02.05.2009 - Por Everth Queiroz Oliveira
Saudações a vós, irmãos e irmãs em Cristo Jesus Nosso Senhor! Que a graça e a paz de Maria Santíssima, nossa Mãe e Rainha dos Céus e da Terra, estejam sempre conosco e que possamos firmemente, inspirados pela luz do Espírito Santo, promover o amor e a união por onde passarmos, anunciando o Evangelho de Jesus, aquele que nos liberta e conduz à vida eterna. Dessa forma, amemos a nossa Santa Igreja, o Corpo de Cristo, manifestado a nós por meio da Sagrada Eucaristia. Proclamemos ainda com mais fervor: Regina Caeli! Honras sejam dadas a Nossa Senhora, que intercede por nós junto a Deus e nos mantém firmes no caminho do bem.
A liturgia da Santa Missa de hoje – sábado antecedente ao IV Domingo da Páscoa – é interessante e muito bonita. Meditaremos o Santo Evangelho à luz da primeira leitura, que mostra o crescimento da Igreja e os milagres realizados pelos primeiros cristãos, cuja fé convertia muitos judeus e pagãos.
"Naquele tempo, muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. Mas entre vós há alguns que não crêem”. Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo. E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?” Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”. (Jo 6,60-69).
A mensagem cristã para nós nesse Evangelho necessita que voltemos ao livro de São João Evangelista, nesse capítulo 6. Quando os discípulos de Jesus disseram: essa palavra é dura, faz-se necessário pensar que palavras são essas. Quando lemos João 6, entendemos porque os discípulos de Jesus se escandalizaram. Jesus falava sobre o pão da vida. “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos” (Jo 6,53) – tal era o ensinamento de Cristo em Cafarnaum. Provavelmente perguntavam entre si: Como ele pode dizer que precisamos de comer sua carne e seu sangue para ter a vida? E inclusive o filme “A Paixão de Cristo” mostra que utilizaram essa fala de Jesus como forma de condená-lo por blasfêmia. Tudo isso porque as palavras de Jesus são duras. São palavras que ferem a nossa conduta, os nossos pensamentos e a nossa ‘razão’. Jesus quer trazer a nós uma realidade de fé. Só que o homem não quer crer. Porque é mais cômodo continuar do jeito que está, não mudar, não acreditar no “absurdo”, naquilo que, para os homens parece loucura, mas para o cristianismo é sinal de salvação. É a linguagem da cruz, do sofrimento, da dureza! Ser cristão não é mole. Ao contrário do que muitos pensam, a missão do cristão, a partir do momento em que ele realmente conhece a vontade de Deus, se torna uma verdadeira cruz.
Conhecer a Palavra de Deus é reviver todo o Calvário com Jesus Cristo, porque é estar pronto para a provação, para ser apedrejado, chicoteado, coroado de espinhos, e, enfim, pregado numa cruz. Porque é isso o que o mundo faz com Deus, com a fé, com a religião, com o que é bom: tentam exterminar. E por quê? Porque Jesus mexe na nossa ferida; mexe naquele lugar que eu não quero, fere minha individualidade. As palavras d’Ele são duras, são reais. Ele não minimiza o que Deus quer. Ele fala a verdade ‘nua e crua’. Por isso, muitos não aceitaram o que ele pregava.
Era mais fácil matar o Filho de Deus e acusá-lo de blasfêmia do que viver o que ele propunha a todos; mais cômodo. Mas Jesus vem hoje perguntar a cada um de nós: “Isso vos escandaliza?” Meu irmão, minha irmã, o segredo do catolicismo e do próprio cristianismo é que a nossa fé passa pela cruz. A cruz não é motivo de repulsa, de desprezo, de tristeza, mas de HONRA! Estamos morrendo pela Palavra de Deus. Isso é duro? É, mas é o sacrifício de vida eterna. Diz São Pedro: A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. As palavras de Cristo são duras, são pesadas, são verdadeiramente uma CRUZ. No entanto, ao mesmo tempo que ela faz sofrer, ela conduz à salvação porque não há salvação que não passe pelo fogo, pela dor, pelo sofrimento, pela tristeza, pela angústia; e Jesus chegou a suar sangue no horto das Oliveiras. É preciso, para irmos ao céu, crer firmemente que Jesus é o Santo de Deus e, ao mesmo tempo, aceitar essas palavras duras, que ferem o mais profundo da alma. Contudo, sabe-se que quando Jesus vem ferir é, ao mesmo tempo, para nos curar. É preciso aceitar essa cura. Só que antes dela tem a dor, tem a luta, a batalha.
“Entre vós há alguns que não crêem”. Encerramos essa pregação orando por todos aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não amam a Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, pedimos perdão a Deus por aqueles que não querem aceitar as duras palavras de Deus em suas vidas e não querem pô-las na prática. Que Maria Santíssima interceda a Deus por aqueles que ainda não conheceram os desígnios de Deus. Para que possam dizer o sim de Maria e proclamar: Sim, Senhor, tu tens palavras de vida eterna. Ele quer que ninguém se perca, mas, pelo contrário, quer ver a salvação em todos.
Graça e paz.
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/