07.05.2009 -A doutrina de Sto. Tomás sobre os fins da vida religiosa concorda com a mais sólida tradição cristã: foi elaborada à luz do Evangelho, segundo as normas dos Padres e Doutores da Igreja. Compraz-se o santo doutor em citar, principalmente, São Gregório Magno, que foi o mestre da vida espiritual, mais estimado, no Ocidente, até o século XII. Mas, Sto. Tomás não quis apenas recolher e transmitir a doutrina tradicional. A esse respeito, por primeiro na história ele fez obra de teólogo; elaborou e expôs a doutrina da vida religiosa segundo a natureza mesma de seus elementos constitutivos e dos seus fins. O seu tratado baseia-se nas noções exatas de perfeição cristã, de estado de perfeição, de conselho evangélico, de virtude e voto de religião.
Os princípios aplicados pelo doutor Angélico, longe de restringir, indevidamente, e conceito de vida religiosa e fixá-la em formas rígidas que poderiam impedir o desenvolvimento no seio da Igreja, garantem-lhe, visto como emanam da natureza mesma das coisas, a perseverança na pureza da sua essência de vida consagrada a Deus, e justificam ao mesmo tempo, as mais variadas formas de Institutos religiosos consagrados ao serviço do próximo.
Com efeito, a virtude da religião, segundo Sto. Tomás, pode levar ao cumprimento de todos os atos bons para a honra de Deus. E quando esta virtude, por inspiração da caridade, consagra a Deus a vida inteira pelos três votos de pobreza, obediência e castidade, pode aplicar o homem não só aos exercícios da vida contemplativa para ocupar-se sboente de Deus, mas também a todas as obras de beneficência a serviço do próximo.
Graças a este conceito preciso e compreensivo da vida religiosa, Sto. Tomás pode justificar, em seus tempos, a fundação de Ordens consagradas à vida ativa, e até à obra puramente temporal do serviço armado em defesa do povo cristão. De um modo bastante geral, Sto. Tomás escreve que não há obra de misericórdia, para cujo exercício não se possa fundar uma Ordem religiosa, ainda que até hoje não tenha sido fundada .
Todavia, em todo Instituto de vida ativa, seja qual for a sua forma, o estado religioso deve ser verdadeiramente tal, com o seu fim essencial de total “emancipação” ou consagração ao Senhor por amor dele. E isto requer em primeiro lugar para cada um de seus membros, a oferta a Deus da própria alma, por uma intenção de caridade contemplativa, da qual em seguida, procederão tôdas as formas de serviço ao próximo.
Hoje, enquanto em toda a Igreja, se manifesta o desejo dos homens, de um serviço sempre mais idôneo e eficaz por conseguinte, de uma atualização das Regras religiosas, Sto. Tomás nos ajuda a compreender que este movimento não conseguiria bons resultados, se o nosso trabalho consistisse apenas em buscar fórmulas e métodos com critérios exclusivamente temporais ou com a única preocupação de eficácia exterior.
Fonte: http://salterrae.org/