mandava chamá-lo freqüentemente e conversava com ele. Passados dois anos, Félix teve como sucessor Pórcio Festo. Entretanto, querendo agradar aos judeus, Félix manteve Paulo encarcerado” (Atos 24.24-27).
Em Listra, Paulo foi apedrejado, arrastado para fora da cidade e, possivelmente, chegou a morrer; porém, pela intercessão dos discípulos, ele foi, magnificamente, curado e/ou ressuscitou dos mortos. Numa situação como esta, a maioria de nós acharia melhor se retirar para outro lugar, pois ali as coisas não estavam indo bem; entretanto, Paulo não viu a adversidade como um indicador de retirada, mas, como uma oportunidade de iniciativas ainda mais arrojadas.
Primeiro, Paulo voltou, corajosamente, para a cidade e, somente, no dia seguinte é que ele partiu para Derbe onde fez “muitos discípulos” (Atos 14.21). Depois, ele voltou, novamente, para Listra, e, então, seguiu para Icônio e Antioquia de Psídia, sempre exortando os discípulos desses lugares para “perseverarem na fé” (Atos 14.22,23). Somente, após pregar em Perga é que Paulo voltou para sua casa em Antioquia, na Síria.
Pois é, muitas vezes nosso trabalho não começa a dar frutos, a não ser que nós, como os grãos de trigo, venhamos a cair por terra e a morrer (João 12.24). Muitas vezes a adversidade deve ser vista por nós como uma luz verde para avançarmos, e não uma luz vermelha para pararmos. E o próprio Paulo acrescentou: “Apesar de maltratados e ultrajados em Filipos, como sabeis, ousamos, confiados em nosso Deus, pregar-vos o Evangelho de Deus em meio de muitas lutas” (1 Tessalonicenses 2.2). Portanto, novos sofrimentos requerem novas iniciativas.
Novos desafios, novas criatividades, novas lutas, novas e maiores são as grandes vitórias.
O valente desbravador de terras estranhas, o proclamador da poderosa Luz que liberta a mente das trevas, dos ídolos e da morte, o embaixador de Cristo afirma: “Mas em tudo isto somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou. Nada, absolutamente nada, pode nos separar do amor de Deus manifesto em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8.37-39).
Em suas confissões, Santo Agostinho disse: “O ser humano aprende do sofrimento, mas muito mais do amor”. Realmente, Paulo aprendeu com o sofrimento, mas muito mais com o amor a seu Mestre e Senhor.
De seu modo abissal, admiravelmente sentimental e esplendidamente magistral, ele diz: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte” (2 Coríntios 12.10)
Paulo fala do amor de uma maneira magnificamente bela e de uma opulência infinita: “O amor é paciente, não é interesseiro, não leva em conta o mal sofrido. Ele desculpa, tudo crê, espera tudo, suporta tudo. O amor jamais acabará. O amor está acima de tudo” (1 Coríntios 13.4-8,13)
SEGUIR SEU EXEMPLO
São Paulo Apóstolo exorta: “Sede meus imitadores, como eu mesmo o sou de Cristo. Toma por modelo as sãs palavras que de mim ouvistes, com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito, por meio do Espírito Santo que habita em nós” (1 Coríntios 11.1; 2 Timóteo 1.13,14).
Essa exortação sempre será atual. Mostra o rumo em direção a Jesus Cristo. Vivemos num mundo com tantas crises, violência sem limites, quebra de valores, com tantas religiões, seitas e heresias, ateísmo e cultura de morte, entretanto, São Paulo vivo está como modelo de herói da fé para aqueles que querem a verdade, a graça, a fé e amor de Cristo para sua vida.
Imitar Paulo é se comprometer com o projeto evangélico de Jesus.
Assim como Paulo que, corajosamente, anunciou a Boa Nova em meio a tantos perigos, também nós podemos abraçar esta causa como Igreja.
Esta é, sem dúvida, uma escalada penosa, mas não impossível. O Padre alemão e fundador obra internacional Schoenstatt José Kentenich fala da coragem de São Paulo, dizendo: “O alpinista para nós é São Paulo com sua atitude heróica de amor à cruz, que tudo vence. Realmente, ele tinha de suportar muito sofrimento por amor a Cristo. Sofreu grandes perseguições, foi oprimido pelos enigmas da vida e podia dizer de si: ‘longe de mim o gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo’”. (Livro de arquivo L.Q. – 1º volume).
CONCLUSÃO
Assim como São Paulo teve de Deus a sua grande chamada para anunciar a Boa Nova de Cristo, estejamos de coração aberto para fazer o mesmo.
O mundo está carente de amor, de paz, de justiça e de salvação e nós somos responsáveis de transmitir tudo isso em obediência à ordem de Cristo: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15).
A determinação, visão missionária e o exemplo de Paulo nos impulsionam e nos encorajam a fazer a obra com todas as nossas forças e oblação ao nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Escreve Paulo: “Irmãos bem-amados, sede firmes, inabaláveis, fazei incessantes progressos na obra do Senhor, cientes de que o vosso trabalho não é vã no Senhor” (1 Coríntios 15.58).
Pe. Inácio José do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
E-mail: [email protected]
FONTES:
Calendário Devocional Boa Semente de 2009.
Um Pão, Um Corpo, nº 54.
Dilexit Ecclesian, nº 77.