15.05.2009 - Um carro novo colocado num ambiente de paredes descascadas e pintura velha chama a atenção de quem entra na Igreja Nossa Senhora da Consolação, no centro de São Paulo. E não é para menos. O veículo está estacionado num local inusitado: dentro da igreja, entre os bancos, à espera do fiel ganhador da rifa. Cada bilhete custa R$ 10 e quem tiver o número sorteado levará o carro.
O objetivo dessa ação − conta o pároco, Pe. José de Assis Batista − é levantar fundos para a restauração da igreja, no ano de seu centenário. Pe. José quer ainda, que o local seja tombado.
"A rifa é um meio de envolver a comunidade" − explicou o pároco, de 48 anos. Ele tem um desafio grande pela frente e pouco tempo. O carro foi "emprestado" por uma concessionária e será devolvido em 90 dias, se a igreja não conseguir arrecadar os R$ 27.500 que ele vale. O sorteio será no dia 30 de agosto.
"É um desafio. Vamos torcer para a comunidade se empenhar” − disse Pe. José, há dois anos na Igreja Nossa Senhora da Consolação.
Em setembro próximo, a comunidade celebra um século da construção da igreja que, seja pelo desgaste sofrido nestes 100 anos seja por falhas na conservação, apresenta uma série de problemas: rachaduras no teto e pinturas desfiguradas ou desbotadas revelam onde o dinheiro da rifa será aplicado.
O custo das obras de restauração, incluindo todos os projetos e as reparações necessárias, foi estimado em R$ 8 a R$ 10 milhões. Para tentar obter parte dessa soma, Pe. José entrou, há um mês, com o pedido de tombamento da Igreja Nossa Senhora da Consolação junto ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp). "Esta igreja é um patrimônio da cidade. A reforma é um impulso para a comunidade e para o centro de São Paulo" – concluiu o sacerdote. (AF)
Fonte: Rádio Vaticano
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Enquanto isto...
Arquidiocese do Rio vai apurar destino de R$ 5 milhões; monsenhor fala em supérfluo e vaidade
14.05.2009 - O novo ecônomo da Arquidiocese do Rio, monsenhor Abílio Ferreira da Nova, 75, afirmou que vai apurar o uso dos R$ 5,15 milhões depositados pela prefeitura da cidade, em 31 de março, como pagamento de uma ação judicial. O dinheiro, diz ele, já foi todo gasto.
"Não sei se foi bem usado. Uma parte foi gasta com supérfluos e vaidades", disse o monsenhor, na sua sala no prédio da arquidiocese, na zona sul.
A reforma do seu escritório é um dos pontos que será apurado no trabalho. A sala ficou com teto de gesso, iluminação especial e móveis de luxo. O sofá mais barato custa R$ 17,2 mil, na loja em que foi comprado. O mais caro, R$ 21,3 mil. Os dois são de couro com enchimento de penas de ganso. Já as duas poltronas são vendidas por R$ 13,6 mil, cada uma, segundo reportagem do jornal "O Dia".
"Estou melhor que o presidente da República. Tenho escrúpulos e não sento nelas. Esse dinheiro tinha de ser usado no trabalho com os pobres", disse Nova, que substituiu o padre Edvino Steckel. Este é apontado pelo monsenhor como o responsável pelos gastos. A sala com os móveis caros era antes ocupada por Steckel.
Ele foi afastado do cargo de ecônomo depois de ter comprado um apartamento de luxo que serviria de residência no Rio para d. Eusébio Scheid, arcebispo emérito (aposentado). D. Eusébio foi o responsável pela nomeação de Edvino para o cargo, em 2008. O apartamento de cerca de 500 m2 é avaliado em R$ 2,2 milhões.
"O incrível é que ficamos sem dinheiro no caixa. Até para pagar os funcionários está difícil e vamos precisar de doações", disse Nova, acrescentando que deixou o cargo no início de 2008 com cerca de R$ 7 milhões na conta da arquidiocese.
O dinheiro e o depósito da prefeitura serviriam para a reforma de um prédio no centro do Rio, que pertence à arquidiocese --o aluguel das salas é sua maior fonte de renda.
Nova estuda até leiloar os móveis de sua sala para poder pagar os 200 funcionários. Segundo ele, a folha salarial é de cerca de R$ 400 mil mensais. Caso o estudo comprove desvio de recursos nas contas da arquidiocese, o caso poderá chegar ao Tribunal Eclesiástico.
Padre Steckel não foi encontrado ontem pela reportagem. O novo arcebispo, d. Orani João Tempesta, também se recusou a comentar o caso.
Fonte: Folha on line
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"Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro". (Lc 16,13)