Por Carlos Eduardo Maculan
Torturado ao extremo, vítima de toda espécie de lavagem cerebral, açoitado moralmente. O opositor ferrenho do comunismo, carregado nos braços pelo povo húngaro, lembrado em memória perpétua, honrou a púrpura cardinalícia até o fim da vida e se mostrou ao regime soviético dizendo: - Eu sou a Igreja! Ou seja, deixou claro que, se os seguidores de Marx queriam a ruína da Igreja, deveriam começar por arruinar o próprio Cardeal Primaz da Hungria. De moral incorrupta, assim como foi encontrado seu corpo, exumado em 1991, Josef Mindszenty encarna o amor pela Igreja e a manutenção da verdade católica acima da diplomacia inaugurada por membros de um clero moderno, que já nos tempos do Papa São Pio X começaram a mostrar suas garras ensanguentadas pelo sangue dos justos que sofreram com o protestantismo, o iluminismo e a revolução marxista.
Do que o século XX poderá se orgulhar? Não será com certeza do inundação liberal que conduziu à apostasia jurídica do socialismo, nem mesmo a apostasia reformista dos que inspiraram a fumaça infernal que tomou grande parte dos católicos. Não se orgulhará da ruptura com a Tradição e muito menos com as negociações com o regime soviético. Não irá se orgulhar de qualquer forma do ensurdecimento aos clamores celestiais dos quais foram testemunhas os Papas Pio XI e Pio XII e que foram negados de forma categórica - e aqui poderia usar outro adjetivo - por um mundo que assistiu dois Papas, usarem dos meios que dispunham às mãos, para ao menos dar aos povos a luz do chamamento de Fátima em Portugal, aos três pastorzinhos da Cova da Iria.
O século XX seria digno de sua parcela histórica se, ao menos, se lembrasse do que nele foi esquecido: o maior crime da humanidade foi a morte de Cristo, a maior corrupção moral experimentada na história humana é a revolução marxista e suas várias facetas, sejam elas radicais ou moderadas, ou ainda dizer, adocicadas para que o povo se deixe seduzir em doses homeopáticas do veneno soviético.
E mais, o século XX seria ligeiramente mais digno e menos vítima de si, caso se lembrasse daqueles que tombaram para que nem todos tombassem, entre eles figura o Cardeal Mindszenty. Duvidar da santidade que ele possuiu, é duvidar que o sol ilumina o dia quando as nuvens negras não se encontram encobrindo os horizontes. Penso comigo que a morte de Mindszenty seria uma daquelas mortes suficientemente significativas e tão devastadoras - se não fossem tais mortes um desígno do Divino Pai - que colocaria a humanidade inteira em perpétuo luto pelo espaço vazio que suas personalidades deixam na rota histórica rumo ao fim de todos os tempos.
Enfim, se os séculos futuros puderem - e poderão, pois é dogma da fé a vitória definitiva do Cordeiro de Deus - cantar hinos de louvores pelo fim do comunismo e seu veneno plantado em todo o mundo, com poucos ou quase nenhum país ainda não infectado, deveremos certamente lembrar de Josef Mindszenty nas estrofes entoadas.
Por tudo isso, e por muito mais: Exsurge Domine!
Fonte: http://atanasiano.blogspot.com/