Vaticano empresta R$ 1,4 mil a famílias atingidas por crise


12.05.2009 - Sob o nome de Empréstimo da Esperança, o Vaticano lançou um programa inédito na Igreja Católica para ajudar as famílias mais atingidas pela crise econômica que abala o mundo inteiro. Agora, as famílias que vivem na Itália poderão contar com não apenas as ações tradicionais de caridade, como distribuição de roupas e comida, mas também com dinheiro vivo, sob a forma de um empréstimo mensal de 500 euros (R$ 1.408) que pode durar até dois anos. O benefício, no entanto, deverá ser pago com juros de 4,5%.

O programa foi lançado na última quarta-feira pelo presidente da Confederação Episcopal Italiana (CEI), cardeal Bagnasco, e poderá beneficiar até 30 mil famílias, não necessariamente católicas. As únicas condições para poder receber o benefício são de o casal ter ao menos três filhos - ou um que porte algum tipo de deficiência -, o pai e a mãe serem oficialmente casados e estarem sem emprego.

"A crise ataca um número enorme de famílias, que entraram em uma fase crítica de miséria. Ela atinge não apenas famílias, mas pessoas sozinhas também. Nossos fundos de garantia são uma resposta concreta e um sinal de esperança para atravessar este momento", explicou Bagnasco, durante o lançamento do projeto.

O empréstimo vai ser viabilizado através da Associação dos Bancos Italianos (ABI), e o Vaticano espera que o grande ponto de partida do programa seja o próximo feriado de Pentecostes, no dia 31. A Igreja italiana crê poder arrecadar 30 milhões de euros em doações específicas para este fim durante as cerimônias de comemoração do feriado, que celebra a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, 50 dias após a morte de Jesus Cristo.

A partir de então, a expectativa da ABI é de que o dinheiro possa render e chegar à soma de 180 milhões de euros (R$ 507,2 milhões) em três anos, suficientes para auxiliar entre 20 e 30 mil famílias que residem na Itália. O dinheiro, porém, deverá começar a ser reembolsado à Igreja tão logo um dos adultos consiga uma nova fonte de renda, a uma taxa de juros de 4,5%, a metade da praticada pelo sistema bancário convencional do país. Os beneficiados têm até cinco anos para devolver, corrigido, o empréstimo recebido.

"É a primeira vez na História do catolicismo", comemorou o cardeal, em Roma, acrescentando que a iniciativa faz parte de planos antigos da Igreja católica que datam desde o papado de João Paulo II. A crise econômica acelerou os panos.

A idéia inicial do projeto era atingir o montante de 300 milhões de euros (R$ 845 milhões) em auxílio financeiro, e que a taxa de juros não passasse de 1% para o reembolso das mensalidades. No entanto, as negociações entre os banqueiros e a Igreja não conseguiram chegar a um resultado tão otimistas.

De qualquer forma, a iniciativa aparece em um bom momento para a Igreja, que acaba de enfrentar diversas polêmicas que enfraqueceram a sua imagem diante dos fiéis, como a condenação julgada pouco eficaz das idéias do bispo britânico Richard Williamson. No ano passado, Williamson questionou a existência das câmaras de gás nos campos de extermínio nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial.

Os candidatos ao empréstimo devem se inscrever na paróquia de suas localidades. São as paróquias que intermediarão o contato com os bancos participantes, entre eles o Unicred, o Intesa San Paolo e o Monte Paschi di Siena, e a resposta deverá sair em até três semanas. "Nós pensamos em um sistema que fosse absolutamente não-burocrático. Portanto, uma vez que as condições de empréstimo forem preenchidas e provadas, não deve haver maiores problemas para que tudo seja concluído rapidamente", disse à televisão francesa.

Redação Terra


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